"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

15 março 2012

Obrigada à vida



 
Obrigada à vida
que me deu tanto
Deu-me dois olhos
que quando os abro
perfeito distingo
o preto do branco
no alto céu seu fundo estrelado
e nas multidões o homem que eu amo.

Obrigada à vida
que me deu tanto
Deu-me o ouvido
que em toda sua extensão
grava noite e dia
grilos e canários
martelos, turbinas, latidos, chuvaradas
e a voz tão terna do meu bem amado

Obrigada à vida
que me deu tanto deu-me o som
e o abecedário
com ele as palavras
que penso e declaro
“mãe, amigo, irmão”
e a luz, iluminando
o rumo da alma do que estou amando

Obrigada à vida
que me deu tanto
Deu-me a marcha
dos meus pés cansados
com eles andei
cidades e charcos
praias e desertos, montanhas e planos
tua casa, tua rua e teu pátio.

Obrigada à vida
que me deu tanto
Deu-me o coração
que agita seu marco
quando olho o fruto
do cérebro humano
quando olho o bom tão longe do mal
quando olho o fundo de teus olhos claros

Obrigada à vida
que me deu tanto
Deu-me a risada
e deu-me o pranto
assim distingo
felicidade de fraqueza
os dois materiais que formam meu canto
o canto de todos que é o mesmo canto
o canto de todos que é meu próprio canto.

(Violeta Parra - tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

* * *

Gracias a la vida

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
me dio dos luceros que, cuando los abro,
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado,
y en las multitudes, al hombre que yo amo.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
me ha dado el cielo, que en todo su ancho
graba noche y día grillos y canarios,
martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
me ha dado el sonido y el abecedario,
con él las palabras que pienso y declaro,
madre, amigo, hermano, y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
me ha dado la marcha de mis pies cansados,
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desertos, montañas y llanos,
y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
me dio el corazón que agita su mano,
cuando miro el fruto del cerebro humano,
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
así yo distingo dicha de quebranto,
los dos materiales que forman mi canto,
y el canto de todos que es mi propio canto.

(Violeta Parra)



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