"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

31 maio 2012

Ver e enxergar


Foi numa tarde cinzenta que me despedi deste mundo físico em minha última encarnação.

Eu caminhava no meio da rua entre escombros e lixo quando um morteiro estourou bem a meu lado. Meu corpo foi atirado em direção à calçada, batendo numa parece e caindo no chão, como um boneco.

Assustado, ofegante de pavor, levantei-me de pronto, sacudi a poeira das roupas e saí correndo dali, escondendo-me no primeiro porão que achei.

Meus ouvidos zumbiam ferozmente. Sentia um leve enjôo.

Pus-me a olhar a rua pela clarabóia e vi tropas marchando na rua, saindo da cidade.

Curiosamente, os soldados carregavam figuras esquisitas, algumas muito escuras, penduradas a eles. Fiquei aterrorizado ao notar que aquelas figuras me viam e acenavam para mim. Quem eram eles?

Quando a tropa se foi, saí à rua e pude vislumbrar cores e sombras diferentes, além de aromas que jamais percebera antes.

Caminhei muito até perceber uma intensa luz vinda de uma das casas. Aproximei-me e vi que a casa parecia ter uma conexão iluminada que seguia até o céu.

Muitos aglomeravam-se na porta, sem conseguir entrar. Não havia ninguém impedindo, mas eles simplesmente não conseguiam passar da porta.

Fui chegando perto, pedindo licença aqui e ali e parei diante da porta.

Lá dentro, um velho soldado num reluzente uniforme polonês, estendeu-me a mão.

Entrei. Encantei-me e nunca mais desejei sair.

Graças a Deus, pude imediatamente começar a trabalhar e a auxiliar.

Existem ainda muitos amigos pelo mundo afora que vêem a luz, mas nada enxergam quando colocados diante dela.

Um abraço a todos.

D.I.K.

* * *

Autor: D.I.K.
Psicografado por: Cleber P. Campos
REFERÊNCIA: 2ª Guerra




Just the way you are - Billy Joel


Saudades sempre...


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29 maio 2012

Pensamentos e suas formas


Se vibro a luz, elas levam luz, se vibro as trevas, elas levam trevas.”

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Cada pensamento projetado é aferido de energia própria.

E se desenvolve com a influência do próprio dono. Eles habitam em torno dele como uma manifestação animada dos pensamentos que projeta.

André Luiz cita em seus livros, quando iniciou seus estudos no mundo espiritual, que as emoções e os pensamentos projetados por uma pessoa manifestam-se no astral e, muitas vezes, são confundidos com espíritos, tal é a diversidade de formas e cores que se apresentam.

O conteúdo moral dos pensamentos projetados determina as formas exteriorizadas captadas pelos médiuns videntes.

Sentimentos de ódio ou amor, felicidade ou tristeza, agressividade, medo e rancor, cada pensamento produz uma imagem específica, desde as formas ternas até as aparências monstruosas e horrendas.

As formas-pensamento são plasmadas em matéria sutil imperceptível ao nosso olhar. Elas são capazes de se movimentar, e, de certo modo, interagir com o meio em que se manifestam enquanto receberem injeções de vibrações do projetante.

O homem não tem a menor idéia do potencial do seu pensamento. Ele atua como uma força e pode prejudicar ou ajudar bastante a vida do ser humano.

Se o meu pensamento está concentrado em uma determinada coisa, local ou pessoa, a forma criada por este pensamento, estará projetada na direção desse objetivo e ficará lá trabalhando, influenciando o foco desejado.

Se vibro a luz, elas levam luz, se vibro trevas, elas levam as trevas.

Mas o que não podemos esquecer é que a situação emocional da pessoa que emite o desejo é que molda a forma-pensamento. Vários videntes afirmam presenciar cenas de formas monstruosas acompanhando determinadas pessoas.

Se a pessoa concentra seus pensamentos em si mesma, eles ficam a sua volta influenciando-lhe e interagindo com ele, constantemente.

Isso mostra que o mal está em primeiro lugar junto de nós.

Depois é que ele se multiplica, espalhando-se ou atraindo as energias que vibram na mesma faixa e sintonia de pensamento.

É desta forma que os obsessores nos reconhecem e chegam até nós, com suas influências.

Tudo o que existe é criado primeiro no pensamento.

Somente depois de idealizado é que é transportado para a realidade. Porém, o que as pessoas desconhecem é que, ao pensarem, já estão criando algo real. Caso não destruam este pensamento, ele continuará lá, vagando ao lado de quem o projetou, com a forma e as cores que o seu dono criou, aguardando receber o seu comando para se manifestar.

E como o pensamento do ser humano muitas vezes é vicioso e deprimente, ou até mesmo mal e egoísta, é mesmo difícil se livrar das formas plasmadas. De simples dores de cabeça a acidentes fatais. Tudo é criado por quem projeta o pensamento.

Ninguém deseja atrair coisas ruins, apesar de na maioria das vezes, ser o responsável direto pelos acontecimentos desagradáveis ocorridos em sua vida, porém esses fatos são atraídos de forma inconsciente. Fatos que poderiam ser evitados, se a mente humana fosse educada para pensar corretamente.

Nota-se que há grande preocupação por parte de escritores, em ajudar seus leitores na programação da mente de forma que ela funcione em perfeita sintonia, mudando o padrão vibratório, evitando a formação de formas-pensamentos negativas, e projetando para si, somente as boas vibrações com energias semelhantes.

Porém, nós Espíritas não podemos esquecer que, para nos livrar definitivamente deste mal, a Doutrina recomenda, sobretudo, a Reforma Íntima.

Não adianta dizer para si mesmo: tenho pensamento positivo, vai dar tudo certo! se, intimamente, alimenta sentimentos de mágoa, rancor, revolta e desânimo.

As formas-pensamentos serão plasmadas segundo os sentimentos do espírito, continuando a atrair negatividade para a pessoa. O pensamento positivo funciona, no entanto, quando a pessoa foca em mudar suas disposições íntimas para o perdão, a tolerância, a caridade, conforme nos orienta o Evangelho Segundo o Espiritismo Capítulo IX.

Aí sim, tendo plasmado em torno de si formas iluminadas, o direcionamento delas em busca de realizações se torna mais eficiente.


(Revista Espiritismo)





O menino e as estrelas-do-mar



Um escritor morava numa praia tranqüila.

Era o seu refúgio para buscar inspiração e para trabalhar longe da agitação da cidade.

Certo dia, viu um vulto que parecia dançar à beira d'água.

Ao chegar perto, reparou que o tal vulto era, na verdade, um menino que jogava estrelas-do-mar de volta para a água.

Intrigado, perguntou ao menino o que ele estava fazendo.
-Você não vê!? ... disse o garoto. E completou: 
-Com este calor, as estrelas-do-mar irão morrer na areia.

O escritor ficou espantado e disse:
-Mas há muitos quilômetros de praia por todo o mundo e milhares de estrelas-do-mar por suas areias espalhadas
Que diferença vai fazer devolver umas dez ou vinte se tantas outras irão morrer?
Isto parece não ter sentido.

Aí o menino olhou para o homem, pegou mais uma estrela-do-mar e jogou de volta para a água. E disse:
-Para esta eu fiz a diferença...

O escritor sentiu como se algo o tivesse atingido lá no fundo da alma.

Saiu dali pensativo. Não conseguiu dormir naquela noite.

Pela manhã, lá estava o vulto dançando novamente na praia.

Vagarosamente o homem foi chegando; timidamente juntou uma estrela-do-mar e jogou para a água...

E em poucos minutos dois vultos dançavam nas areias de uma praia tranqüila.


(Autor desconhecido)


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Mediunidade é parceria.
O que muitos médiuns não entendem é que essa parceria não se dá apenas no momento do transe. 
Quando falamos em parceria, significa que o médium deve modificar profundamente a sua vida [...]
O médium deve ser parceiro dos espíritos, mas também precisa ser parceiro da honestidade, da harmonia, da fé, da vida digna, do sacrifício e da renúncia.

(Klaus)

(por Agnaldo Paviani, em “Falando Francamente – Um Novo Olhar sobre as Vivências Mediúnicas”) 


Abrir os horizontes...


Não se faz ciência espírita concordando sempre com os espíritos. 
É preciso desenvolver o espírito de análise, de pesquisa. 
É necessário romper as barreiras do convencionalismo e apresentar-se ao mundo como um cientista da alma.

(Joseph Gleber)

(por Robson Pinheiro, em “Além da Matéria”)

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Dica de vídeo: Documentário - "Arquitetura da Destruição", de Peter Cohen


Devemos relembrar os erros cometidos na História da Humanidade para não repeti-los.

O documentário de Peter Cohen, que levou sete anos coletando imagens para produzi-lo, é considerado um clássico no que se refere ao nazismo.

No entanto, não se trata de mais um estudo puramente histórico do regime, e sim, uma busca de explicação do fenômeno alemão por meio da “estética nazista”, da arte e da arquitetura, nos planos de Adolf Hitler. 

Vemos neste documentário, a busca do nazismo pela perfeição estética, pela pureza do corpo, não importando o preço. O desejo de embelezar o mundo, destruindo o mundo pré existente, nem que para isso fosse preciso destruir milhões de pessoas.

Além do sentimento de perplexidade ao assisti-lo, há também a necessidade de repassar às gerações mais novas os ensinamentos dolorosos que ficaram para a Humanidade e que não devem ser esquecidos jamais.



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27 maio 2012

Num sábado de 1981



A lição que passaremos hoje para o papel, não ocorreu propriamente à sombra do frondoso abacateiro onde, habitualmente, Chico Xavier realiza o culto evangélico, em pleno coração da Natureza.

O que iremos narrar, tão fielmente quanto possível, ouvimos num sábado à noite no "Grupo Espírita da Prece", logo após o contato fraterno com os irmãos que residem nas imediações da "Mata do Carrinho", o novo local onde as nossas reuniões vespertinas estão sendo realizadas.

Um casal aproximou-se do Chico; o pai sustentando uma criança de 1 ano e meio nos braços, acompanhado por distinto médico espírita de Uberaba.

A mãe permaneceu a meia distância, em mutismo total, embora com alguma aflição no semblante.

O médico, adiantando-se, explicou o caso ao Chico: a criança, desde que nasceu, sofre sucessivas convulsões, tendo que ficar sob o controle de medicamentos, permanecendo dormindo a maior parte do tempo; em conseqüência, mal consegue engatinhar e não fala.

Após dialogarem durante alguns minutos, o Chico perguntou ao nosso confrade a que diagnóstico havia chegado.

— Para mim, trata-se de um caso de "autismo" — respondeu ele.

O Chico disse que o diagnóstico lhe parecia bastante acertado, mas que convinha diminuir os anticonvulsivos mesmo que tal medida, a princípio, intensificasse os ataques. 

Explicou, detalhadamente, as contra-indicações do medicamento no organismo infantil. Recomendou passes.

— Vamos orar - concluiu.

O casal saiu, visivelmente mais confortado, mas, segurando o braço do médico nosso confrade, Chico explicou a todos que estávamos ali mais próximos:

— O "autismo" é um caso muito sério, podendo ser considerado uma verdadeira calamidade. Tanto envolve crianças quanto adultos... Os médiuns também, por vezes, principalmente os solteiros, sofrem desse mal, pois que vivem sintonizados com o Mundo Espiritual, desinteressando-se da Terra...

"É preciso que alguma coisa nos prenda no mundo, porque, senão, perdemos a vontade de permanecer no corpo..."

E Chico Xavier exemplificou com ele mesmo:

- Vejam bem: o que mais me interessa na Terra? A não ser a tarefa mediúnica, nada mais. Dinheiro, eu só quero o necessário para sobreviver; casa, eu não tenho o que fazer com mais uma... Então, eu procuro me interessar pelos meus gatos e meus cachorros. Quando um adoece ou morre, eu choro muito, porque se eu não me ligar em alguma coisa eu deixo vocês.

Ele ainda considerou que muitos casos de suicídios, tem as suas bases no “autismo”, porque a pessoa vai perdendo o interesse pela vida, inconscientemente deseja retornar a pátria Espiritual, e para se libertar do corpo, que considera uma verdadeira prisão, forçando as portas da saída.

E o Chico falou ao médico:

— É preciso que os pais dessa criança conversem muito com ela, principalmente a mãe. É necessário chamar o Espírito para o corpo... Se não agirmos assim, muitos Espíritos não permanecerão na carne, porque a reencarnação para eles é muito dolorosa...

Evidentemente que não conseguimos registrar tudo, mas a essência do assunto é o que está exposto aqui.

E ficamos a meditar na complexidade dos problemas humanos e na sabedoria de Chico Xavier.

Quando ele falava de si, ilustrando a questão do "autismo", sentimo-lo como um pássaro de luz encarcerado numa gaiola de ferro, renunciando à paz da grande floresta para entoar canções de imortalidade aos que caíram invigilantes, no visgo do orgulho ou no alçapão da perturbação.

Nesta noite, sem dúvida, compreendemos melhor Chico Xavier e o admiramos ainda mais.

De fato, pensando bem, o que é que pode interessar na Terra, a não ser o trabalho missionário em nome do Senhor, ao Espírito que já não pertence mais à sua faixa evolutiva?!

O espírito daquela criança sacudia o corpo que convulsionava, na ânsia de libertar-se...

Sem dúvida era preciso convencer o Espírito a ficar... 

Tentar dizer-lhe que a Terra não é tão cruel assim... 

Que precisamos trabalhar pela melhoria do homem.

(Carlos A. Baccelli)

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( Extraído do livro "Chico Xavier, à sombra do abacateiro" - Francisco C. Xavier\Carlos A. Baccelli, Ed. IDEAL)


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Dica de livro: "Chico Xavier, à sombra do abacateiro", de Carlos A. Baccelli


Durante quase 6 anos, Carlos Baccelli anotou as palavras inspiradas de Chico sob o abacateiro.

E neste livro ele as registrou de uma forma simples e elucidativa.

Temos então reunidas várias palestras pronunciadas pelo médium Francisco Cândido Xavier, nos cultos de Evangelho e assistência realizados aos sábados em Uberaba, Minas Gerais, sob a inspiração e supervisão do espírito de Emmanuel.

Leitura recomendadíssima!

Editora IDEAL.

Segue um pequeno trecho introdutório do livro.

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Este livro foi escrito semana após semana, no espaço de seis anos, de 1980 a 1985. 

Aqui estão reunidos 51 capítulos que selecionamos, entre muitos outros que nos foi possível registrar ao longo desse tempo, em nossos inesquecíveis encontros com Chico Xavier, à sombra do abacateiro.

Desejamos esclarecer que as preleções do nosso querido Chico foram sendo anotadas por nós enquanto ele as proferia, sob a inspiração de Emmanuel, sem que nos valêssemos de gravador. 

Assumimos o papel voluntário de um simples "secretário", interessado em passar para os amigos os temas de nossos diálogos, para que essas pérolas doutrinárias geradas pelo fiel medianeiro do Cristo não se perdessem, o que seria profundamente lamentável.

Lendo os capítulos deste volume os irmãos haverão de compreender os nossos esforços e perdoar as nossas muitas falhas.

Estas anotações, reconhecemos, poderiam ser melhores e mais completas, mas fizemos o que estava ao nosso alcance e, de certa forma, este pensamento nos tranqüiliza. [...]

Carlos A. Baccelli

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Tendo medo


 "E, tendo medo, escondeu na terra o talento..." Mateus, 25:25

Na parábola dos talentos, o servo negligente atribui ao medo a causa do insucesso em que se infelicita.

Recebera mais reduzidas possibilidades de ganho.

Contara apenas com um talento e temera lutar para valorizá-lo.

Quanto aconteceu ao servidor invigilante da narrativa evangélica, há muitas pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar no mundo como desejariam. 

E recolhem-se à ociosidade, alegando o medo da ação.

Medo de trabalhar.

Medo de servir.

Medo de fazer amigos.

Medo de desapontar.

Medo de sofrer.

Medo da incompreensão.

Medo da alegria.

Medo da dor.

E alcançam o fim do corpo, como sensitivas humanas, sem o mínimo esforço para enriquecer a existência.

Na vida, agarram-se ao medo da morte.

Na morte, confessam o medo da vida.

E, a pretexto de serem menos favorecidos pelo destino, transformam-se, gradativamente, em campeões da inutilidade e da preguiça.

Se recebeste, pois, mais rude tarefa no mundo, não te atemorizes à frente dos outros e faze dela o teu caminho de progresso e renovação.

Por mais sombria seja a estrada a que foste conduzido pelas circunstâncias, enriquece-a com a luz do teu esforço no bem, porque o medo não serviu como justificativa aceitável no acerto de contas entre o servo e o Senhor.

(Emmanuel)


(Psicografia: Chico Xavier. Da obra: Fonte Viva.)


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Vítimas e algozes

  
Nunca houve, em época alguma, tantas vítimas como nos dias atuais.

Deixando de lado as grandes tragédias, as guerras e ações criminosas partamos para análise de algo mais simples e do cotidiano das criaturas.

O ladrão rouba porque a sociedade não lhe deu meios para obter boas escolas, bons empregos ou mesmo um modesto emprego, portanto, achando-se no direito de roubar. Sente-se vítima da sociedade e da vida.

O marido trai a mulher porque ela não mais lhe atrai fisicamente, não lhe dá atenção que precisa, não o compreende. 

A mulher procura romance extra conjugal porque descobriu que o marido não é sua alma gêmea, só pensa em trabalho, não lhe valoriza, etc. Por fim, traem-se geralmente por motivos que são quase sempre, externos. Do outro.

Um amigo não fala mais com seu amigo porque ele não dá retorno. Não telefona mais e nem envia e-mails. 

"Não dou mais porque não recebo nada em troca".

Ficamos constantemente chateados porque alguns companheiros, familiares ou mesmo nosso amor profundo não nos dão atenção como antes.

O que fazemos?

Emburramos, fechamos a porta e levantamos altos muros cercados de arames farpados intransponíveis e depois reclamamos: "Por que nos esqueceram e não nos procuram mais?"

Todos se consideram injustiçados. 

Seria de se perguntar por que Deus permite que haja tantos sofredores, tantas criaturas só recebendo maldade alheias.

Mas poucos percebem que quando reagem à sua condição de "vitimas" mudam-se os papéis.

Tornam-se algozes. 

Por mais ligths sejam suas atitudes, por maiores sejam as razões que possuam.

Desde que descobrimos que há uma lei imutável que se chama a Lei do Retorno, tudo que recebemos é o que damos, não há probabilidade alguma de existir vítimas no universo inteiro e na própria Terra.

Nós somos os autores de tudo que nos acontece.

 Somos apenas vítimas de nossos erros, de nossas atitudes falhas que geraram atitudes dos outros que não gostamos.

 Muito sábia a frase que corre pela Internet: "Se não está gostando do que anda recebendo, analisa o que está doando." (desconheço a autoria)

Não julgar. É uma das lições mais difícil de ser aprendida, mas havemos que absorver para não desperdiçar a oportunidade de ouro de evoluir nesta mesma vida, superando a condição de homens ainda animalizados nas vinganças pequenas ou grandes.

A atitude certa é a de procurar um entendimento com o outro. 

Dialogar, abrir o coração e expor o que está sentindo para que não haja má interpretação de ambas as partes. Muitas separações e dores seriam evitadas com esta decisão.

Esta nova geração que está nascendo já está nos ensinando a pureza dos anjos e das crianças; daquelas que não se ofendem por coisa alguma; amam sem nada pedirem em troca.

Ensinam-nos que amar o outro é amar a nós mesmos, julgar o outro é julgar a sombra que possuímos.

Hoje não mais aprendemos com os idosos que ainda trazem muitos erros das gerações passadas. Agora são as crianças que nos ensinam.

Aprendamos enquanto há tempo.

A amar e a compreender, lembrando sempre que nunca fomos vítimas em tempo algum.
                                                                                                               

(Miryã Kali/ MLucia)


Fonte:  http://portaldemirya2.blogspot.com.br/                                                                                                                                  




                                                                                               

24 maio 2012

A pipa e o vento


Comenta o Dr. R. Brasch:

“Precisamos lembrar que não somos os únicos que estamos diante de um problema quase insolúvel.
Mas, da mesma maneira que uma pipa só consegue levantar voo quando é colocada contra o vento, mesmo o pior de nossos problemas serve para nos elevar a um degrau mais alto.
Não podemos esquecer nunca que outras pessoas já atravessaram momentos tão insuportáveis como o que estamos passando agora; se elas conseguiram, nós também vamos conseguir”.

(Paulo Coelho)

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Windmills of your Mind - Barbra Streisand

A oração que Deus ouve...


Por que temos às vezes a impressão que a oração não passa do teto da casa?

Por que tantas palavras parecem inúteis ou imensos gritos mudos, onde a resposta fica em algum lugar, mas sempre distante daquele que estamos?

Não é a quantidade de palavras que usamos, nem o tempo que passamos de joelhos que torna nossa oração mais verdadeira, ou mais acessível a Deus.

Deus não vê palavras bonitas, não se interessa por vocabulários ricos e citações difíceis.

Ele ouve o coração.

O que a boca diz, o que a mente recita podem ser meros desejos humanos e, por  essa mesma razão, não passam dessa esfera em que nos encontramos.

Nossa ansiedade e urgência por respostas colocam barreiras entre Deus e nós.

Pedimos o que queremos e perdemos a humildade de aceitar o que Ele tem para nos oferecer, se isso vai de encontro ao que desejamos.

Oração é petição, mas nosso orgulho transforma o pedido em desejo único e incontestável.

Muitas respostas que não vem são somente "nãos" que não quisemos interpretar como tal, o que torna nosso calvário mais longo, pois continuamos esperando e esperando... e carregamos no peito essa amarga sensação de que Ele não nos ouve, que nossa oração é vazia e inútil.

Mas aprendi nesse caminho que a oração que Deus ouve é aquela que vai do nosso coração ao Seu coração.

Ela não vai a Deus, mas O traz a nós, o que faz uma grande diferença para nosso crescimento espiritual e pessoal.

Assim nosso coração aceita que talvez tenhamos nos enganado de caminho, como tantas vezes nos enganamos na vida, mas que Deus, na Sua infinita sabedoria soube agir por nós.

( Letícia Thompson)

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20 maio 2012

Amizade Desconhecida...




Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital.

Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões.

Sua cama estava junto da única janela do quarto. O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas.Os homens conversavam horas a fio.

Falavam das suas mulheres e famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias...

E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela.

O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a atividade e cor do mundo do lado de fora da janela.

Segundo a descrição, a janela dava para um parque com um lindo lago.

Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Arvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma tênue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte.

Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava a pitoresca cena.

Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar.

Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, ele conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas.

Dias e semanas passaram. Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia.

Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo. Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca.

Depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, a enfermeira deixou o quarto. Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora.

Fez um grande esforço e lentamente olhou para o lado de fora da janela...que dava, afinal, para uma parede de tijolo !

O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela.

A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede. "Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem...".

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Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é dobrada.

Se te queres sentir rico, conta todas as coisas que tens que o dinheiro não pode comprar.

A origem desta carta é desconhecida...


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Rubem Alves e a Educação...


O estudo da gramática não faz poetas. 
O estudo da harmonia não faz compositores. 
O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas. 
O estudo das "ciências da educação" não faz educadores. 
Educadores não podem ser produzidos. 
Educadores nascem. O que se pode fazer é ajudá-los a nascer. 
Para isso eu falo e escrevo: para que eles tenham coragem de nascer...

(Rubem Alves)

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Amai-vos e instrui-vos


Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo (Espírito de Verdade, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5).

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Anda circulando na internet (sendo sua autoria atribuída a Leo Buscaglia, no livro "Vivendo, Amando e Aprendendo") o seguinte texto:


"Terminada a última guerra mundial foi encontrada, num campo de concentração nazista uma mensagem dirigida aos professores:

Prezado Professor, sou sobrevivente de um campo de concentração.
Meus olhos viram o que nenhuma pessoa devia presenciar.
Câmaras de gás construídas por engenheiros ilustrados.
Crianças envenenadas por médicos instruídos.
Bebês mortos por enfermeiras treinadas.
Mulheres e bebês mortos a tiros por ginasianos e universitários.
Assim, desconfio da educação.
Meu pedido é o seguinte: ajudem os seus discípulos a serem humanos.
Os seus esforços nunca deverão produzir monstros cultos, psicopatas hábeis ou Eichmanns instruídos.
Ler e escrever, saber História e Aritmética só são importantes se servem para tornar os nossos estudantes humanos".


Que texto mais pertinente!

Escrito na década de 1940, esse apelo se faz importante até os dias de hoje.

É visível a preocupação de alguns segmentos da sociedade sobre os caminhos de nossa Educação. 

A própria UNESCO, através do relatório realizado por uma Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, coordenado por Jacques Delors, alerta: são necessários quatro pilares para sustentar a Educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser.

Não basta conhecer, nem saber fazer. A convivência, o respeito aos outros e à diferença são fundamentais, assim como se conhecer, aprendendo a ser, tendo atitude, postura, completude, corpo e alma, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade e espiritualidade.

Mas alguém já havia falado sobre isso há algum tempo…

No Evangelho Segundo o Espiritismo, O Espírito de Verdade, em mensagem de 1860 , disse: "Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo".

Vejam só: Amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Antes e acima de tudo: amai-vos.

De que adianta saber fazer coisas se não se sabe para quê fazê-las?

O risco de se ignorar esse primeiro ensinamento é aquele comentado na carta acima. Médicos e enfermeiras, que poderiam curar, matando seus irmãos… 

Engenheiros que poderiam estar construindo para o crescimento do bem-estar social, também eliminando seus semelhantes…
Faltou amor.

Também no Livro dos Espíritos (perg. 685a) 4, Allan Kardec retoma essas questões, falando sobre a importância da educação moral, do respeito aos semelhantes e a si mesmo:


"Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral.
 Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.
Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freios e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as conseqüências desastrosas que daí decorrem?
Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis.
A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos".


E Kardec completa, comentando a questão 917 do mesmo Livro dos Espíritos 4:
"Faça-se com a moral o que se faz com a inteligência e ver-se-á que, se há naturezas refratárias, muito maior do que se julga é o número das que apenas reclamam boa cultura, para produzir bons frutos".

Portanto, aquela carta acertou ao dirigir-se aos professores, àqueles que são responsáveis em nossa sociedade pela Educação formal.

Mas é possível ampliar essa responsabilidade a toda comunidade.

De novo vale lembrar os ensinamentos: amai-vos e instruí-vos. Ambos são necessários e urgentes. E precisamos desenvolvê-los para que possamos de fato crescer nessa nossa jornada.


(Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves - Ribeirão Preto, SP)

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Referências Bibliográficas:
BUSCAGLIA, Leo. Vivendo, Amando e Aprendendo, Record.
DELORS, Jacques. Educação um tesouro a descobrir. Brasília: MEC: UNESCO, 2003
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
KARDEC, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5



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19 maio 2012

Estado de Coma



De repente, tudo fazia sentido.

Não, não era um pesadelo!

Aquele vulto iluminado, que sempre me pareceu uma névoa resplandecente e que ficava a um canto do quarto desde o início aos poucos foi entrando em foco, até que pude reconhecer minha mãezinha.

Fiquei fitando-a incrédulo e sem conseguir dizer nada, até que ela aproximou-se e explicou-me tudo.

Meu corpo, no leito hospitalar ainda vivia, como um vegetal. Mas, aproximava-se o fim.

Como já faziam anos que estava naquele estado, meu espírito - eu mesmo! - estava praticamente liberto no derradeiro momento.

Estranhamente, reconheço agora, nada de mal senti durante este tempo todo. Parecia estar naquele estado de sonolência entre o dormir e o acordar, sem saber distinguir exatamente onde.

Às vezes ouvia as vozes de meus familiares, a esposa, os filhos. Jurava poder sentir minha própria respiração e o toque de mãos amigas.

Outras tantas, parecia flutuar por lugares e ver pessoas, velhas conhecidas, embora eu não pudesse reconhecê-las. Ia e vinha sem noção do que se passava exatamente.

A única certeza era a névoa iluminada sempre ali, a um canto do quarto, como a me guardar.

Assim, esclarecido e conformado em deixar temporariamente meus amados na Terra, vi meu corpo falecer. Vi meu enterro e procurei conter-me, ante a comoção de todos.

Entendi que o Plano Espiritual nos chama na hora certa e agradeci a forma com que fui reconduzido à vida astral. Como minha crença em Deus não era lá muito sólida, fui sendo trazido aos poucos, da forma já aqui narrada, o que para mim acabou sendo uma bênção.

Agradeço a Deus por tudo e pela oportunidade de aqui comparecer hoje.

Creio que meu relato pode inspirar os amigos verdadeiros daqueles que passam por tal transição, e suscitar neles a força e a fé necessários para ajudá-los na longa viagem de volta para casa.

Não existem barreiras para quem ama.

Boa noite a todos.


Autor: Sebastião Cunha
Psicografado por: Cleber P. Campos


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Reencontro - Luiz Ayrão



Dica de livro: "Você nunca está só", de Antoinette Sampson



Fotos lindíssimas em P&B e um texto delicado e comovente, retratando os verdadeiros anjos no nosso dia a dia...

Um  lembrete de que, sejam quais forem as circunstâncias, você nunca está só.

Editora Fundamento.

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Pai, tô com fome!!!



Ricardinho não agüentou o cheiro bom do pão e falou:

- Pai, tô com fome!!!

O pai, Agenor , sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência...

- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!!!

Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua frente...

Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:

- Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com muita fome, não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um emprego e nada encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar!!!

Amaro , o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho...

Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF (Prato Feito) - arroz, feijão, bife e ovo...

Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua...

Para Agenor , uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de fubá....

Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada...

A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e necessidades...

Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca para relaxar:

- Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu amigo está até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato?!?!

Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer...

Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre trabalho...

Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava nas costas...

Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório...

Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos 'biscates aqui e acolá', mas que há 2 meses não recebia nada...

Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias...

Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho...

Ao chegar em casa com toda aquela 'fartura', Agenor é um novo homem sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso...

Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era toda uma esperança de dias melhores...

No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho...

Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque estava ajudando...

Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa...

E, ele não se enganou - durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres...

Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar...

Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta...

Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula...

Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros , advogado, abrindo seu escritório para seu cliente, e depois outro, e depois mais outro....

Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o 'antigo funcionário' tão elegante em seu primeiro terno....

Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço...

Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho , o agora nutricionista Ricardo Baptista...

Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um...

Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que a mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido...

Ricardinho , o filho mandou gravar na frente da 'Casa do Caminho', que seu pai fundou com tanto carinho:

'Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço.. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma. E, que te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar!!!'


(Autor desconhecido)


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