"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

26 fevereiro 2011

Você cuida da espiritualidade do seu filho?


Como essa palavra “acontece” na sua casa?
Para praticar é preciso pertencer a alguma religião?
Existe conexão entre espiritualidade e cultura?

As expressões artísticas são um meio e tanto para mostrar essa conexão entre os seres: a emoção na cadeira do cinema, o espanto diante de uma tela de Claude Monet, a gargalhada diante do palhaço. O simples ato de colocar uma música para o outro ouvir é pura espiritualidade.

Imagine, então, o que de bom acontece à criança quando os pais são os condutores, quando a família é a referência.


“Nas conversas constantes, nos jogos e brincadeiras, nos passeios lúdicos e culturais, no criar momentos mágicos e fantasiosos: essa participação dos pais proporcionará segurança e afetividade para as crianças. E segurança e afetividade são variáveis importantes no desenvolvimento da espiritualidade”, diz o educador e pesquisador Hosaná Dantas.

Por isso, contar e ler histórias são atividades profundas para se praticar espiritualidade em casa. Primeiro, você está dedicando um tempo somente para essa atividade, um tempo exclusivo para estar com seu filho. Segundo, histórias são conexões diretas com os nossos sentimentos, para conversar em silêncio sobre assuntos muitas vezes difíceis de resolver.

“As raízes das histórias estão ligadas a mitos arcaicos, pois inicialmente essa era a forma das pessoas passarem seus saberes, valores, ensinamentos”, afirma a professora e contadora de histórias Rosane Pamplona, autora de diversos livros infantis com contos de tradição oral. Se contar histórias for por pura diversão, melhor ainda: olha lá você tornando a vida do seu filho mais engraçada! Tem poder melhor do que esse?


O poder das histórias é bem maior do que podemos imaginar e o repertório nem sempre precisa ser fantasioso. Experimente contar fatos sobre quando seu filho nasceu, ou quem foi seu melhor amigo na escola, ou como seus avós se conheceram. “Ao contar algo sobre nós ou nossa família, estamos fazendo em nós mesmos uma linha do tempo que liga o passado ao futuro”, diz Christine Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, que desenvolve práticas de sustentabilidade também por meio do incentivo à leitura. Isso dá sensação de pertencimento, de identidade, e conecta a família ao mesmo tempo em que mantém um hábito ancestral.

“Segunda-feira é o dia da leitura em casa. Meu irmão, minha mãe, eu e meu sobrinho, Felipe, de 10 anos, sentamos com nossos livros preferidos e cada um conta a sua história. Sempre tem alguma comida gostosa e esse é o nosso momento especial.”
(Martha Rios Guimarães, diretora da USE-SP (União das Sociedades Espíritas de São Paulo)

Espiritualidade também é treino.


Imagine se você pudesse fazer uma lista de afazeres para sua família, todas voltadas para a prática da espiritualidade. Aqui vão algumas sugestões, mas o ideal é que vocês adaptem conforme a dinâmica da sua rotina. Vale até se estiverem diante de algum conflito, que pode ser desde uma briga com um colega de escola, até uma dificuldade para seu filho entender por que deve economizar água.

Resoluções morais e éticas podem ser sugeridas pelas próprias crianças. “Poderiam ser propostas para todos os dias ou uma listinha semanal. O mais importante é acreditar na criança. Pergunte como ela pode transformar as suas ações de hoje em coisas boas. O melhor disso vai ser compartilhar, conversar”, diz Marcelo Cunha Bueno, diretor pedagógico da Escola Estilo de Aprender e colunista do site CRESCER.


“Meu pai, que não está mais aqui, amava passarinhos, principalmente o bem-te-vi. Quando ouço um e estou com a Isabele, minha filha de 4 anos, digo a ela: ‘Olha o vovô dizendo bom dia’. Acho importante que ela sinta a presença dele de alguma forma, que ela saiba de onde ela vem. Com a Camile, eu pratico espiritualidade quando ela chega em casa, depois de ter passado o dia todo fora, voltado da faculdade, e pergunto como foi o dia, trocamos histórias...“
(Christine Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, mãe de Isabele, 4 anos, e Camile, 20 anos )

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