"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

11 março 2011

Aos que se foram


Povoam os arquivos da nossa memória, as lembranças das pessoas que conosco conviveram em certas fases da vida e que hoje já não estão mais ao nosso lado ou, pelo menos, aqui por perto.

Há os que se distanciaram tragados pelo desencadear da história de cada um, levados pelas ideais, sonhos, projetos.

Há os que sumiram com as voltas que o mundo dá, foram morar em terras longínquas e com eles perdemos qualquer contato.

O que dizer dos que já esquecemos e daqueles que nunca esqueceram de nós? São os amigos de infância perdidos na névoa da idade. São, também, os inimigos velados, os desafetos, os antipáticos, os chatos, esses deletados pra nunca mais.

De repente, a saudade bate e nos lembramos de mais alguém. É aquele ser que foi amado e que o destino não nos permitiu a convivência mais duradoura.

Relembramos aquela paixão perdida nas brumas do passado e que, de vez em quando, teima em visitar nossos sonhos. Sonhos esses que nos trazem momentâneas e fugazes sensações do vigor da juventude e de paz. Sonhos que se vão sofregamente e nos deixam frustrados entre suspiros e ais.

A saudade nos assalta docemente ao contemplarmos as antigas fotografias, expressões para sempre congeladas no amarelado papel; ao ouvirmos aquela música inesquecível ou sentirmos novamente o perfume sensual e marcante de um encontro especial.


Habitam a memória ainda, e com lugares cativos, os nossos mortos queridos.

Reunidos e risonhos em algum lugar do éter de nossas reminiscências.

Engraçado como as lembranças primevas desses seres nos ligam a situações alegres do passado.

Vê-los com um sorriso largo estampado na face é a primeira impressão que nos vêm. Depois é que nos ataca a tristeza da perda, a certeza do irremediável, a consciência do inexorável, a insignificância da existência, o medo da morte…

As lembranças dos que se foram são como bóias de luz na escuridão de nossa própria contemplação.

São também marcas indeléveis na nossa história a nos lembrar que a vida é efêmera, urgente… inadiável.

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