"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

28 março 2011

Solidão


A maior solidão é a do ser que não ama.

A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.

Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno.

Ele é a angústia do mundo que o reflete.

Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

(Vinicius de Moraes)

Motivo


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

(Cecília Meireles)

27 março 2011

Dica de livro: "Diálogo com um Executor" - Rubens Saraceni


Um livro que mostra o caminho difícil e sofrido, que um Espírito Executor das Trevas percorre até voltar-se para a Luz.

Trata-se de uma psicografia ditada por uma entidade que até então servia unicamente na execução da Lei Maior, sintonizada nas vibrações de ódio e vingança, sem qualquer preocupação com as ações por ele desencadeadas.

Outro aspecto, que não é novo nos livros psicografados por Rubens Saraceni, é a crueza com que os sofrimentos humanos são apresentados.

Neste, como nos outros livros do autor, o despertar é dolorido e ocorre somente após um processo longo e penoso de esgotamento das emoções negativas.

Este pequeno livro nos leva a uma reflexão profunda a respeito de quem somos em nosso íntimo, quando conduzidos por nossas fantasias e nossas pequenas, ou grandes, perversões.

Não é um livro para ser lido de um só fôlego, pois o incômodo que sua leitura pode despertar, exigirá muitas vezes reflexões sobre como temos muito a aprender sobre o Outro Lado e quanto ainda temos que evoluir .

Recomendo!

Cecília Meireles



Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo.

(Serenata - Cecília Meireles)

O amor não tem portas


O amor não tem portas que possamos abrir e fechar, nem passagens secretas para um sótão onde possamos fazer férias dele. 

Toma conta de tudo em nós, envolve-nos como um lençol de tédio, sedoso, infindo. 

Ninguém fala deste tédio sublime, tão contrário à ação e à eficácia, imóvel inimigo do progresso do mundo. Só no trono do sonho, iluminado e funesto, o amor interessa. 

Prolongada, a vida torna-se demasiado curta e o amor ganha o ritmo da chuva que bate leve, levemente.

Nos habituamos a tratar os amores como eletrodomésticos: quando se escangalham, vamos ao supermercado comprar um novo, igualzinho ao que o outro era. Consertar? Não compensa: o arranjo sai caro, além de que nunca se sabe muito bem onde procurar a peça que falta.

Substituímos a eternidade pela repetição, e o mundo começou a tornar-se monótono como uma lição de solfejo.

Tememos a maior das vertigens, que é a da duração.

Mas no fim de cada sucesso há um cemitério como o de Julieta e Romeu, apenas com a diferença da aura, que é afinal tudo. As pessoas morrem cada vez mais velhas e cansadas de correr, e os seus cadáveres tensos soçobram de ridículo sobre a terra das suas efémeras conquistas.

(Inês Pedrosa, in "Nas Tuas Mãos")

26 março 2011

O Amor Perdido - Francis Hime


E agora amor, o que será da vida
Como inventar a minha arquitetura
Sem o teu céu acima do meu sol
Sem o teu sol acima do meu céu?
Não sobrevivo sem tua moldura
Não há cidade sem o teu abrigo
Não há mais mundo sem a tua sombra
Só me resta esse silêncio que me assombra
Que me assombra ? assombra
Não há mais perfeição, tudo é imperfeito
E toda eternidade que me resta
Não tem graça, não tem mais porquê
Na vida desprovida de você...

(Composição : Francis Hime/Geraldo carneiro)

23 março 2011

A importância do sorriso na casa espírita


Outro dia um amigo me confidenciou que estava muito preocupado com a ausência de sorrisos e calor humano no interior das instituições espíritas.

E que se nossa Doutrina é otimista, trazendo nova luz para a vida por que é que há tanta gente carrancuda dentro das instituições?

Não pude deixar de concordar com ele.

De fato, tenho percebido que muitas instituições, através de seus dirigentes e trabalhadores, à guisa de manter a seriedade doutrinária comprometem o seu bom humor, a simpatia, o calor humano, como se o mundo se resumisse às suas carrancas, ao sofrimento e ao pessimismo.

Não podemos esquecer que normalmente quem procura o centro espírita está com dificuldades, está desanimado, está sofrendo.

Se mantemos uma postura sisuda, com humor fechado, e sem a luz de um sorriso, devemos saber que temos a chance de estarmos contribuindo para influenciar negativamente aqueles que nos procuram, piorando a sua situação.

Talvez por um atavismo judaico-cristão associado com a idéia equivocada de que o sofrimento é enobrecedor e é sinal de evolução (o que está errado, evidentemente) é que esses irmãos e irmãs que preferem a carranca ao sorriso estejam agindo assim.


Que jamais faltem sorrisos nos centros espíritas, pois nada mais animador do que ser recebido com um sorriso e com calor humano. Pois nós não somos máquinas. Somos seres humanos, seres espirituais, tendo o compromisso de transformar o mundo para melhor.

Para que sombras em nosso rosto?

Não podemos esquecer que o abismo atrai o abismo e que sorrir sempre é a garantia de espalhar a paz e a alegria a contagiar aqueles que estão ao nosso redor, onde quer que seja.

E a casa espírita detém um papel de fundamental importância como irradiadora da luz, sendo nossa postura a lâmpada a propagar essa boa energia.

Se fechamos o nosso rosto, estaremos impedindo o fluxo dessa luz. Pois “cara” fechada não é sinal de evolução.

(Joaquim Ladislau Pires Júnior)


Fechar as portas


Desde as culturas mais remotas encontramos referências à influência exercida por seres invisíveis.

Na antiga Grécia eram os deuses que interferiam no destino humano, de acordo com seus humores e caprichos.
Na Idade Média consagrou-se a idéia do demônio, ser rebelado contra Deus, especializado em atazanar os homens, induzindo suas vítimas à perdição.

Sabemos hoje que os invisíveis são as almas dos mortos, homens desencarnados, que agem de conformidade com suas tendências e desejos.

O chamado plano espiritual é apenas uma proteção da crosta terrestre. Começa exatamente onde estamos. Boa parcela dos Espíritos aqui permanece, exercendo sobre nós ampla e insuspeita pressão psíquica.

Na questão 459, de ‘‘O Livro dos Espíritos’’, os mentores que assistiam Kardec nos fornecem a notícia de que essa influência é tão grande que não raro eles nos dirigem.

Algo para se pensar, não é mesmo, caro leitor?

Muitas pessoas, nos Centros Espíritas, são informadas de que seus problemas estão relacionados com a presença de inimigos espirituais que as assediam buscando desforra por passadas ofensas.

Em princípio está certo.

Problemas físicos e psíquicos que resistem aos recursos da Medicina podem originar- -se dessa influência, com a possibilidade de se tornarem crônicos, porquanto os médicos ignoram as causas. Cuidam precariamente dos efeitos.

Mas há um detalhe:

Nem sempre estamos às voltas com vingadores.

Nem sempre essa pressão envolve motivação passional.

São Espíritos presos à vida material, aos seus vícios e interesses.
Sofrem por isso um adensamento do corpo espiritual. Isto os leva a viver como se fossem encarnados, sentindo necessidades relacionadas com alimentação, abrigo, sexo, vícios...

Daí ligarem-se aos homens, nutrindo-se de seu magnetismo, e satisfazendo seus anseios nos domínios das sensações.

Esses ‘‘hóspedes’’ não intentam nos prejudicar.
A expressão mais correta seria explorar.
Exploram nosso psiquismo, servem-se dos fluidos densos que lhes possamos oferecer.

É uma associação perturbadora, porquanto nos sujeita aos seus desajustes. E nos exaure psiquicamente, já que eles agem como autênticas sanguessugas espirituais.

Durante seu apostolado houve freqüentes contatos de Jesus com tais Espíritos, chamados por seus contemporâneos imundos, impuros, maus...
Vezes inúmeras os afastou de suas vítimas, usando de sua irresistível força moral.
E o Mestre antecipava o conhecimento espírita, ao dizer, textualmente (Mateus, 12:43- -45):

Quando o Espírito impuro tem saído dum homem, anda por lugares áridos, procurando repouso; não o encontrando, diz: -Voltarei para minha casa, donde saí.
E, ao chegar, acha-a desocupada, varrida e adornada.
Então ele vai, e leva consigo mais estes Espíritos piores do que ele, e ali entram e habitam.
O último estado daquele homem fica sendo pior que o primeiro.

A casa a que se refere Jesus é a mente humana, habitada por nossos pensamentos.

A estrutura, organização e disposição dependem do morador - a vontade.
Uma casa escura - morador deprimido.
Uma casa abafada - morador pessimista.
Uma casa em desordem - morador confuso.
Uma casa iluminada - morador feliz.
Uma casa arejada - morador animado.
Uma casa bem arrumada - morador organizado.

Por que Espíritos desajustados nos envolvem e influenciam tão facilmente?

Podemos responder com a velha pergunta de algibeira:
Por que o cachorro entra na Igreja?
Ora, entra porque a porta está aberta!

Exatamente o que acontece com essas entidades.

Aproximam-se de nós, envolvem- nos, invadem nossa casa mental porque, segundo a expressão evangélica:
Está desocupada - vazia de ideais superiores, de motivação existencial.
Está varrida e adornada - atraente para os invasores, receptiva às suas sugestões.

A intervenção dos benfeitores desencarnados e os recursos mobilizados no Centro Espírita promovem seu afastamento.

Todavia, isso não é o bastante.

Fundamental que aprendamos a nos defender, que tenhamos cuidado, porquanto pode ser que eles resolvam voltar e venham acompanhados de outros iguais ou piores. O estrago será maior.
Necessário, portanto, fechar a porta, impedir seu acesso.

Na questão 469, de ‘‘O Livro dos Espíritos’’, Kardec pergunta aos mentores espirituais como podemos fazer isso.
A resposta é bastante elucidativa: ‘‘ Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança (...).’’

Quem se empenha em servir e tem certeza da proteção divina resguarda a casa mental contra malfeitores e desocupados do Além. Uma pergunta que deveríamos formular a nós mesmos:
Que tipo de gente recebemos em nossa casa mental?

Não é difícil definir.

Basta analisar como estamos, nossas emoções e sentimentos.
Talvez seja preciso despejar hóspedes indesejáveis e convidar outros mais recomendáveis, em favor de nossa paz.

(Richard Simonetti)

Fonte: Revista Reformador - 1997

22 março 2011

Fernando Pessoa


Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido.
Por isso toda a vitória é uma grosseria.
Os vencedores perdem sempre todas as qualidades de desalento com o presente que os levaram à luta que lhes deu a vitória.
Ficam satisfeitos, e satisfeito só pode estar aquele que se conforma, que não tem a mentalidade do vencedor.
Vence só quem nunca consegue.
(Fernando Pessoa)

21 março 2011

A Pulga


Entusiasmada com a revelação que lhe fora feita por um médium, a senhora informou a Chico Xavier:
– Recebi uma notícia maravilhosa!
– O que foi, minha irmã?
– Minha identidade nos tempos apostólicos!
– Beleza!
– Fui mártir. Estive no Circo Romano. Morri devorada por um leão!
Ante a admiração do médium,perguntou:
– E você Chico, já sabe quem foi?
– Ah! minha irmã, sei sim…
– E daí? Estou curiosa…
– Fui a pulga do leão.

O episódio, que nos fala da humildade e do bom humor de Chico, remete-nos a uma curiosa tendência, relativa às famosas revelações.
Geralmente o iluminado foi rei, rainha, estadista, cientista, artista famoso…
Sempre alguém importante, que se destacou em determinado setor de atividade.

Não se ouve falar de lixeiro, operário, camponês, homem do povo…
Detalhe relevante, nesse assunto, amigo leitor: considerando que os que se destacam na política, nas artes, na religião, constituem minoria, certamente há algo de equivocado nessas revelações que privilegiam todos os consulentes.

A experiência demonstra que são produzidas por médiuns ou Espíritos espertos, interessados em incensar a vaidade das pessoas, a fim de conquistar sua confiança e admiração.
Raros não sentem inflar o ego ante a informação de que foram figuras destacadas, em pretéritas existências.

Daí sua disposição em oferecer créditos de cega confiabilidade em favor desses “reveladores”.
Não é prudente, portanto, nem conveniente, estarmos devassando o passado à procura de títulos e honrarias.
Destaque-se que a simples estima por notícias dessa natureza é um atestado negativo.

Os Espíritos esclarecidos, que realmente ofereceram contribuições marcantes, aqueles que deixaram a Terra melhor do que a encontraram, não se interessam por glórias do passado.
Importa-lhes as realizações do presente, dando o melhor de si mesmos em favor do progresso e bem-estar da Humanidade.

Mesmo sem procurar por revelações, podemos ter uma ideia do que fomos, analisando nossas tendências, nossa maneira de ser.
Mas, é preciso cuidado para não interpretar de forma equivocada os sinais.

Alguns exemplos:

• Gostar de roupas elegantes e caras.
Suposição: Dama da realeza.
Realidade: Costureira de modista.

• Apreciar finas iguarias.
Suposição: Rico e refinado gourmet.
Realidade: Cozinheiro.

• Estimar a solidão.
Suposição: Filósofo.
Realidade: Solitário estágio no Umbral.

• Apreciar viagens.
Suposição: Desbravador de terras novas.
Realidade: Caixeiro-viajante.

• Amor à primeira vista.
Suposição: Reencontro com alma gêmea.
Realidade: Fantasia delirante.

Mais interessante deixar o terreno das suposições e encarar a realidade.
Se Chico se dizia a pulga do leão, é bem provável que tenhamos sido um Dipylidium caninum,
o verme da pulga.

(Richard Simonetti)

fonte: Revista Reformador - Janeiro 2006

Papa can you hear me?

20 março 2011

Ação dos Espíritos nos Fenomenos da Natureza


Os grandes fenômenos da Natureza, os que consideramos como perturbação dos elementos, tem um fim providencial.

Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus. Às vezes têm, como imediata razão de ser, o homem. 

Existem forças conscientes e inconscientes que atuam sobre a Natureza,sempre sob o comando dos Engenheiros siderais, co-criadores com Deus, que a tudo planejam e supervisionam.

Tudo, na Natureza, obedece a leis perfeitas, que o homem ainda não consegue desvendar apenas por meio de suas precárias faculdades racionais, ignorando que há um “princípio inteligente que preside os nossos destinos”.

Na maioria dos casos, entretanto, têm por único motivo o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da Natureza. 

Os Espíritos exercem ação sobre a matéria e são os agentes da vontade de Deus, alguns dentre eles exercem certa influência sobre os elementos para agitá-los, acalmar ou dirigir.

Dizem existir Espíritos que habitam o interior da Terra e presidem aos fenômenos geológicos. Ora, tais Espíritos não habitam positivamente a Terra. Presidem aos fenômenos e os dirigem de acordo com as atribuições que têm. Dia virá em que teremos a explicação de todos esses fenômenos e os compreenderemos melhor.

Os Espíritos que presidem aos fenômenos da Natureza, alguns, um dia, farão parte da categoria hominal, outros já foram encarnados como nós.

Esses Espíritos agem na hierarquia espírita conforme seja mais ou menos material, mais ou menos inteligente no papel que desempenhem. Uns mandam, outros executam. Os que executam coisas materiais são sempre de ordem inferior, assim entre os Espíritos, como entre os homens.

Na produção de certos fenômenos, das tempestades, por exemplo, elas não são obras de um só Espírito. Para produzirem esses fenômenos reúnem-se em massas inumeráveis.

Os Espíritos exercem ação nos fenômenos da Natureza; alguns operam com conhecimento de causa, usando do livre-arbítrio, outros apenas por efeito instintivo ou por irrefletido impulso.

Enquanto ensaiam para a vida, esses Espíritos antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre-arbítrio, atuam nesses fenômenos, os quais inconscientemente se constituem os agentes.

Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material.

Depois, poderão dirigir as do mundo moral. É assim que tudo serve e se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. 

Admirável lei de harmonia, que o nosso acanhado espírito ainda não consegue compreender em seu conjunto! 

fonte: Livro dos Espíritos

O que é Doutrinação?


A Doutrinação é a moderna técnica espírita de afastar os espíritos obsessores através do esclarecimento doutrinário.

Durante uma sessão de desobsessão, o doutrinador é aquele que exerce a função de reconhecer o perfil do espírito que se apresenta a ele, dialogar e escolher qual a melhor caminho para traze-lo para a Luz.

Essa técnica é moderna e foi criada e desenvolvida por Allan Kardec para substituir as práticas bárbaras do Exorcismo, largamente usada na Antigüidade, tanto na medicina como nas religiões, através de espancamentos diários ou expulsão por meio de preces e objetos sagrados.

A doutrinação espírita humanizou e cristianizou o tratamento das doenças mentais e psíquicas.
 

É importante frisar que para alguém ser um bom doutrinador não basta ter boa vontade.

Já afirmava Goethe que “não pode haver nada pior de que um indivíduo com grande dose de boa vontade mas sem discernimento de ação.”

Acontece que a pessoa de boa vontade, não sabendo desempenhar a função a contento, termina fazendo uma confusão terrível. Não é suficiente ter apenas boa vontade, mas saber desempenhar a função.

O médium doutrinador, que é também um indivíduo suscetível à influência dos Espíritos, pode desajustar-se no momento da doutrinação, passando a sintonizar com a Entidade comunicante e não com o seu Mentor e, ao perturbar-se, perde a boa direção mental ficando a dizer palavras a esmo.

Observa-se, às vezes, mesmo em reuniões sérias, que muitos companheiros excelentes, ao invés de serem objetivos, fazem verdadeiros discursos no atendimento aos Espíritos sofredores, referindo-se a detalhes que não têm nada com o problema do comunicante.



Não é necessário ser um técnico, um especialista, para desempenhar a função de doutrinador. Porém, é preciso ter bom senso.

Deste modo, quando o Espírito incorporar, cabe ao doutrinador acercar-se do médium e escutá-lo para avaliar o de que ele necessita.

Não é recomendável falar-se antes do comunicante procurando adivinhar aquilo que o aflige. A técnica ideal, portanto, é ouvir-se o que o Espírito tem a dizer, para depois orientá-lo, de acordo com o que ele diga, sempre num posicionamento de conselheiro e nunca de um discutidor. Procurar ser conciso, porque alguém em perturbação não entende muito do assunto que seu interlocutor está falando.

O obsessor e obsedado são tratados com amor e compreensão, como criaturas humanas e não como algoz satânico e vítima inocente. Ambos necessitam de esclarecimento evangélico para superarem os conflitos do passado.

A prática da doutrinação é uma arte em, que o bom doutrinador vai aprimorando na medida em que se esforça para domina-la.

Mesmo que o doutrinador seja vidente, não deve confiar apenas no que vê, pois há espíritos maus e inteligentes que podem simular aparências enganadoras, que a percepção psicológica apurada na prática facilmente desfará.

Alguns espíritas atuais pretendem suprimir a doutrinação, alegando que esta é realizada com mais eficiência pelos Espíritos bons no plano espiritual. Essa é uma prova de ignorância generalizada da Doutrina no próprio meio espírita, pois nela tudo se define em termos de relação e evolução.

A doutrinação existe em todos os planos, mas o trabalho mais rude e pesado é o que se processa em nosso mundo, onde os espíritos dos mundos imediatamente superiores vêm colaborar conosco, ajudar-nos e orientar-nos no trabalho doutrinário.

Só pode realmente doutrinar espíritos quem tiver amor e humildade. Mas é importante não confundirmos humildade com atitudes piegas, com melosidade.

Muitas vezes a doutrinação exige atitudes enérgicas, não ofensivas ou agressivas, mas firmes e imperiosas, tratando o obsessor com autoridade moral, a única autoridade que podemos ter sobre os espíritos inferiores.

Esses espíritos sentem a nossa autoridade e se submetem a ela, em virtude da força moral de que dispusemos. Essa autoridade só a conseguimos através de uma vivência digna no mundo, sendo sempre corretos em nossas intenções e em nossos atos, em todos os sentidos. 



17 março 2011

I will wait for you - Johnny Mathis


A razão porque dói tanto separarmo-nos é porque as nossas almas estão ligadas.
Talvez sempre tenham estado e sempre o fiquem.
Talvez tenhamos vivido milhares de vidas antes desta, e em cada uma nos tenhamos reencontrado. 
E talvez que em cada uma tenhamos sido separados pelos mesmos motivos. 
Isto significa que esta despedida é, ao mesmo tempo, um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio ao que virá.
Quando olho para ti vejo a tua beleza e graça, e sei que cresceram mais fortes com cada vida que viveste.
E sei que gastei todas as vidas antes desta à tua procura.
Não de alguém como tu, mas de ti, porque a tua alma e a minha têm que andar sempre juntas. 

E assim, por uma razão que nenhum de nós entende, fomos obrigados a dizer-nos adeus.
Adoraria dizer-te que tudo correrá bem para nós, e prometo fazer tudo o que puder para garantir que assim será.
Mas se nunca nos voltarmos a encontrar outra vez, e isto for verdadeiramente um adeus, sei que nos veremos ainda noutra vida.

Iremos encontrar-nos de novo, e talvez as estrelas tenham mudado, e nós não apenas nos amemos nesse tempo, mas por todos os tempos que tivemos antes.


Volta. Olha-me mais uma vez, dá-me só mais um abraço, beija-me por um segundo que seja. 
Sorri-me em toda a nossa cumplicidade, mostra-me de novo esse paraíso no teu olhar. 
Enfeitiça-me ainda com esse perfume só teu, queima-me com os arrepios do teu toque. 
Faz-me rir, faz-me chorar, faz-me querer partir e não ir. Agarra-me, só para me largares no instante seguinte. 

Ri-te, chora - mas ri-te e chora comigo. Traz-me de novo sonhos pintados no céu, dá-me só mais uma vez a lua daquela noite, regressa para um único amanhecer apenas.
Odeia-me, ama-me; permite-me amar-te, odiar-te, sentir todo um turbilhão demente de emoções. Ignora-me, ouve-me, desaparece e chama-me. Traz-me essa tua voz tímida só mais uma vez. Esquece-me, não me ames... mas volta. Volta.

(Nicholas Sparks)

Comunicação com o mundo invisível


Serão possíveis as comunicações entre as almas e os
homens?

A experiência demonstrou tal possibilidade.

A idéia falsa que se tem do estado da alma após a morte é que faz brotar, na mente de muitos, a dúvida sobre a possibilidade das comunicações de além-túmulo. 

Imaginam a alma como um sopro, um vapor ou uma coisa vaga, só admissível ao pensamento e que se evapora e se esvai, não se sabe para onde, mas, talvez, para tão longe que não possam voltar à Terra.

Vivendo o mundo visível junto ao mundo invisível, em permanente contacto, origina-se uma contínua reação de um sobre o outro. 

Desde que existiram homens, também existiram Espíritos e se estes podem manifestar-se, devem tê-lo feito em todos os tempos e entre todos os povos.

Entretanto, as manifestações dos Espíritos tiveram enorme desenvolvimento nos últimos tempos e adquiriram maior autenticidade, porque estava nos desígnios de Deus pôr termo à incredulidade e ao materialismo, por meio de provas evidentes, permitindo aos que deixaram a Terra que viessem demonstrara sua existência, revelando-nos a sua situação feliz ou infeliz.

As relações entre o mundo visível e o invisível podem ser ocultas ou patentes, espontâneas ou provocadas. 
Atuam os Espíritos de modo oculto sobre os homens, sugerindo-lhes idéias, e os influenciando de modo acintoso, por meio de efeitos registrados pelos sentidos.

Os Espíritos podem manifestar-se por várias maneiras: pela visão, pela audição, pelo tato, fazendo ruídos ou movimentos de corpos, pela escrita, pelo desenho, pela música, etc..

Às vezes se manifestam espontaneamente, por meio de pancadas e ruídos. É o meio que muito freqüentemente empregam para indicar a sua presença e chamar a atenção, como nós fazemos ao bater em uma porta, para dar aviso de nossa presença.

Alguns não se limitam a ruídos leves: fazem um ruído intenso semelhante à de uma louça que cai e se parte em pedaços, de portas que se abrem e se fecham com estrondo, de móveis atirados ao chão; chegam, até, a produzir grande perturbação e verdadeiros estragos.

Em alguns casos pode o Espírito sofrer uma espécie de modificação molecular, assim se tornando visível e, até, tangível, palpável. 
É assim que se produzem as aparições. Quando tornam-se visíveis, quase sempre os Espíritos se apresentam com a aparência que tinham em vida, tornando-se, assim, reconhecíveis.

A visão permanente e geral dos Espíritos é muito rara; mas as aparições isoladas são bastante freqüentes, sobretudo no momento da morte. 
Quando deixa o corpo, parece que o Espírito tem pressa de rever parentes e amigos, como que para avisa-los de que não mais está na Terra, mas que ainda vive.

Se recordarmos com atenção, verificaremos quantos casos verídicos semelhantes ocorreram conosco, sem que soubéssemos explicar adequadamente – e não só à noite, durante o sono; mas de dia, na mais perfeita vigília.

Antigamente esses fatos eram tidos como sobrenaturais e atribuídos à magia e à feitiçaria.
Hoje os incrédulos os consideram como produtos da imaginação. Mas desde que a ciência espírita nos deu os elementos para os explicar, ficamos sabendo como eles se produzem e, ainda, que pertencem à classe dos fenômenos naturais.

Podem ainda os Espíritos agir sobre a matéria inerte, produzindo ruídos, movendo mesas e levantando, derrubando ou transportando outros objetos.

Tal fenômeno nada tem de surpreendente, desde que se considere que a energia de nossos mais poderosos motores saem dos fluidos mais rarefeitos e até dos imponderáveis, como o ar, o vapor e a eletricidade.

É também por meio do perispírito que o Espírito faz que os médiuns falem, escrevam ou desenhem. 
Desde que não tem corpo tangível para agir ostensivamente, quando quer manifestar-se, serve-se o Espírito do corpo do médium, de cujos órgãos se apossa, movendo-os como se fossem seus.

Por ocasião dessas comunicações o Espírito não está na mesa que se move, mas a seu lado, como aconteceria se estivesse vivo. Aí seria visto, se então pudesse tornar-se visível.

O mesmo acontece nas comunicações escritas: o Espírito coloca-
se ao lado do médium, dirige-lhe a mão ou lhe transmite o seu
pensamento por meio de uma corrente fluídica.

Nas batidas que se ouvem na mesa ou em outros objetos,
não é o Espírito quem bate com a mão, ou com qualquer objeto: ele
lança um jato de fluido no ponto de onde vem o ruído e produz o
efeito de um choque elétrico, modificando os sons, do mesmo
modo que podem modificar-se os que se ouvem no ar.

É fácil, portanto, compreender-se como o Espírito pode erguer uma
pessoa no ar, levantar um móvel qualquer e transportar um objeto
de um lugar para outro, ou atirá-lo onde quiser. Tais fenômenos são regidos por uma mesma lei.

As comunicações obtidas dos Espíritos podem ser boas ou más, exatas ou falsas, profundas ou frívolas, conforme a natureza
dos Espíritos que as transmitem. 

Pela linguagem se conhece a qualidade dos Espíritos. 

A dos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre,
lógica e isenta de contradições; transparece sabedoria, benevolência, modéstia e a mais pura moral; é concisa e sem palavras inúteis. 
Os bons espíritos jamais ordenam: não se impõem, aconselham e, se não são escutados, se retiram.

A linguagem dos espíritos inferiores ou vulgares tem sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que indique vaidade, baixeza, presunção, arrogância, fanfarrice, mau humor, é indício característico de inferioridade, ou de fraude se o espírito se apresenta sob um nome respeitável e venerado.

Quando entramos em comunicação com os Espíritos devemos
estar calmos e concentrados; nunca perder de vista que eles
são as almas dos homens e que é inconveniente transformar o
trabalho num brinquedo ou num pretexto para um divertimento. 

Se respeitamos os seus restos mortais, mais ainda devemos respeitar
as almas que os animaram.

Outro ponto importante: é que os Espíritos são livres. Só se comunicam quando querem, com quem lhes convém e quando os seus afazeres o permitem. Não estão às ordens ou à mercê dos caprichos de quem quer que seja; e ninguém poderá obrigá-los a vir quando não quiserem ou a revelar aquilo que não desejarem. 

Para nos comunicarmos com os Espíritos não há dias, nem lugares, nem horas mais propícios que outros. Para os evocar não há formas
sacramentais ou cabalísticas; não há necessidade de qualquer preparação ou iniciação; o emprego de qualquer sinal ou qualquer
objeto material, visando atraí-los ou os repelir; pois nenhum efeito produzem: basta o pensamento

Enfim, a finalidade das manifestações espíritas é convencer
os incrédulos de que nem tudo se acaba com a vida terrena e
dar aos que acreditam uma idéia mais justa do futuro. 


(Fonte: O Principiante Espírita – Allan Kardec ; Ed. Pensamento)





16 março 2011

Deus e Emmanuel


Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta.
(Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)

Deus e Albert Einstein


Eu quero saber como Deus criou este mundo. Eu não estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero saber os pensamentos dele; o resto são detalhes.
(Albert Einstein)

Medo de ver Espíritos



Pessoas que às vezes vêem Espíritos são muito comuns.

E tão mais comuns, são pessoas que se apavoram diante da simples possibilidade de ver um Espírito.

Isto ocorre, primeiro, porque quase sempre se imagina um Espírito mau ou uma intenção má, por trás destes fenômenos, o que na maioria das vezes não corresponde à realidade.

Há grandes possibilidades de se tratar de um parente desencarnado, de alguém infeliz ou sofredor, de alguém que queira apenas falar conosco, ou de alguém querendo nos dar provas da realidade espiritual e da continuidade da vida após a morte do corpo físico.

Em segundo lugar, o medo nasce do fato de atribuirmos a estes seres um poder que eles, de fato, não têm.

Sem dúvida, é nossa ignorância - e o temor, conseqüentemente - que nos colocam à mercê deles. Afinal, autoridade real sobre nós, só Deus e os Espíritos superiores a nós podem ter, e os Espírito Superiores jamais desejarão nosso mal.

Além disso, mesmo que os Espíritos sejam inferiores e tenham o desejo de nos prejudicar, não irão fazê-lo, a não ser que sintonizemos com seus propósitos inferiores, acolhendo seus pensamentos e assimilando seus fluidos.

Quando nos resguardamos no ambiente da prece, dos bons pensamentos e da prática do bem, nós nos subtraímos à sua influência e saímos de sua esfera de atuação.

Agora: o medo excessivo é uma janela aberta a alguns Espíritos brincalhões, que se divertem assustando pessoas.

Se isto vem ocorrendo com você, experimente ignorar suas tentativas, confiando sempre na Providência de Deus e em seu anjo guardião, e verá que eles terminarão por desistir.

E se você tem visto ou ouvido Espíritos com freqüência, e não sabe como lidar com isto, o melhor a fazer é procurar um bom curso ou grupo de estudos, numa casa espírita séria.

Descobrir que você não está só, pôr pra fora seus receios e suas dúvidas, pode ser muito reconfortante. Consulte os responsáveis a respeito da conveniência, ou não, de participar de reuniões de experimentação mediúnica.

Livro: Força Interior - Rita Foelker

Aqui é um Centro Espírita?


Aqui é um Centro Espírita?

Paulo silenciou por alguns instantes. 

A pergunta, que sempre tivera uma resposta automática, agora o levava a profundas reflexões. Aquelas paredes, as reuniões e todas aquelas pessoas que vinham em busca de auxílio...

Lembrou-se de como tudo começara. 
Fora a vontade de ajudar uma senhora, carinhosamente chamada de Naná por todos que a conheciam, já idosa e de cabelos brancos, portadora de interessantes dons mediúnicos, que o levou a reunir um grupo de amigos, alugar uma casa e iniciar um trabalho mais organizado de ajuda aos que vinham buscar, naqueles dons, lenitivo para suas dores.

E eram muitos os que chegavam e que ajudados partiam, voltando outras vezes com outros pedidos ou com amigos também desesperados. 

Muitos, multidões. 

Esses mesmos é que chamaram o lugar de Centro Espírita. Talvez, porque acontecesse o aconselhamento aos desesperados, por Espíritos que falavam com os recursos de Dona Naná, ou por causa da água que depois da prece parecia curar as dores de alguns, ou mesmo da paz que todos levavam de volta a seus lares quando partiam...

Mas, cismava Paulo, seria ali um Centro Espírita?

De início, ele sempre sorria e afirmava confiante que ali era o Centro Espírita da Dona Naná. 

Aceitara sem questionar a afirmação, até que lhe perguntaram o que significava a palavra "espírita"? 

Percebendo sua ignorância, e como era um dos responsáveis pelo lugar, saiu à procura do conhecimento. Então descobriu Kardec, a Codificação e se pôs a estudar e a refletir... 

Percebeu que os fenômenos mediúnicos aconteciam desde há muito tempo e em diversas escolas religiosas.

Exemplos claros de mediunismo se percebem nos cultos afro-brasileiros, na manifestação do "espírito santo" que cura nos cultos evangélicos, assim como estiveram presentes nas pitonisas e adivinhos nas religiões do passado.

O fato de ser uma casa onde se manifestam os Espíritos, portanto, não bastaria para que o local fosse denominado ou credenciado como "Centro Espírita". 

Outros locais também prestavam socorro aos necessitados. 
Sem conotações religiosas, muitos homens de boa vontade se organizam na prática da solidariedade, objetivando minimizar o sofrimento humano.

São tantas outras "casas e centros" não religiosos que reequilibram socialmente as pessoas que batem às suas portas, em busca de apoio e orientação, e que trabalham para uma vida social mais justa e harmoniosa. 

Tão só ministrar essa ajuda solidária não caracteriza uma casa como Centro Espírita, mesmo que um "bom Espírito" esteja na orientação dessas atividades caridosas.

Paulo compreendeu que nem mesmo a junção das duas características acima seriam suficientes para caracterizar corretamente o Centro Espírita.

Recordou que as palavras Espiritismo e espírita (ou ainda espiritista) só passaram a figurar dos dicionários a partir do instante em que Allan Kardec criou esses termos para designar a Doutrina que codificara e os seus seguidores.

O senso comum, presente no povo, a tudo dava uma feição generalizada e simplória. Mas os dirigentes e semeadores da Terceira Revelação - percebeu Paulo - não podem equivocar-se quanto aos princípios e os postulados básicos dessa Doutrina, pois serão cegos a conduzir outros cegos!

O papel do Centro Espírita transcende o auxílio material e o serviço solidário.

Em primeiro lugar, é escola da alma. 

No Centro Espírita compreendemos o significado da existência, o porquê das vicissitudes que enfrentamos em nossa jornada terrena.

Nele, bebemos as lições que o Espírito de Verdade veio trazer à Terra, revelando uma nova visão de Deus e ensejando o entendimento ampliado das leis que regem a vida em todos os cantos do universo.

Antes do conforto material dispensado ao carente, antes da cura de uma enfermidade, o Centro Espírita é caminho para o entendimento do Evangelho de Jesus. É o ponto de luz, o farol a clarear o caminho escuro de quem procura a Verdade.

Aí reside sua maior finalidade: educar o ser humano, no sentido mais profundo do termo, para ultrapassar os limites temporais da existência corpórea e enxergar-se como Espírito imortal, viajante no tempo, herdeiro de suas ações e construtor do seu amanhã.

Tem o Centro Espírita, por missão, libertar a criatura dos condicionamentos psicológicos a que foi acorrentada, durante séculos, pelas igrejas dogmáticas, que tanto medo infundiram nas massas com um Deus impiedoso ameaçando as consciências culpadas com as labaredas do fogo eterno...

O Centro Espírita, que educa o ser, constrói a consciência, fortalece a vontade para o bom combate. Falamos da luta travada contra as próprias imperfeições, a luta contra o orgulho e o egoísmo.

Para que um Centro possa ser verdadeiramente Espírita, será preciso, portanto, que assuma primeiramente esse papel de condutor de almas.

Do contrário, poderá reduzir-se a um posto distribuidor de víveres ou fornecedor de passes, água energizada, aconselhamentos e paparicos, correndo assim mesmo o risco de ouvir as queixas da ingratidão.

Ensinemos, por isso, aos que mendigam a luz, o caminho do autoconhecimento e da transformação moral. 

Ao pão do corpo, acrescentemos o alimento para a alma, que está no Evangelho de Jesus, desdobrado no conhecimento espírita. E, em vez do passe compulsório, apontemos o serviço da caridade, em favor de si mesmo e do semelhante.

Agindo assim, poderá o dirigente responder com segurança à indagação, dizendo: - Sim, aqui é um Centro Espírita.

(David Bianchini)