"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

31 outubro 2012

A Guerra ainda não acabou...




Aos poucos fui recobrando a consciência. 

Sons iam e vinham, preenchendo minha mente, parecendo penetrar por todos os lados.

Estava deitado de bruços, com a cara enterrada numa poça de lama. Ergui-me com certa dificuldade e a cena que vi era grotesca. 

Meu avião, ou o que restava dele, estava mais adiante, com a cauda ao vento, apontada para o céu.

O céu, por sua vez, estava marrom alaranjado e apesar de saber que era dia ainda não encontrei o sol em ponto algum.

As bombas dos aviões que permaneciam em combate continuavam a cair em todos os lugares com seu barulho ensurdecedor e sua nuvem negra de destruição. 

Fiquei ali sentado por algum tempo, ainda desnorteado com tudo o que se passava em minha volta sem, porém, sentir dor ou medo.

Soldados alemães iam e vinham aos gritos e pareciam não me ver, era como se eu não estivesse ali. Outros tantos, pareciam, como eu, perdidos ou mesmo abobados. 

Levantei-me e pus-me a caminhar, disposto a sair dali. A esta altura já sabia não mais pertencer ao mundo material, porque ao passar pelos restos do meu avião vi meu corpo ainda lá dentro, metralhado e mutilado pela queda.

"Devo ter morrido instantaneamente", pensei.

Aí é que me dei conta da ironia da situação. Eu havia morrido de repente e estava ali parado, indiferente a aquele inferno. Nunca mais veria ninguém a quem amava e nem poderia avisar a meus pais e a minha noiva. 

Simplesmente fui abatido e morri em pleno vôo e não tinha a mínima consciência de como cheguei ao chão sem ver nem sentir nada. Agradeci a Deus por isto e segui caminhando.

Tropecei em alguma coisa na escura confusão da batalha e caí de quatro. Virei-me para ver o que me derrubara e meus olhos fixaram-se no olhar de um jovem soldado alemão, que jazia preso ao corpo ensangüentado. 

Ele pôde me ver claramente, embora ainda estivesse vivo e preso ao corpo, qual casulo inútil que não mais o levaria a lugar algum.

Vi em seu olhar o pavor e o sofrimento intenso, mas nada pude fazer por ele naquele momento e segui meu caminho, por um momento sentindo grande satisfação pelo meu desenlace ter sido tão diferente do daquele infeliz. 

Estremeci só de pensar quanto tempo ele ainda teria que ficar preso ao corpo naquela situação.

Caminhei dias a fio sem comer e sem dormir e fiquei surpreso em não sentir fome ou cansaço. 

Passei por muitos homens e mulheres vivos e mortos, alguns ainda presos ao corpo, outros relutantes em abandoná-lo, como a querer voltar à vida física.

Acabei encontrando ajuda depois de orar e pedir perdão por meus erros. 

Assusta-me, porém, saber que para muitos a batalha que me tirou a vida ainda não acabou. 

Basta retornar aos campos de determinadas áreas da Alemanha e espectros de pobres soldados ainda podem ser facilmente encontrados em combate, enclausurados num mundo plasmado por sua própria mente doentia, aprisionados no passado.

Mesmo nós, espíritos de luz, temos dificuldade em penetrar neste mundo surreal para oferecer ajuda. 

Tudo o que podemos fazer é entrar em cena e esperar que nosso irmão soldado nos veja, compreenda quem somos e aceite sinceramente o nosso auxílio.

Todos os dias percorremos estes campos de batalha imaginários e esperamos, orando e pedindo as bênçãos de Deus.

Como vêem pela minha narrativa, a 2ª guerra ainda não acabou para muitos desencarnados. 

É o preço de de um doutrina imposta desde a mais tenra infância, uma crença onde impera a supremacia racial, o desprezo pelo ser humano com aparência diferente, a ausência da caridade e dos ensinamentos do Cristo.

Peço, pois, a todos os que lerem esta mensagem, que, na medida do possível, incluam em suas orações os soldados alemães perdidos. 

Isto ajudará a intensificar as nossa vibrações e acelerará o processo de resgate e de encerramento deste doloroso e estúpido processo de guerra. 

Mas, mesmo com toda a ajuda que pudermos receber, ainda dependemos basicamente de uma só atitude que deve partir dos soldados infelizes: aceitar a ajuda que esta sendo oferecida.

O resto fica por nossa conta, que, como o Cristo que nos guia, temos prazer em servir, mesmo a aqueles que no passado tentaram roubar a nossa terra e tiraram as nossas vidas.

Obrigado por esta oportunidade e rezem por nós!

John M.


(Psicografado por: Cleber P. Campos)



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