"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

30 abril 2012

Os animais são nossos irmãos



Os animais são os irmãos inferiores dos homens. 
Eles também, como nós, vem de longe, através de lutas incessantes e redentoras, e são, como nós, candidatos a uma posição brilhante na espiritualidade. 
Não é em vão que sofrem nas fainas benditas da dedicação e da renúncia, em favor do progresso dos homens.
(Emmanuel)

* * *

Abaixo um excelente texto sobre este tema, que merece ser lido com atenção...

* * *

Cremos desnecessário falarmos dos nutrientes provenientes da alimentação carnívora, pois que a natureza oferece uma alimentação de melhor qualidade, sem que seja necessário cometermos tantos abusos contra animais indefesos.

Alias, é bom mostrarmos algumas trechos do Livro "Missionários da Luz" ditado pôr André Luiz e psicografado pôr Chico Xavier, pois elas nos mostrarão um lado da história que talvez bem poucos tenham conhecimento...

Diz o instrutor Alexandre no capítulo IV, página 41, evocando a sua última existência física:

A pretexto de buscar recursos protéicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis .
Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos.
Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a Obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração milenária e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar, com a máxima eficiência.
O suíno comum era localizado pôr nós, em regime de ceva, e o pobre animal muita vez à custa de resíduos, devia criar para nosso uso certas reservas de gordura, até que os prostrasse, de todo, ao peso de banhas doentias e abundantes.
Colocávamos gansos nas engordadeiras para que hipertrofiassem o fígado, de modo a obtermos pastas substanciosas destinadas a quitutes que ficaram famosos, despreocupados das faltas cometidas com a supostas vantagens de enriquecer os valores culinários.
Em nada nos doía o quadro comovente das vacas-mãe, em direção ao matadouro, para que nossas panelas transpirassem agradavelmente.
Encarecíamos, com toda a responsabilidade da Ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos protéicos ao organismo, sem recorrer as indústria da morte.
Esquecíamos de que o aumento dos laticínios , para enriquecimento da alimentação, constitui elevada tarefa, porque tempos virão, para a humanidade terrestre, em que o estábulo, como o lar, será também sagrado.

Adiante, à página 42 da mesma obra:

Os seres inferiores e necessitados do planeta não nos encaram como superiores generosos e inteligentes, mas como verdugos cruéis.
Confiam na tempestade furiosa que perturba as forças da natureza, mas fogem, desesperados, à aproximação do homem de qualquer condição, excetuando-se os animais domésticos que, pôr confiar em nossas palavras e atitudes, aceitam o cutelo no matadouro, quase sempre com lágrimas de aflição, incapazes de discernir com o raciocínio embrionário onde começa a nossa perversidade e onde termina a nossa compreensão.

Na página 135, encontramos um quadro "Dantesco": diante do quadro estarrecedor do matadouro, onde se processava a matança dos bovinos, o autor descreve a turba de espíritos famintos que, em lastimáveis condições, se atiravam desesperados aos borbotões de sangue vivo, tentando obter o tónus vital que lhes favorecesse um contato mais nítido com o mundo físico.

Diz André Luiz, reproduzindo a palavra do mentor:

Estes infelizes irmãos que não nos podem ver, pela deplorável situação de embrutecimento e inferioridade, estão sugando as forças do plasma sangüíneo dos animais. São famintos que causam piedade.

A cena identifica mais uma das funestas realidades que se produzem devido a matança do animal, pois as almas ainda escravas das sensações inferiores que perambulam no espaço sem objetivos superiores, encontram nos lugares onde se derrama em profusão o sangue do animal os meios de que precisam para consolidar as perseguições e incentivar o desregramentos humano.

O autor em questão transcreve, em seguida, novo dialogo com o seu interlocutor desencarnado na página 136:

Por que tamanha sensação de pavor, meu amigo ?
Saia de si mesmo, quebre a concha da interpretação pessoal e venha para o campo largo da justificativa.
Não visitávamos nós ambos, na esfera da Crosta, os açougues mais diversos?
Lembro-me de que em meu antigo lar terrestre havia sempre grande contentamento familiar pela matança dos porcos. A carcaça de carne e gordura significava abundância da cozinha e conforto do estômago.
Com o mesmo direito, acercam-se os desencarnados, tão inferiores quanto já o fomos, dos animais mortos cujo sangue fumegante lhes oferece vigorosos elementos vitais.

Ficou demonstrado, nessa obra mediúnica, de confiança, que o vício da alimentação carnívora é sinal de inferioridade espiritual; a ingestão de vísceras cadavéricas e a conseqüente adesão ao progresso dos matadouros mantém a fonte que ainda sustenta a vitalidade dos obsessores e dos agentes das trevas sobre a humanidade terrestre.

O homem paga, diariamente, com a multiplicidade de doenças, incômodos e conseqüências funestas em seu lar , a incúria espiritual de ainda devorar os restos mortais do animal criado pôr Deus e destinado a fins úteis.

Sugerimos a leitura completa dessa obra que trata mais desse assunto e que não podemos transcrever aqui agora, além de outros assuntos interessantes...

Emmanuel, o mentor do médium Chico Xavier, em comunicação aludindo ao aparecimento e evolução do homem assim se manifesta:

"Os animais são os irmãos inferiores dos homens. Eles também, como nós, vem de longe, através de lutas incessantes e redentoras, e são, como nós, candidatos a uma posição brilhante na espiritualidade. Não é em vão que sofrem nas fainas benditas da dedicação e da renúncia, em favor do progresso dos homens"

Evidencia-se, portanto, através dessas declarações de espíritos credenciados no labor mediúnico espírita e de nossa confiança, que muito grave é a responsabilidade dos espíritas no tocante a alimentação carnívora.

De modo algum ser-nos-á tolerada pela Lei da Vida, da qual não podemos alegar desconhecimento, qualquer desculpa posterior, que nos suavize a culpa de trucidarmos o nosso irmão menor.

É a própria bibliografia espírita, que nos notifica de tais deveres e acentua a urgente necessidade do vegetarianismo. Já dissemos antes, que a humanidade superior não aprova o macabro banquete de vísceras cadavéricas.

Lembramo-nos o conceito sensato de Allan Kardec, de que " a natureza espiritual deve predominar sobre a natureza animal" . E disso podemos ter a comprovação através das próprias obras mediúnicas que afirmamos serem de confiança.

O conceito ao pé da letra, de que "a carne alimenta a carne" esta desmentido pelo fato de que o boi, o camelo, o cavalo e o elefante, como espécie vigorosas e duradouras, são avessos à carne e não se ressentem da falta das famosas proteínas provindas das vísceras animais.

Quanto a afirmativa de que "o homem deve alimentar-se conforme reclame a sua organização", não há dúvida alguma, pois enquanto a organização bestial de um Nero pedia fartura de carne fumegante, Jesus se contentava com um bolo de mel e um pouco de caldo de cereja.

Assim como não haveria nenhum proveito espiritual para Nero, se ele deixasse de comer carne, de modo algum Gandhi careceria mais do que um copo de leite de cabra, para sua alimentação...

Afirma o professor Radoux, o cientista de Lausanne:


"É um preconceito acreditar que a carne nutre a carne. O regime da carne e do sangue é, pelo contrário, nocivo à beleza das formas, ao viço da tez, à frescura da pele, ao aveludado e brilho dos cabelos.
Os comedores de carne são mais acessíveis que os vegetarianos às influências epidêmicas e contagiosas; os miasmas mórbidos e o vírus encontram um terreno maravilhosamente preparado para o seu desenvolvimento nos corpos saturados de humores e de substâncias mal elaboradas, nocivas ou já meio fermentadas e em decomposição".


Em síntese, a alimentação vegetariana é superior a qualquer regime carnívoro, uma vez que os hidratos de carbono predominam nos vegetais e constituem-se em uma ótima fonte de energia para o bom funcionamento dos músculos, principalmente com o uso de batatas e cereais, ou frutos doces, como a ameixa, uva, figo, pêra, cana-de-açúcar, caqui, melancia e passas...

A natureza é um apoio constante: o ferro para ser absorvido pelo organismo humano, necessita do apoio da vitamina C; o cálcio deve ter o apoio da vitamina D; para evoluirmos, necessitamos do apoio constante dos nossos irmão menores (as células) e vice e versa.

Façamos a nossa parte e peçamos a Jesus que nos oriente para alcançarmos o objetivo final...

(Oliver)



Sinais



Cada acontecimento importante que temos de viver é geralmente precedido de sinais anunciadores.

Só que, como nós não conhecemos a linguagem da natureza, não sabemos ler as mensagens que nos são trazidas pelos quatros elementos, pelas plantas, pelos animais, pelos humanos ou por certos sonhos.

Qualquer acontecimento é precedido por certos indícios, exatamente como aqueles que a ciência, com o auxílio de aparelhos, consegue detectar antes dos tremores de terra, das erupções vulcânicas, dos ciclones, dos maremotos.

O universo representa uma unidade e, portanto, existem ligações, comunicações, entre todos os elementos que o compõem, exatamente como no nosso corpo físico, no qual o estado de um órgão tem repercussões em todos os outros.

Por isso, quando se dá um acontecimento algures no mundo, as vibrações emitidas por esse acontecimento propagam-se através do espaço e são percebidas por certos seres que podem captá-las e que, portanto, são avisados em primeiro lugar.

E, para a nossa vida interior, nós também recebemos avisos.

(Omraam Mikhaël Aïvanhov)

Os Anjos na visão espírita



Os anjos são um dos temas do momento. 

Livros sobre anjos ganharam espaço entre os mais vendidos pelas livrarias.

É positivo que as pessoas se voltem para esses amigos espirituais.

De fato, os bons Espíritos sempre estiveram por perto, sempre tentaram inspirar aos homens pensamentos elevados, e os homens, nem sempre, lhes deram a devida atenção...

O Espiritismo ensina que os homens convivem com os Espíritos, que podem se comunicar com eles e, portanto, acha natural que o mundo invisível intervenha no mundo visível.

Mas a Doutrina Espírita não admite a existência de anjos como são geralmente considerados, como seres criados já perfeitos e sábios, enquanto outros devem sofrer as provas das encarnações, esforçando-se e lutando para atingir a perfeição e a felicidade.

Esta concepção não condiz com a perfeita Justiça de Deus. Deus, soberanamente justo, não concederia o privilégio de uma vida sem tribulações a alguns, enquanto exige sacrifícios e renúncias de outros.

Segundo o Espiritismo, “anjo” é um termo que pode ser aplicado aos Espíritos que, tendo sido criados simples e ignorantes, atingiram um estágio evolutivo muito elevado e se colocam, assim, em condições de auxiliar seus irmãos mais atrasados de caminhada.

Os bons Espíritos podem se comunicar conosco através das intuições e das inspirações, pelo pensamento, em todos os momentos da vida. Eventualmente, podemos conversar com eles em reuniões mediúnicas.

Entretanto se, nas horas difíceis, fecharmos nossos olhos, e, simplesmente, aquietarmos nossos pensamentos, pedindo com confiança, poderemos ouvir o que eles têm a nos dizer. 

Não existe nenhuma técnica especial para isto. Qualquer pessoa, com intenções puras, pode recorrer ao auxílio destes companheiros espirituais.


(De “Um pouco por dia”, de Rita Foelker)


A morte - Nilton Pinto & Tom Carvalho


Muito bom!!...pra descontrair um pouco...


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29 abril 2012

Sejamos sensatos



O homem fraco teme a morte, o desgraçado a chama; o valente a procura. 
Só o sensato a espera.
(Benjamin Franklin)

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O Anel



Um aluno chegou a seu professor com um problema:

-Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada.
Dizem que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?

O professor sem olhá-lo, disse:
- Sinto muito meu jovem, mas agora não posso ajudá-lo, devo primeiro resolver meu próprio problema. Talvez depois. 

E fazendo uma pausa falou:
- Se você me ajudar, eu posso resolver meu problema com mais rapidez e depois talvez possa ajudar você a resolver o seu.

- C...Claro, professor, gaguejou o jovem, mas se sentiu outra vez desvalorizado.

O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno, deu ao garoto e disse:

- Monte no cavalo e vá até o mercado. Deve vender esse anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenha pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.

O jovem pegou o anel e partiu.

Mal chegou ao mercado começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel.

Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saiam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel.

Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.

Depois de oferecer a jóia a todos que passavam pelo mercado e abatido pelo fracasso, montou no cavalo e voltou.

O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrando a preocupação de seu professor e assim podendo receber sua ajuda e conselhos.

Entrou na casa e disse:
- Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu.Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.

- Importante o que me disse meu jovem, contestou sorridente. Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vender o anel e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.

O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar.

O joalheiro examinou o anel com uma lupa, pesou o anel e disse:
- Diga ao seu professor que, se ele quer vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.

- 58 MOEDAS DE OURO! - exclamou o jovem.

- Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo eu poderia oferecer cerca de 70 moedas, mas se a venda é urgente...

O jovem correu emocionado a casa do professor para contar o que ocorreu.

- Sente-se, disse o professor. E depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou disse:

- Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. Só pode ser avaliada por um especialista. Pensava que qualquer um poderia descobrir o seu verdadeiro valor?

E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.

- Todos nós somos como esta jóia. Valiosos e únicos. E andamos por todos os mercados da vida, pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem.




*  *  *

Sobre o viver e o morrer...



A morte pertence a vida, como pertence o nascimento. 
O caminhar tanto está em levantar o pé quanto em pousá-lo.

(Rabindranath Tagore)

*  *  *

O caminho de volta



O mundo sempre parece ameaçador e perigoso para os covardes.

Estes procuram a segurança mentirosa de uma vida sem grandes desafios. Os covardes são vítimas do próprio egoísmo e terminam por construir as grades da própria prisão.

Mas os homens e mulheres valentes projetam o seu pensamento muito além das paredes do quarto.

Sabem que, se não fizerem nada pelo mundo, ninguém mais o fará.

Então tomam parte do Bom Combate da vida, mesmo sem entender bem porquê.

No começo, um sentimento de que alguma coisa não vai bem. A vida pode estar até muito boa, mas parece sem sentido.

Nesses momentos angustiantes, sentimo-nos num beco sem saída. Clamamos por algum alívio e paz, não mais com base no que nos oferece o mundo material, mas a partir de algo mais profundo.

Assim, inicia-se uma jornada que pode levar anos até a chegada a um porto seguro.

Essa viagem interna tem alguns estágios. Vamos saber quais, os cuidados e as grandes alegrias que podemos encontrar nesse caminho.


1. Dúvida e Inquietação

Pode surgir ainda na juventude, quando um leque de caminhos se apresenta à nossa frente. Ou mais tarde, quando surgem as perguntas existenciais: qual o sentido da vida? Quem sou eu? Para onde devo ir?

As crises também podem puxar-nos para esta reflexão, que nos impulsiona a compreender a nossa necessidade de partir para trilhos espirituais, para uma via capaz de atender às necessidades do espírito.

Outro momento de inquietação ocorre na meia-idade, quando em muitos de nós se pode iniciar a busca de um sentido mais profundo para a vida. Até os 35, 40 anos, a existência é totalmente voltada para fora: trabalhar, procriar, produzir.

Na segunda metade da vida, começa a jornada para o mundo interno e para a busca de uma espiritualidade mais intensa. É outra fase de grande inquietação, que vai apressar e favorecer a fase seguinte.


2. O chamado

De repente, no meio de essa inquietação e confusão interna, recebemos um chamado: algum ensinamento espiritual nos toca particularmente. 

Algum ensinamento nos desperta curiosidade e interesse. Nesse momento, é-nos dada a resposta para aquela pergunta que persistia em nós.

Podemos continuar a vida inteira em contato com o primeiro caminho por onde começamos, mas o mais provável é que este deixe de ser satisfatório. Um praticante deve olhar para uma via espiritual apenas como um percurso para chegar a um destino.


3. O Início

Antes de se entregar totalmente a uma linha espiritual, é necessário um tempo para averiguar a escolha. É necessário nos permitirmos de experimentar!

A busca pode vir acompanhada de ansiedade e/ou de devoção cega, pois algumas pessoas entregam-se com facilidade, de forma muito emocional, sem avaliarem de maneira objetiva os benefícios que podem experimentar e os riscos que podem correr.

Para avaliar melhor a escolha, leia à cerca do assunto, experimente mini-workshops, conheça os seus mestres e siga a sua intuição. Ela avisa-nos quando algo está errado!


4. Sacrifício

Chega um momento em que todos temos de escolher: um caminho recto e sem buracos, ou um caminho longo e difícil. Uma vez um amigo disse-me que este último é o caminho do profeta, do discípulo.

E perguntou-me: “tens a certeza que queres ser profeta? Porque para o seres, vais encontrar dor, solidão e sacrifício. Mas no final, o benefício fará com que esqueças toda a pesar.”

Sacrifício segundo o dicionário é renúncia ou privação voluntária, em favor de algo ou alguém.

O conceito de sacrifício envolve várias possibilidades, algumas delas positivas, talvez, quando o sacrifício não é um fim em si mesmo.

Quando enveredamos na nossa busca espiritual, é como se já não houvesse volta atrás: tomamos consciência de que a vida sem o percurso que iniciamos já não faz sentido e a nossa aprendizagem começa a ser parte integrante de nós, da nossa vida, começa a ser uma das coisas que lhe dá sentido.

Tudo se abre diante dos nossos olhos, tudo se ilumina.

Muitas vezes, antes de compreendermos a mensagem, de apreendermos uma lição, tudo fica sem sentido, tudo é difícil.

Muitas vezes, até o corpo fica doente. Mas no fim, os frutos colhidos conseguem fazer-nos esquecer qualquer mal-estar, qualquer sacrifício.


5. A entrega

Um praticante deve olhar para uma via espiritual apenas como um percurso para chegar a um destino. Por isso, é preciso que ele saiba, antes de mais, do que está à procura. 

Este é o primeiro passo depois do: “E agora?”.

Quando sentimos que temos de fazer algo, que chegou a hora de saber mais, de encontrar o Divino, de despertar e o assumimos internamente, é quando assumimos e iniciamos a nossa jornada espiritual.

Este é o primeiro passo, embora muitos não o saibam.


6. Acreditar

Este é o princípio mais simples, mas também um dos mais difíceis.

São muitas as dúvidas que temos à cerca de nós mesmos como pessoas, e sobretudo de nós como seres espirituais capazes de seguir, fazer, conseguir.

Contudo, todos nascemos capazes de desenvolver e seguir a nossa espiritualidade, de usar a nossa intuição, de criar e concretizar pequenos milagres ou magias.

Dito assim parece simples e insignificante e vocês, leitores, perguntar-se-ão "como"?

Contudo, o ser humano sempre teve dificuldade em compreender as regras mais simples.

Esta é uma delas! Todos somos capazes, todos temos o que é necessário, basta confiar e seguir.






A lágrima


                                              
Encontraram-se um dia, uma lágrima, uma estrela, uma pérola e uma gota de orvalho.

Falou primeiro a estrela:

- Quem diria que eu tivesse o trabalho de descer das alturas luminosas, para vir conversar com vocês três? Não sabem que sou mais alta que as nuvens? E que a minha altivez fulgura entre mil chamas radiosas, na infinita amplidão?

Mas, respondeu a pérola vaidosa:

- Quem te dará valor, entre milhões de lâmpadas no espaço? Tu não passas de um grão de esplendor, metido na poeira do infinito. 
Ninguém se lembra de te por nos braços! 
Enquanto eu, lá no fundo dos oceanos, sou buscada e vendida aos soberanos, para enfeitar, com minha limpidez, as coroas dos reis!
Vivo no colo esplêndido dos nobres, e nos ricos seios das rainhas... Não como ti, que sob o olhar dos pobres poetas vagabundos te encaminhas... 
Valho mais que tu! E ainda mais, valho que um orvalho e uma lágrima, pois ambos são gotas d'água, sem o mínimo valor.

Disse o orvalho, com mágoa:

- Qual de vocês três, tem esse encanto de se transformar em gozo, na boca imaculada de uma flor? 
Eu venho lá de cima, radiante, nos braços da alvorada cobrir de beijos uma rosa, que se sente tão doce nesse instante, que vale a pena vê-la tão ditosa! 
E trago o riso ao coração da Terra, engolfada em pranto. 
Eis como sou feliz! Na campina, ou no cimo da serra, sou sempre uma esperança cristalina, nos lábios sorridentes de uma flor!

Calou-se o orvalho.

E a lágrima? Coitada, esta nada dizia...

- E que respondes tu? - perguntaram os demais. 

E ela, rolada na terra úmida e fria, nada ousava falar...

Porém, sublime e calma, respondeu:

- Eu sou o perdão no crime e a vibração no amor! 
Bailo no olhar risonho da alegria, moro no olhar tristíssimo da dor. Eu sou a alma da saudade da harmonia... 
Sou o estrilo na lira soluçante dos poetas, sou oração no peito dos ascetas, sou relíquia de mãe em coração de filho,  sou lembrança de filho em coração de mãe!
Não vivo nos seios perfumosos, nos colos orgulhosos, na ostentação efêmera do luxo...
Porém, penetro no espírito do mundo, seja do rei, do sábio mais profundo, do rústico mais vil... do pecador, do santo, até na face do Senhor um dia já rolei...
Eu, lágrima pequena, penetrei no coração de Deus, e fiz estremecer, abrir-se extasiado o pórtico dos céus!

A lágrima calou-se humildemente, deslumbrando...

Em silêncio, a tudo contemplou serenamente, na vastidão vazia...

A estrela se ocultou atrás de uma nuvem e chorava...

A pérola desceu à profundeza dos mares e chorava também...

O orvalho tremulando sobre a relva também chorava...

E a lágrima...

Só a lágrima sorria..


(Autor desconhecido)


28 abril 2012

Bola cheia ou bola murcha?


Excelente palestra com Professor Godri!

Será que eu escapo dessa?


Um lindo texto de Rubem Alves para nossa reflexão!

* * *

Meus leitores: Um médico do Conselho Federal de Medicina pediu-me que escrevesse um texto curto, a ser distribuído entre os médicos, sobre o médico diante de um paciente que vai morrer.

Vai aí o texto e eu gostaria de saber como vocês se sentiram, na cabeça e no coração.

Obrigado.

Rubem Alves




Doutor, agora que estamos sozinhos quero lhe fazer uma pergunta: "Será que eu escapo dessa?"

Mas, por favor, não responda agora porque sei o que o senhor vai dizer.

O senhor vai desconversar e responder: "Estamos fazendo tudo o que é possível para que você viva."

Mas, neste momento, não estou interessada naquilo que o senhor e todos os médicos do mundo estão fazendo. Olhe, eu sou uma mulher inteligente. Sei a resposta para minha pergunta. Os sinais são claros. Sei que vou morrer.

O que eu desejo é que o senhor me ajude a morrer.

Morrer é difícil.

Não só por causa da morte mesma, mas porque todos, na melhor das intenções, a cercam de mentiras.

Sei que na escola de medicina os senhores aprendem a ajudar as pessoas a viver. Mas haverá professores que ensinam a arte de ajudar as pessoas a morrer?

Ou isso não faz parte dos saberes de um médico?

Meus parentes mais queridos se sentem perdidos. Quando quero falar sobre a morte eles logo dizem: "Tira essa idéia de morte da cabeça. Você estará boa logo..." Mentem. Então eu me calo.

Quando saem do quarto, longe de mim, choram.

Sei que eles me amam. Querem me enganar para me poupar de sofrimento. Mas são fracos e não sabem o que falar... Fico então numa grande solidão. Não há ninguém com quem eu possa conversar honestamente. Fica tudo num faz de contas...

As visitas vêm, assentam-se, sorriem, comentam as coisas do cotidiano. Fazem de contas que estão fazendo uma visita normal. Eu me esforço por ser delicada. Sorrio. Acho estranho que uma pessoa que está morrendo tenha a obrigação social de ser delicada com as visitas.

As coisas sobre que falam não me interessam. Dão-me, ao contrário, um grande cansaço. Elas pensam que estou ali na cama. Não sabem que já estou longe. Sou "uma ausência que se demora, uma despedida pronta a cumprir-se..."

Remo minha canoa no grande rio, rumo à terceira margem. Meu tempo é curto e não posso desperdiçá-lo ouvindo banalidades.

Contaram-me de um teólogo místico que teve um tumor no cérebro. O médico lhe disse a verdade: "O senhor tem mais seis meses de vida..." Aí ele se virou para sua mulher e disse: "Chegou a hora das liturgias do morrer. Quero ficar só com você. Leremos juntos os poemas e ouviremos as músicas do morrer e do viver. A morte é o acorde final dessa sonata que é a vida. Toda sonata tem de terminar. Tudo o que é perfeito deseja morrer. Vida e morte se pertencem. E não quero que essa solidão bonita seja perturbada por pessoas que têm medo de olhar para a morte. Quero a companhia de uns poucos amigos que conversarão comigo sem dissimulações. Ou somente ficarão em silêncio."

Enquanto pude, li os poetas. Nesses dias eles têm sido os meus companheiros. Seus poemas conversam comigo.

Os religiosos não me ajudam. Eles nada sabem sobre poesia. O que eles sabem são doutrinas sobre o outro mundo. Mas o outro mundo não me interessa. Não vou gastar o meu tempo pensando nele.

Se Deus existe, então não há por que me preocupar com o outro mundo, porque Deus é amor. Se Deus não existe, então, não há por que me preocupar com o outro mundo porque ele não existe e nada me faltará se eu mesmo faltar.

Ah! Como seria bom se as pessoas que me amam me lessem os poemas que amo. Então eu sentiria a presença de Deus. Ouvir música e ler poesia são, para mim, as supremas manifestações do divino.

A consciência da proximidade da morte me tornou lúcida. Meus sentimentos ficaram simples e claros.

O que sinto é tristeza porque não quero morrer e a vida é cheia de tantas coisas boas.

Um amigo me contou que sua filha de dois anos o acordou pela manhã e lhe perguntou: "Papai, quando você morrer você vai sentir saudades?" Foi o jeito que ela teve de dizer: "Papai, quando você morrer eu vou sentir saudades..."

Na cama o dia todo fico a meditar: "Nas escolas ensinam-se tantas coisas inúteis que não servem para nada. Mas nada se ensina sobre o morrer."

Me diga, doutor: O que lhe ensinaram na escola de medicina sobre o morrer?

Sei que lhe ensinaram muito sobre a morte como um fenômeno biológico. Mas o que lhe ensinaram sobre a morte como uma experiência humana?

Para isso teria sido necessário que os médicos lessem os poetas. Os poetas foram lidos como parte do seu currículo?

Nada lhe ensinaram sobre o morrer humano porque ele não pode ser dito com a linguagem da ciência. A ciência só lida com generalidades. Mas a morte de uma pessoa é um evento único, nunca houve e nunca haverá outro igual. Minha morte será única no universo! Uma estrela vai se apagar.

Nesse ponto seus remédios são totalmente inúteis.

O senhor os receita como desencargo de consciência, para consolar a minha família, ilusões para dizer que algo está sendo feito. O senhor está tentando dar. Não devia. Há um momento da vida em que é preciso perder a esperança. Abandonada a esperança, a luta cessa e vem então a paz.

E agora, doutor, depois de eu ter falado, me responda: "Será que eu saio dessa?" Então eu ficarei feliz se o senhor não me der aquela resposta boba, mas se assentar ao lado da minha cama e, olhando nos meus olhos, me disser: "Você está com medo de morrer. Eu também tenho medo de morrer..." Então poderemos conversar de igual para igual.

Mas há algo que os seus remédios podem fazer. Não quero morrer com dor. E a ciência tem recursos para isso.

Muitos médicos se enchem de escrúpulos por medo que os sedativos matem.

Preservam a sua consciência de qualquer culpa e deixam o moribundo sofrendo.

Mas isso é fazer com que o final da sonata não seja um acorde de beleza mas um acorde de gritos.

A vida humana tem a ver com a possibilidade de alegria! Quando a possibilidade de alegria se vai, a vida humana se foi também.

E esse é o meu último pedido: quero que minha sonata termine bonita e em paz. Morrendo...


(Rubem Alves)


(Crônica publicada no Correio Popular, de Campinas-SP)




A consciência de sua missão


Frequentemente, pergunto-me: "O que cada um de nós está a fazer neste planeta?”

Se a vida for somente tentar aproveitar o máximo possível as horas e minutos, esse filme é tolo.

Tenho certeza de que existe um sentido melhor em tudo o que vivemos.

Para mim, a nossa vinda ao planeta Terra tem basicamente dois motivos: evoluir espiritualmente e aprender a amar melhor.

Todos os nossos bens na verdade não são nossos.

Somos apenas as nossas almas.

E devemos aproveitar todas as oportunidades que a vida nos dá para nos aprimorarmos como pessoas.

Portanto, lembre-se sempre que os seus fracassos são sempre os melhores professores e é nos momentos difíceis que as pessoas precisam encontrar uma razão maior para continuar em frente.

As nossas ações, especialmente quando temos de nos superar, fazem de nós pessoas melhores.

A nossa capacidade de resistir às tentações, aos desânimos para continuar o caminho é que nos torna pessoas especiais.

Ninguém veio a esta vida com a missão de juntar dinheiro e comer do bom e do melhor.

Ganhar dinheiro e alimentar-se faz parte da vida, mas não pode ser a razão da vida.

Tenho certeza de que pessoas como Martin Luther King, Mahatma Ghandi, Nelson Mandela, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Betinho e tantas outras anonimas, que lutaram e lutam para melhorar a vida dos mais fracos e dos mais pobres, não estavam motivadas pela idéia de ganhar dinheiro.

O que move essas pessoas generosas a trabalhar diariamente, a não desistir nunca?

A resposta é uma só: a consciência de sua missão nesta vida.

Quando você tem a consciência de que através do seu trabalho você está a realizar a sua missão você desenvolve uma força extra, capaz de levá-lo ao cume da montanha mais alta do planeta.

Infelizmente, muita gente se perde nesta viagem e distorce o sentido de sua existência pensando que acumular bens materiais é o objetivo da vida.

E quando chega no final do caminho percebe que o caixão não tem gavetas e que ela só vai poder levar daqui o bem que fez às pessoas.

Se você tem estado angustiado sem motivo aparente está aí, um aviso para parar e refletir sobre o seu estilo de vida.

Escute a sua alma: ela tem a orientação sobre qual caminho seguir.

Tudo na vida é um convite para o avanço e a conquista de valores, na harmonia e na glória do bem.

( Roberto Shinyashiki )


27 abril 2012

Fatalidade e Destino


Na vida humana, tudo tem uma razão de ser, nada ocorre por acaso, ainda mesmo quando as situações se nos afigurem trágicas. [...]

Muitos desses acertos de contas são demonstrados pelos Espíritos, em diversas obras da literatura espírita.

André Luiz narra um desastre aéreo, em que o piloto, confuso pelo denso nevoeiro, não pôde evitar o choque da grande aeronave, espatifando-se contra a montanha.

Neste caso, um instrutor espiritual comenta que “as vítimas certamente cometeram faltas em outras épocas, atirando irmãos indefesos da parte superior de torres altíssimas para que seus corpos se espatifassem no chão; suicidas que lançaram-se de altos picos ou edifícios, que por enquanto só encontraram recursos em tão angustiante episódio para transformarem a própria situação”.

Quanto aos parentes mais próximos das vítimas, como inseri-los no contexto dos fatos?

Pela lógica da vida, eles (os parentes, sobretudo os pais), muitas vezes, foram cúmplices de delitos lamentáveis no passado, e, por isso, necessitam passar por essas penas, entronizando-se, aqui, a idéia de que o acaso não existe na concepção espírita.

Como entender a magnanimidade da Bondade de Deus e o ensinamento do Cristo, ante as mortes coletivas, ocorridas em l961, naquele patético incêndio do “Gran Circus Norte-Americano”, em Niterói?

Como compreender os óbitos registrados no terremoto que atingiu a cidade histórica de Bam, no Irã, no final de 2003?

Como explicar o acidente com o Boeing da Flash Airlines, que ocorreu no Egito, provocando a morte de 148 pessoas que estavam a bordo daquela aeronave, em 3 de janeiro de 2004?

Qual o significado dos que foram tragados pelas águas do Tsunami, tragédia, cujas dimensões deixaram o mundo inteiro consternado?

O que pensar, ainda, sobre o naufrágio do Titanic, transatlântico que transportava cerca de 2.200 pessoas?

O que dizer das quase 3.000 vítimas decorrentes do ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, a 11 de setembro de 2001?

Como interpretar esses destinos?

Para as tragédias coletivas, somente o Espiritismo tem as respostas lógicas, profundas e claras, que explicam, esclarecem e, por via de conseqüência, consolam os corações humanos, perante os ressaibos [vestígios] amargosos dessas situações.

O fato é que nós criamos a culpa, e nós mesmos formatamos os processos para extinguir os efeitos.

Ante as situações trágicas da Terra, o ser humano adquire mais experiência e mais energias iluminativas no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar cada instante de sua vida.

Com as verdades reveladas pelo Espiritismo, compreende-se, hoje, a justiça das provações, entendendo-as como sendo uma amortização de débitos de vidas pregressas.

Autores espirituais explicam, a respeito desse assunto, que indivíduos envolvidos em crimes violentos, no passado e, também, no presente, a lei os traz de volta, por terem descuidado da ética evangélica.

Retornam e se agrupam em determinado tempo e local, sofrendo mortes acidentais de várias naturezas, inclusive nas calamidades naturais.

Assim, antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos coletivos, somos informados, no além-túmulo, dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém, o fato, por si só, não é determinístico, até, porque, dependem de circunstâncias várias em nossas vidas a sua consumação , uma vez que a lei cármica admite flexibilidade, quando o amor rege a vida e “o amor cobre uma multidão de pecados.”

Nossos registros históricos pelas vias reencarnatórias, muitas vezes acusam o nosso envolvimento em tristes episódios, nos quais causamos dor e sofrimento ao nosso próximo.

Muitas vezes, em nome do Cristo, ateamos fogo às pessoas, nos campos, nas embarcações e nas cidades, num processo cego de perseguição aos “infiéis”.

Com o tempo, ante os açoites da consciência, deparando-nos com o remorso, rogamos o retorno à Terra pelo renascimento físico, com prévia programação, para a desencarnação coletiva, em dolorosas experiências de incêndios, afogamentos e outras tantas situações traumáticas para aliviar o tormento que nos comprime a mente.

Ao reencarnarmos, atraídos por uma força magnética (sintonia vibratória), conseqüente dos crimes praticados coletivamente, reunimo-nos circunstancialmente e, por meio de situações drásticas, colhemos o mesmo mal que perpetramos contra nossas vítimas indefesas de antanho.

Portanto, as faltas coletivamente cometidas pelas pessoas (que retornam à vida física) são expiadas solidariamente, em razão dos vínculos espirituais entre elas existentes.

Destarte, explica Emmanuel:“na provação coletiva verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão por que, muitas vezes, intitulais – doloroso acaso - às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais.”

Embora muitos acidentes nos comovam profundamente, seriam as tragédias suficientes para o resgate de crimes cruéis praticados no pretérito remoto?

Estamos convencidos de que não, muito embora as situações - como essa vivenciada no dia 17 de julho de 2007 – nos levam a questionar, como, por exemplo: Por que esses acontecimentos funestos que despertam tanta compaixão? Seria uma Fatalidade? Coisa do destino? Que conceitos estão nos desenhos semânticos dessas palavras?

Para o espírita “fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte” , pois, como disseram os Espíritos a Kardec : “quando é chegado o momento de retorno para o Plano Espiritual, nada “te livrará” e frequentemente o Espírito também sabe o gênero de morte por que partirá da terra”, “pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência”.

Mais, ainda: “Graças à Lei de Ação e Reação e ao Livre-Arbítrio, o homem pode evitar acontecimentos que deveriam realizar-se, como também permitir outros que não estavam previstos”.

A fatalidade só existe como algo temporário, frente à nossa condição de imortais, com a finalidade de “retomada de rumo”.

Fatalidade e destino inflexível não se coadunam com os preceitos kardecianos.

Quem crê ser “vítima da fatalidade”, culpa somente o mundo exterior pelos seus erros e se recusa a admitir a conexão que existe entre eles.

O homem comum, nos seus interesses mesquinhos, não considera a dor senão como resgate e pagamento, desconhecendo o gozo de padecer por cooperar, sinceramente, na edificação do Reino do Cristo.

Aquele que se compraz na caminhada pelos atalhos do mal, a própria Lei se incumbirá de trazê-lo de retorno às vias do bem.

O passado, muitas vezes, determina o presente que, por sua vez, determina o futuro. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido" , disse o Mestre. Porém , cabe uma ressalva, nem todo sofrimento é expiação.

No item 9, cap. V, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec assinala: "Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento". São claras as palavras do Codificador.

Não estão corretos aqueles que generalizam e afirmam que todo sofrimento é resultado de erros praticados no passado.

O desenvolvimento das potencialidades, a subida evolutiva, requer trabalho, esforço, superar desafios.

Neste caso é a provação, e não, a expiação, ou seja, são as tarefas a que o Espírito se submete, a seu próprio pedido, com vistas ao seu progresso, à conquista de um futuro melhor.

Dentro do princípio de Causa e Efeito, quem, em conjunto com outras pessoas, agrediu o próximo não teria que ressarcir o débito em conjunto? É esse o chamado "carma coletivo".

Toda ação que praticamos, boa ou má, recebemos de volta.

Nosso passado determina nosso presente não existindo, pois, favoritismos, predestinações ou arbítrios divinos.

A doutrina espírita não prega o fatalismo e nem o conformismo cego diante das tragédias da vida, mesmo das chamadas tragédias coletivas. O que o Espiritismo ensina é que a lei é uma só: para cada ação que praticamos, colheremos a reação.

O importante para os que ficam por aqui, na Terra, para que tenham o avanço espiritual devido, é não falir pela lamentação, pela revolta, pois “as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus”.

Diante do exposto, afirmamos que a função da dor é ampliar horizontes, para realmente vislumbrarmos os concretos caminhos amorosos do equilíbrio.

Por isto, diante dos compromissos cármicos, em expiações coletivas ou individuais, lembremo-nos sempre de que a finalidade da Lei de Deus é a perfeição do Espírito, e que estamos, a cada dia, caminhando nesta destinação, onde o nosso esforço pessoal e a busca da paz estarão agindo a nosso favor, minimizando ao máximo o peso dos débitos do ontem.

(Jorge Hessen)