"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

27 agosto 2012

Pais e mães... e os filhos que ficam



Caso interessante e bastante ilustrativo das conseqüências da imprevidência de uns e da ganância de outros, foi o de um pai recém-desencarnado em hospital e que retornou para o ambiente doméstico, atendendo aos automatismos mentais comuns nesses casos.

Sem perceber que já havia “morrido”, foi conduzido à reunião mediúnica e atendido dentro do quadro que apresentou.

Depois de apresentar-se sem grandes dificuldades pela psicofonia de médium da equipe, passou a comentar o que sentia.

Deu a entender que achava que o ocorrido fora algo de rotina. Uma ida ao hospital para atendimento aos males do corpo, próprios da velhice e o retorno à residência.

Mostrava-se irritado e reclamava dos parentes que não o cumprimentavam, passando por ele como se não o percebessem. Fato que ele tomava como total e absoluto desrespeito pela sua pessoa e condição de “chefe de família”.

Comentou que estivera sentado em sua cadeira preferida na sala de sua casa, quando um familiar quase sentou-se sobre ele. Reclamou, mas sem resultados, ficando ainda mais nervoso e irritado com a “falta de respeito” dos parentes.

Para os Benfeitores Espirituais não é difícil conduzir recém-desencarnados nesse estado de confusão mental para o ambiente das sessões, já que não se tratam de pessoas voltadas para o mal ou cientes de sua condição e que escolhem viver entre os seus.

Era apenas isso: um homem confundido pela morte inesperada e sem grandes incômodos, ao ponto de retornar para sua casa, pensando viver a vida de antes.

Depois de recebido com a atenção e o carinho que lhe foi dispensado, manifestou seu desagrado quanto ao que acontecia em seu lar. Devagar e com habilidade lhe foi sendo mostrado o novo cenário espiritual.

Continuou falando por algum tempo e demonstrou viva inquietação pela preocupação de seus parentes mais próximos quanto aos bens que tinha.

Não entendia o porquê daquelas discussões sobre partilha já que estava vivo.

E de fato estava, mas não mais no mundo material onde deixara seus bens.

Quando entendeu o ocorrido, chorou pelo que via acontecer na família. Não imaginava que houvessem disputas e atritos por causa de coisas materiais. Lamentou não ter deixado esse assunto resolvido através de testamento ou algo assim.

Mas, disse não imaginar que isso pudesse acontecer, daí sua despreocupação com o caso.

Foi orientado no sentido de deixar que os encarnados resolvessem o caso dentro das leis terrenas que regulavam tais assuntos, e que ele se ocupasse com sua nova vida, que poderia ser mais tranqüila e mais feliz de agora em diante.

Perguntou pelos parentes, sobre como ficariam sem ele. 

Foi informado que nada mais poderia fazer, a não ser visitá-los e auxiliá-los espiritualmente, quando estivesse restabelecido e pronto para isso.

Até lá, era conveniente deixar que Deus, o Pai de todos, se encarregasse de tudo através de seus mensageiros.

Nesse momento ficou mais calmo, pois sendo homem religioso, a referência a Deus lhe devolveu a fé e a tranqüilidade.

Parentes já desencarnados se aproximaram e ele, surpreso e feliz, foi encaminhado para novos ambientes da vida espiritual, já praticamente desligado de suas preocupações com a vida que tivera na Terra.

Aceitara com facilidade as orientações e seu estado moral-espiritual lhe permitiria uma recuperação relativamente rápida.

Esse acontecimento chamou a atenção dos membros da equipe para um fato comum: a pouca preocupação dos encarnados com seus bens e possíveis herdeiros, e a relação disso com as leis terrenas que regulam a transferência de riquezas e bens de uns para outros. 

Sobretudo, com seus possíveis reflexos na vida espiritual dos que deixam bens.

Mais ainda, a pouca preocupação com a própria desencarnação e seu impacto e conseqüências sobre si mesmos e sobre aqueles que ficam, entes queridos ou não.

Todos vivem como se a morte não pudesse acontecer com eles, apesar da realidade demonstrar que todos, independentemente da idade ou sexo, estado de saúde, de riqueza ou miséria, posição social ou poderes terrenos, estão sujeitos a esse fenômeno que é a única fatalidade na vida humana.


(Paulo R. Santos, in “CASOS E EXPERIÊNCIAS COM A MEDIUNIDADE”)


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26 agosto 2012

Lua de São Jorge - Ivan Lins


O homem que viu nosso planeta azul...


Morreu Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua.

É  interessante  como a geração mais jovem sabe pouco sobre a importância deste homem e do verdadeiro evento mundial que foi finalmente a ida à nossa Lua, tão glamorizada pelos românticos e apaixonados...

O blog relembra e deixa aqui uma pequena homenagem.

*  *  *



No dia 20 de julho de 1969 , um domingo, dois homens pisaram pela primeira vez na Lua.

Um deles, o comandante Neil Armstrong, de 38 anos, um tímido ex-piloto de testes de aviões americanos, escorregou na escada da pequena nave com a qual pousou na superfície lunar e por pouco não imprimiu ali a mão antes do pé.

O outro, Edwin Aldrin, “Buzz”, igualmente com 38 anos, veterano piloto de jatos da Força Aérea dos Estados Unidos, sentiu uma vontade humaníssima de fazer xixi.

E fez, dentro do traje de astronauta, reforçado com 21 camadas de tecido, numa bolsa de coleta para tais contingências.

A 96 mil metros de altura, o ex-piloto de testes Michael Collins, de 38 anos, como os outros, encarregado de pilotar o módulo de comando da Columbia, só conseguiria sentir-se verdadeiramente aliviado no dia seguinte, quando seus dois companheiros se uniram a ele para a viagem de volta a Terra. [...]

Quando Collins, Aldrin e Armstrong partiram a bordo da nave Apolo 11 na luminosa manhã de 16 de julho, 1 milhão de pessoas munidas de câmeras e binóculos se apinhavam nas vizinhanças de Cabo Canaveral, depois chamado Cabo Kennedy, na Flórida, onde até hoje ocorre a grande maioria dos lançamentos espaciais americanos.

Nada menos de 850 jornalistas de 55 países, falando 33 línguas diferentes, registraram o acontecimento.

Calcula-se que cerca de 1 bilhão de pessoas, algo como um em cada quatro seres humanos, viram pela TV quando, às 23h56min20s (horário de Brasília) do dia 20, o comandante Armstrong, já recuperado do escorregão, cuidadosamente ergueu o pé esquerdo e marcou o solo do Mar da Tranqüilidade - a planície escolhida para a alunissagem.

“Este é um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade””, disse o emocionado Armstrong, numa frase que inevitavelmente ecoou pelo mundo.

Quem estava de olho na tela naquele momento não deve ter esquecido a sua figura fantasmagórica movendo-se desajeitadamente devido à ínfima gravidade (um sexto da que existe na Terra) a 384 mil quilômetros de distância.

O astronauta contou à base de controle e a todos que o ouviam que o chão da Lua era fino e poeirento. “Adere à sola e aos lados das minhas botas, formando uma camada fina como poeira de carvão”, descreveu. 

Vinte minutos depois, Aldrin uniu-se a ele.

Com as duas mãos agarradas à escada, experimentou o solo da Lua e sua gravidade com dois pulos de pés juntos. "Lindo, lindo", exclamou, surpreendido com a facilidade de movimentação.


[...] nunca mais houve um acontecimento na história da conquista espacial de impacto comparável àquele - à exceção da tragédia da Challenger em janeiro de 1986.

A ida à Lua, vista na perspectiva do tempo, representa acima de tudo o triunfo da vontade humana. Bem pensadas as coisas, é até possível que, pelos padrões atuais de segurança nos vôos ao espaço, a aventura da Apolo 11 não teria sido autorizada.

E, por maior que tenha sido, por exemplo, o aporte tecnológico para as viagens espaciais trazido pela estratégia de encarapitar uma pequena nave num potentíssimo foguete de múltiplos estágios, ou por mais importantes que tenham sido para a ciência as pedras lunares coletadas pelos astronautas, é certo que nada supera até hoje a força simbólica daquele primeiro passo a 20 de julho de 1969.


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Leva contigo o meu coração!


Navegando pela net encontrei uma iniciativa muito interessante: espalhar corações artesanais por todo o lado, livres para quem os apanhar.

De papel, de feltro ou origami, são deixados em locais públicos.

A ideia nasceu  em Portugal, pelas mãos de Liliana Lima e Pedro Menezes, mas se espalhou por vários países inclusive o nosso Brasil...


Quem sabe destinados a aquecer outros corações desiludidos e sem luz...

Toda iniciativa que permita fazer um novo fim a esse planeta azul, merece estar no nosso blog.


O artigo completo encontra-se no link abaixo e merece ser lido e compartilhado,ok?




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Estado novo



Foi um baque.

Simplesmente não compreendo como pode acontecer, não posso aceitar.

Estou de posse do meu corpo, pelo menos posso me tocar e me reconheço.

Estou também de posse  do meu juízo perfeito. Não perdi minha consciência, sei quem sou, lembro-me de toda a minha trajetória até este momento.

Tenho fome, sede, frio e calor. Sinto saudades de todos os que amo, pois não consigo mais encontrá-los.

Agora, confrontado pela situação sou obrigado a concordar que algo realmente mudou.

Com a ajuda de algumas almas caridosas, pude chegar até aqui hoje e estou vendo que não só não é minha mão que escreve, como tenho que me servir de outra pessoa.

Lembranças agora brotam em minha mente e recordo-me agora da dor e do aperto no peito, que até um momento atrás ainda me atormentavam. Era como se algo queimasse, vindo do estômago, gelando a garganta, dificultando a respiração.

Esta sensação se foi.

Pertencia ao meu corpo físico, disseram.

Preciso agora me adaptar a este novo estado.

Agradeço a todos e a este que me carregou nos últimos dias e que agora me ajuda na escrita.

Que Deus abençoe a todos.

Sigo em paz.


(Psicografado por Cleber P. Campos. O Espírito não quis se identificar.)



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Hermann Hesse



Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquela que há em sua própria alma.
Nada posso lhe dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.

(Hermann Hesse- escritor alemão-1877/1962)

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21 agosto 2012

Eu sou uma alma


O que faz o homem livre?

A alma. 

Quem diz livre, diz responsável.

Responsável por tudo nesta vida?

Efetivamente, não, porquanto nada há mais demonstrado do que a prosperidade possível e freqüente dos maus e o infortúnio imerecido dos bons durante a sua passagem sobre a terra.

Quantos homens justos não tiveram só angústias e misérias até o seu derradeiro dia? 

Quantos homens criminosos viveram até a mais extrema velhice no gozo pacífico e sereno de todos os bens deste mundo, neles incluindo a consideração e o respeito de todos! 

É o homem, então, responsável depois da vida? Evidentemente, sim, pois que não o é só durante ela. Alguma coisa, pois, dele sobrevive para submeter-se a essa responsabilidade, a alma.

A liberdade da alma explica a sua imortalidade. 

A morte não é, portanto, o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. 

Na morte o homem acaba, e a alma começa. 

Tome-se por testemunho o que considerar o rosto de um ente amado com essa ansiedade estranha, feita de esperança e de desesperança. 

Digam esses que atravessam essa hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto, digam se não é verdade que bem se sente que ainda há ali alguém que tudo não acabou?

Sente-se em roda dessa cabeça como o frêmito de asas que acabaram de expandir-se, uma palpitação confusa e inaudita flutua no ar ao redor desse coração que não bate mais. Essa boca aberta parece chamar o que acaba de partir e dir-se-ia que deixa cair palavras obscuras no Mundo Invisível.

Eu sou uma alma.

Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu Eu, o meu Ser. O que constitui o meu eu, irá além.

Terra, tu não és o meu abismo.

O homem outra coisa não é senão um cativo.

O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra, trepa de saliência em saliência, coloca pé em todos os interstícios e sobe até ao respiradouro. Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz.

Assim é o homem.

O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade, como pode o homem duvidar se vai encontrar a Eternidade à sua saída? 

Porque não possuirá ele um corpo sutil, etéreo, de que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?

A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. 

É por demais pesado para esta terra. 

Há duas leis, a lei dos globos e a lei do Espaço. A lei dos globos é a morte. O limite exige a destruição. A lei do Espaço é a Eternidade. O Infinito permite a expansão.

Entre os dois mundos, entre as duas leis, há uma ponte, a transformação. A ambição do vivo dos globos deve ser, pois, tornar-se um vivo do Espaço.

O mundo luminoso é o Mundo Invisível. O Mundo do Luminoso é o que não vemos. Os nossos olhos carnais só vêem a noite. Ah, do que vive com os olhos abertos sobre o mundo material e com as costas voltadas para o mundo desconhecido!

A morte é uma mudança de vestimenta.

Alma, tu estavas vestida de sombra, vais ser vestida de luz. É no túmulo que o homem faz o último progresso.

Na morte, o homem fica sendo sideral. A morte é a vindita da alma. A vida, é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela. A morte é o poder que tem a alma de arrebatar o corpo fora da terra pela assimilação.

Na vida terrestre, a alma perde o que irradia na vida extraterrestre, o corpo perde o que pesa.

A morte é uma continuação. O meu olhar penetra o mais que é possível nessa sombra, onde vejo, a uma profundidade que seria amedrontadora, se não fosse sublime, dealbar-se o imenso arrebol da eternidade.

As almas passam de uma esfera para outra, tornam-se cada vez mais luz, aproximam-se cada vez mais e mais de Deus.

O ponto de junção é no infinito.

O que dorme e desperta, desperta e vê que é homem.

O vivo que morre, desperta e vê que é espírito.


(Victor Hugo - Artigo publicado após a sua morte)

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Dica de livro: "Planeta Terra em Transição", de Izoldino Resende/ Espírito Ismael


O livro descreve inicialmente a preparação para a chegada do Consolador, com o objetivo de trabalhar o planeta para a transição planetária, que começou no período das guerras mundiais. Nessa ocasião, cerca dez milhões de espíritos foram deportados para mundos primitivos.

Reflete sobre as grandes tragédias naturais da Terra no século XX, ceifando a vida de milhões de pessoas.

Explica ainda como se processará a transição do planeta, sendo que dois terços da população terrestre serão deportados para mundos inferiores, e um terço virá de outros mundos superiores até o fim da transição. Espíritos de outras esferas encarnarão na Terra, alavancando o progresso moral e intelectual do planeta.

E ainda alerta sobre as últimas oportunidades que os habitantes desse planeta estão tendo para continuarem reencarnando na Terra, nesse grande momento da transição planetária.

Editora Chico Xavier.

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Convite da Coragem


Aceita-te, tal qual és, fazendo de ti o melhor que puderes.
Não lamentes as vantagens perdidas.
Acima de qualquer desapontamento, continua amando as tarefas que te honram a existência, com os recursos que te foram colocados nas mãos.
Constrói, sempre que possível, o otimismo e a alegria, em derredor de teus passos.
A tristeza inerte não auxilia a ninguém.
Não carregue consigo a sucata de teus desencantos e frustrações.
Desengano é esclarecimento.
A coragem da fé em Deus te fará alavanca de apoio na travessia dos obstáculos.
Não te aflijas por benefícios que ainda não possuis.
Age para o bem e teu dia de êxito chegará....

(Emmanuel)

Nem pensar - Kleiton & Kledir



14 agosto 2012

Visão de adulto...visão de criança...



Éramos a única família no restaurante com uma criança.

Eu coloquei Daniel numa cadeira para crianças e notei que todos estavam tranqüilos,  comendo e conversando.

De repente, Daniel gritou animado, dizendo: "Olá, amigo!", batendo na mesa com suas mãozinhas gordas.

Seus olhos estavam bem abertos pela admiração e sua boca  mostrava a falta de dentes.

Com muita satisfação, ele ria, se retorcendo.

Eu olhei em volta e vi a razão de seu contentamento.

Era um homem andrajoso, com um casaco jogado nos ombros, sujo, engordurado e rasgado.

Suas calças eram trapos com as costuras abertas até a metade, e seus dedos apareciam através do que foram, um dia, os sapatos.

Sua camisa estava suja e seu cabelo não havia sido penteado por muito tempo..

Seu nariz tinha tantas veias que parecia um mapa.

Estávamos um pouco longe dele para sentir seu cheiro, mas asseguro que cheirava mal.

Suas mãos começaram a se mexer para saudar.

"Olá, neném. Como está você?", disse o homem a Daniel.

Minha esposa e eu nos olhamos: "Que faremos?".

Daniel continuou rindo e respondeu, "Olá, olá amigo".

Todos no restaurante nos olharam e logo se viraram para o mendigo.

O velho sujo estava incomodando nosso lindo filho.

Trouxeram a comida e o homem começou a falar com o nosso filho como um bebê.

Ninguém acreditava que o que o homem estava fazendo era simpático. Obviamente, ele estava bêbado.

Minha esposa e eu estávamos envergonhados.

Comemos em silêncio; menos Daniel que estava super inquieto e mostrando todo o seu repertório ao desconhecido, a quem conquistava com suas criancices.

Finalmente, terminamos de comer e nos dirigimos à porta.

Minha esposa foi pagar a conta e eu lhe disse que nos
encontraríamos  no estacionamento.

O velho se encontrava muito perto da porta de saída...

"Deus meu, ajuda-me a sair daqui antes que este louco fale com Daniel", disse orando, enquanto caminhava perto do homem.

Estufei um pouco o peito, tratando de sair sem respirar nem um pouco do ar que ele pudesse estar exalando.

Enquanto eu fazia isto, Daniel se voltou rapidamente na direção onde estava o velho e estendeu seus braços na posição de "carrega-me".

Antes que eu pudesse impedir, Daniel se jogou dos meus braços para os braços do homem.

Rapidamente, o velho fedorento e o menino consumaram sua relação de amor.

Daniel, num ato de total confiança, amor e submissão, recostou sua cabeça no ombro do desconhecido..

O homem fechou os olhos e pude ver lágrimas correndo por sua face.

Suas velhas e maltratadas mãos, cheias de cicatrizes, dor e trabalho duro,suave, muito suavemente, acariciavam as costas de Daniel.

Nunca dois seres haviam se amado tão profundamente em tão pouco tempo.

Eu me detive, aterrado. O velho homem, com Daniel em seus braços, por um momento abriu seus olhos e olhando diretamente nos meus, me disse com voz forte e segura: "Cuide deste menino".

De alguma maneira, com um imenso nó na garganta, eu respondi: "Assim o farei".

Ele afastou Daniel de seu peito, lentamente, como se sentisse uma dor.

Peguei meu filho e o velho homem me disse: "Deus o abençoe, senhor. Você me deu um presente maravilhoso."

Não pude dizer mais que um entrecortado "Obrigado".

Com Daniel nos meus braços, caminhei rapidamente até o carro.

Minha esposa perguntava por que eu estava chorando e segurando Daniel tão fortemente, e por que estava dizendo: "Deus meu, Deus meu, me perdoe."

Eu acabava de presenciar o amor de Cristo através da inocência de um pequeno menino que não viu pecado, que não fez nenhum juízo; um menino que viu uma alma e uns adultos que viram um montão de roupa suja...

Eu fui um cristão cego carregando um menino que não o era.

Eu senti que Deus estava me perguntando: "Estás disposto a dividir seu filho por um momento?", quando Ele compartilhou Seu Filho por toda a eternidade.

O velho andrajoso, inconscientemente, me recordou: “Eu asseguro que aquele que não aceite o reino de Deus como um Menino, não entrará nele”' (Lucas 18:17).

(Autor desconhecido)

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O e-mail do meu mentor



                                                         
Laurinha estava fazendo pesquisas no computador para sua aula de educação espírita, do Centro. Percebeu que existe uma infinidade de sites com muita informação sobre o que precisava. No entanto, começou a pensar em outras facilidades.

"A tecnologia está tão avançada agora. Bem que a gente podia ter mais facilidade para saber melhor das coisas. Mesmo com tanta informação, não conseguimos saber o que podemos fazer amanhã para melhorar o mundo."

Foi quando se dirigiu até a sala, refletindo:

– Pai, eu estava pensando... Seria tão legal se o plano espiritual fosse informatizado, não é?

O pai de Laurinha, que estava assistindo ao jornal, virou-se para a filha e disse:

– Como é? De onde você tirou essa idéia?

– Eu estava pesquisando umas coisas para minha aula na internet, mas seria bem mais legal perguntar tudo direto ao meu mentor. Se ele tivesse e-mail seria bem mais fácil. Será que lá não tem tecnologia?

– Ai, minha filha, a tecnologia de lá deve ser bem mais avançada.

– Se é mais avançada, eles devem ter e-mail.

– Não, filha, não foi isso que eu quis dizer – e foi logo interrompido.

– Como será que eu faço para descobrir o e-mail do meu mentor? Porque eu acho bem mais fácil escrever para ele do que ficar esperando a intuição. Acho que meu mentor não gosta muito disso. Eu não consigo me conectar com ele !

– Laurinha – falou seu pai sério – o plano espiritual tem mais o que fazer do que ficar se preocupando em como vai falar com você. Uma coisa é certa: a intuição é uma forma muito mais complexa de comunicação do que qualquer comunicação aqui na Terra.

– Olha, pai, pode até ser, mas pra mim é bem mais fácil pelo computador. Acho melhor a gente fazer uma campanha nos centros espíritas assim: "Comunique-se com seu mentor através do computador. Mande seu e-mail pra ele!" Já que eles estão sempre ligados a nós, a resposta é instantânea. Eu gostei da idéia!

– Filha, as coisas não são assim.

Laurinha começou a resmungar e fazer planos para a campanha. 

Então seu pai resolveu e a inquiriu:

– Por acaso, você já perguntou para os mentores se eles querem ter um e-mail?

– Não!

– Então, filha, quando somente uma parte quer, as coisas não acontecem, para dar certo os dois têm que querer.

– Tá bom!

Inconformada, a menina foi para o quarto, olhou para o computador e mentalizou o diálogo:

"Meu mentor, já que você está sempre perto de mim e está me ouvindo, que tal nos comunicarmos pelo e-mail?
Bem, na verdade, já que tudo aí é mais sofisticado, bem que você poderia fazer um site ‘MENTOR DA LAURINHA’, com uma senha só minha, podia também fazer um MSN. 
Assim a gente pode bater um papo nas suas horas vagas e já que você é o MEU mentor e é chique, bem que podia fazer um Orkut, colocar umas fotos da sua casa, pra eu saber melhor como é tudo isso aí.
Fala aí que você não gostou da idéia?"

(Tatiana Benites)



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O ato de bocejar na casa espírita



Um dos fenômenos que chama a atenção dos observadores atentos é o bocejo que muitas pessoas apresentam quando estão nos centros espíritas. Muito já se falou a respeito, mas quase ninguém conseguiu dar uma explicação lógica para o fato.

Em nossas reuniões mediúnicas observamos que nas ocasiões em que os médiuns estão sob má influência, eles bocejam com certa freqüência. Alguma coisa acontece com a organização física-perispiritual dessas pessoas, provocando o fenômeno.

Verificamos também que depois de darem passividade mediúnica, os bocejos cessam imediatamente, o que mostra que a causa se liga diretamente à fenomenologia da mediunidade.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, demonstrou que os fluidos perispirituais podem concentrar-se em alguns órgãos conforme a necessidade momentânea de cada criatura. 

Assim, por exemplo, se uma pessoa está correndo, os fluidos perispirituais estarão concentrados nos setores mais solicitados do corpo físico, tendo em vista o exercício em questão. Acontece o mesmo com outras atividades orgânicas.

Um outro momento em que o ser humano boceja é quando está com sono. Qual seria o mecanismo para essa ocorrência? Talvez, se explicarmos uma coisa, poderemos encontrar a resposta para a outra.

Pensamos que uma hipótese pode ser levantada para explicar tanto o fenômeno natural quanto o mediúnico.

É a do desequilíbrio fluídico do perispírito.

Achamos que o relógio biológico do organismo também funciona no corpo perispiritual. Aprendemos que o corpo físico é uma cópia grosseira do perispírito e, por isso, reflete toda a sua estrutura e mecanismos de funcionamento. Quando vamos dormir, alguma coisa nos coloca em condições para que o sono possa se estabelecer.

Possivelmente, é o relógio biológico que controla o fenômeno da sonolência física. Em determinados momentos e em certas situações, esse controlador natural do ser humano deve acionar um mecanismo fazendo com que haja uma concentração fluídica na área do cérebro, provocando um torpor na percepção da pessoa, predispondo ao sono. Essa concentração fluídica parece provocar o bocejo natural.

Ao chegar o momento de dormir, é comum bocejarmos algumas vezes antes de nos entregarmos ao sono. É sinal de que está chegando a hora de repousar o corpo físico que se encontra esgotado.

Depois que dormimos, o inconsciente assume as funções biológicas do organismo físico e o Espírito, em alguns casos, pode libertar-se das amarras que lhe prende à carne e até ter experiências no além. 

Durante o repouso a situação fluídica perispiritual tende ao equilíbrio, fazendo com que ao despertar, a criatura sinta uma agradável sensação de bem estar.


No caso do bocejo provocado por Espíritos, possivelmente ocorre algo parecido, por meio das ligações entre o Espírito desencarnado e o médium. Temos conhecimento de que essas ligações se fazem através do psiquismo.

Quando um medianeiro está sob má influência ou prestes a dar passividade a uma entidade desajustada, seu psiquismo fica como que impregnado de fluidos pesados, o que provoca um torpor mental semelhante ao sono físico, fazendo-o bocejar.

Já tivemos a oportunidade de receber tais tipos de influências nas atividades mediúnicas que desenvolvemos regularmente e nos foi possível sentir como elas agem contaminando o organismo perispiritual intensamente. Os bocejos são freqüentemente seguidos de um forte lacrimejamento e a sensação é de profundo mal estar.

Normalmente tais fenômenos ocorrem no período que antecede as atividades mediúnicas, principalmente no momento em que se está estudando o Evangelho. 

Depois do intercâmbio mediúnico, as impressões penosas cessam quase que imediatamente. Isso prova que elas estão ligadas à presença ostensiva de influências magnéticas baixas, que levam o perispírito do médium ao desequilíbrio fluídico. A "sujeira" energética concentra-se junto ao cérebro perispiritual e provoca um torpor artificial.

Quando observamos o fenômeno do bocejo nas sessões mediúnicas, geralmente ele está ligado a certas manifestações mediúnicas que vão acontecer na reunião.

Não são todas as manifestações de entidades necessitadas que provocam os bocejos. Nos casos pesquisados por nós, verificamos que se tratavam de Espíritos muito desesperados ou francamente maus que estavam junto dos médiuns.

Em outras situações, nos momentos que antecedem a palestra, por exemplo, observamos que o passe pode atenuar as ocorrências do bocejo. Ao derramar sobre o necessitado os fluidos salutares dos bons Espíritos, eles expulsam os fluidos malsãos que causam os bocejos, oriundos da atividade obsessiva.

Uma outra circunstância em que ocorrem os bocejos é nas ocasiões de benzimentos.

Existem um grande número de senhoras, chamadas benzedeiras, que aplicam passes em crianças recém-nascidas que apresentam uma contaminação fluídica, popularmente chamada "quebranto" ou "mau olhado".

O problema da criança acontece quando pessoas adultas, que possuem uma atmosfera fluídica malsã, ficam com a criança no colo por muito tempo. A energia ruim que circunda a pessoa contamina a atmosfera espiritual da criança. Isso deixa o bebê irritado, prejudica o seu sono e em certas situações pode causar desarranjos orgânicos.

Aos estudiosos mais conservadores, pode parecer que estamos falando de fantasias, mas a experiência demonstra que fatos são reais e perfeitamente explicáveis pela Doutrina Espírita.


Depois de alguns passes, normalmente a criança afetada volta à sua normalidade. Nada se faz de mais, a não ser derramar o fluido salutar dos bons Espíritos sobre a atmosfera malsã da criança, limpando-a dos fluidos nocivos.

Algumas benzedeiras têm o hábito de atrair o "mal" para elas. Depois de ministrarem o passe na criança, começam a bocejar seguidamente.

Afirmam que estão "limpando" a criança, mas na verdade o que fizeram foi agir com o pensamento, atraindo o fluido nocivo para a sua própria atmosfera psíquica, gerando na área do cérebro perispiritual o desequilíbrio fluídico que provoca os bocejos.

Em todas as crendices populares existe um mecanismo da grande ciência do Espiritismo, que pode ser pesquisado por observadores.

Pode-se afirmar com certeza, que toda pessoa que boceja seguidamente no momento da reunião mediúnica, se não estiver sob a influência do cansaço, está sob má influência espiritual. A investigação mediúnica desses fenômenos pode ser objeto de estudo das casas espíritas sérias.

( José Queid Tufaile Huaixan)

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12 agosto 2012

Dica de filme: "E a vida continua..."

Filme baseado no best-seller espírita "E a Vida Continua", escrito em 1968 pelo espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier. .
Estréia dia 14 de setembro nos cinemas.

Dica de livro: “O Valor Terapêutico de Contar Histórias - para crianças - pelas crianças”, de Margot Sunderland


Por que contar histórias é um meio tão eficaz de ajudar as crianças a lidar com seus sentimentos ?

De que recursos você pode se valer quando conta histórias?

Como criar a sua própria história terapeutica para uma criança?

O que fazer quando a criança lhe conta uma história ?

Que coisas devemos fazer e dizer ao trabalhar a história de uma criança ?

Este livro tem um valor inestimável, não apenas para profissionais que trabalham com crianças, mas também para pais que querem compreender melhor os sentimentos dos filhos.

Contar histórias pode ser um caminho para encontrar o coração de nossos pequeninos e ajudá-los a libertar suas dores e seus medos...

Editora Cultrix.

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Basta Um Dia - Clara Nunes


Os braços de meu pai


"Haverá lugar mais seguro no mundo, do que os braços de meu pai?

Haverá abraço mais forte, presença mais certa, do que a certeza de meu pai?

Depois de partir tantas vezes, depois de lutar tantas vezes, haverá outro lar para onde eu possa voltar, senão para a mansão do coração de meu pai?

Haverá professor mais dedicado, médico mais experiente, conselheiro mais sábio do que este?

Haverá olhos mais zelosos, ouvidos mais atentos, lágrimas mais sentidas, sorrisos mais serenos do que os dele?

Existirá mais alguém no mundo que lute por mim como ele? Que se esqueça de suas necessidades pensando nas minhas? Que esteja lá, em qualquer lugar, a qualquer hora, por seu filho?

Existirá mais alguém no mundo que renuncie a seus sonhos pessoais por mim, e que chegue até a tornar os meus sonhares os seus próprios, por muito me amar, e por muito querer me ver feliz? Existirá alguém?

Raros são os corações como o dele. Raro como a chuva durante a estiagem. Raro como o sol nas noites eternas dos pólos terrenos.”

*  *  *

Nossos pais são únicos. São destas almas que Deus, em sua bondade sem fim, coloca em nossas vidas, para torná-las completas.

Nossos pais são únicos. São as estrelas que permanecem no firmamento, dando-nos a beleza e a luz da noite, sem nada exigir em troca.

São tão valorosos, que mesmo após se tornarem invisíveis aos olhos, e serem vistos apenas em fotografias e sonhos, continuam conosco, com o amor de sempre, com o abraço seguro de todas as horas.

É por tudo isso que preciso lhe dizer, pai, não somente hoje, mais em todas as manhãs que a vida nos proporcionar; que se meus passos são mais certos hoje, é porque souberam acompanhar os seus; que se hoje sou mais responsável, é porque minha responsabilidade se espelhou na sua; e que se hoje sonho em ser pai, é porque tive em você a maior de todas as inspirações.

Não sabemos ao certo o tempo em que estaremos juntos, aqui, nesta jornada, mas saiba que nada me fará mais feliz no futuro do que reencontrá-lo, tantas e tantas vezes, em tantas e tantas vidas, porque jamais existirá lugar mais seguro no mundo, do que os seus braços, meu pai querido.

Minhas preces têm em seus versos o seu nome.

Meu espelho tem as feições que seu semblante me emprestou.

Minha fé tem a sua certeza, a sua confiança.

Meu coração tem as sementes das suas virtudes, e o livro da história de minha felicidade, tem em todas suas páginas, a palavra “pai”.


(Redação do Momento Espírita, com base no poema “Os braços de meu pai” – autor desconhecido)


11 agosto 2012

Envelhecer...

  
Nunca tive medo de envelhecer.

De ver as mãos enrugar em sabedoria.

Dos cabelos ficarem brancos como as nuvens que embelezam o céu.

Nunca tive medo das pernas não terem força depois de ter corrido tanto por uma longa vida feliz. Nem da visão ficar turva pra guardar apenas na memória a beleza das flores. Envelhecer, pra mim, é presente de Deus.

Meu medo é de dormir no amor, e vê-lo amanhecer velho.

Da paixão esquentar o sangue durante à noite, e amanhecer velha.

Medo da esquizofrenia das palavras envelhecidas em mim e nas pessoas.

Medo de que a minha esperança sofra do mal de Alzheimer, e se perca por aí.

Medo do coração enrugar de propósito, pela resistência ao amor, à generosidade, à afetividade e a fé.

Minha maior tristeza é  ver envelhecer em mim vontade de ser constantemente melhor para àqueles que merecem que eu seja. De não reconhecer minha felicidade no espelho. Que meu respeito e amor próprio precisem de muletas, de óculos de grau e de cuidados especiais de enfermeiros.

Tenho medo de  ver envelhecer em mim a coragem de cumprir meus objetivos.

De que esta mesma coragem permita que fios de cabelos brancos sejam uma desculpa para não sair mais de casa. Medo de que a minha alegria perca a visão aos poucos, de que a minha imaginação sofra de Parkinson, e assim, trêmula, desista de existir.

Tenho medo da velhice da educação e do respeito entre as pessoas. 

De  que estas coisas fiquem preguiçosas e não queiram se manifestar.

Mas, envelhecer com o tempo entregue por Deus, não temo.

Quero ver os filhos dos meus filhos brincando com a minha lentidão nas pernas e com minhas gargalhadas tranqüilas.

E, que o mesmo tempo que vier me tirar as cores dos cabelos e a firmeza nas palavras, não me impeça ser sempre uma criança na alma.


(Camila Heloíse)





O valioso tempo dos maduros


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,

Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!


(Mario de Andrade) 


07 agosto 2012

A carta de despedida


Uma carta escrita em um momento de desespero assinalaria o final de uma existência.

Entre prantos e lágrimas, eram narradas todas as dificuldades de uma jornada marcada por desilusões e infelicidades.

Finalmente acabaria com essa trajetória trágica, não mais haveria dor.

Ficariam para trás todos aqueles que foram os seus algozes. Sim, não haveria outra saída para uma existência marcada por tanto sofrimento.

Contudo havia um problema, para quem escreveria aquela carta? Em meio a tanta dor, não se lembrava de um amigo. Aliás, se o tivesse, não precisaria recorrer a esse último recurso. Isto fortalecia sua decisão, não havia motivo para continuar, queria o descanso eterno.

Porém, o problema continuava: quem receberia sua carta?

De repente, em meio ao seu desequilíbrio, teve uma idéia: colocaria no correio enviando para sua própria pessoa, e quando chegasse executaria a ação derradeira.

Saindo para o correio percebeu que o céu estava com um lindo azul e que algumas aves voavam apesar da poluição da cidade, não encontrando uma árvore sequer para os seus ninhos. Algumas flores, mesmo estando em terreno árido, insistiam em apresentar as suas cores.

Suas observações foram interrompidas por uma colisão. Batendo em uma pessoa que vinha em direção oposta derrubou a carta, a qual se misturou com tantas outras cartas que a pessoa trazia.

Pegou a carta e resmungando, "Nem para morrer se tem paz".

Decidiu, então, não prosseguir para o correio, voltaria para casa e deixaria a carta exposta, testemunha de sua dor para quem a encontrasse.

Ao chegar em casa percebeu que aquela não era a sua carta; na colisão pegou a errada.

E agora, quais serão as suas últimas palavras?

Parou para ler a carta trocada e espantou-se com o que encontrou. A carta dizia:

"Meu Deus, como posso lhe agradecer a presença amorosa em todos esses anos de vida? É verdade que foram anos difíceis, mas nunca me abandonastes, mesmo nos momentos de dor e solidão sempre encontrei Tua presença, aliviando o meu fardo.

Hoje me arrependo por um dia ter pensado em pôr fim a minha vida, atentado contra Tua Lei esquecendo-me que a morte não existe.

Agora compreendo a necessidade de experiências difíceis para o meu crescimento. Por isso gostaria de fazer algo de bom. Pensei em escrever várias cartas pela cidade transmitindo o seu amor. Confio que me guiarás para chegar às pessoas que necessitam.

Estou feliz, não porque as dores acabaram, mas porque encontrei a Tua companhia e com ela vencerei todos os obstáculos.

Irmão que recebeste esta carta confie, ore e prossiga. Não existem males intermináveis e nem dores infinitas; a cada porta que se fecha novas luzes entram por outras janelas que se abrem.

Confie, Deus guiará o seu caminho, lhe retirando as estradas das trevas para o caminho da luz.

Lembre-se que nenhuma ovelha se perderá".


Ao terminar a leitura chorou de arrependimento e conversou com o Pai de Infinita Misericórdia.

Novas energias chegaram ao seu coração, que se acalentou.

Então, percebeu que há muitos dias não abria as suas janelas, havia se fechado para a vida. Correu e abriu as janelas, deixando a luz entrar e retomou a vida, agradecendo a Deus por ela e por aquela carta que lhe trouxera nova direção.

(autor desconhecido)