"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

04 março 2013

Dica de livro: “Por Favor Cuide da Mamãe”, de Kyung-Sook-Shin




Park So-nyo, 69 anos, mãe de cinco filhos, desapareceu.

Ao chegar a Seul para visitá-los, saindo de sua aldeia com o marido, com quem é casada há mais de 50 anos, ela é deixada para trás em meio à multidão em uma plataforma da estação de metrô.

Como fez a vida toda, ele simplesmente supôs que a esposa o seguia.

Essa é a última vez em que Park é vista.

Começa então a procura, liderada pelos filhos e o marido, que se transforma em uma exploração emocional repleta de remorso e marcada pela triste descoberta de uma mulher que ninguém nunca conheceu.

Narrado pelas vozes de uma filha, de um filho, do marido e da própria mulher desaparecida, "Por favor, cuide da Mamãe" é, ao mesmo tempo, um retrato da Coréia do Sul contemporânea e uma história universal sobre família e amor.

Editora Intrínseca.


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O título do livro nos comove e chama a atenção, e logo no início da leitura somos tocados pelos diálogos familiares, que nos tornam quase que mais um participante daquela família em busca da mãe que desapareceu.

No livro, o desaparecimento da mãe, Park So-Nyo, quase não notada pela família, um membro quase invisível no dia a dia,  provoca sentimentos diversos como remorso, culpa, tristeza e saudade.

Somos levados a refletir sobre nossa própria postura frente a nossa família, nossas vidas, nossas prioridades.

Inevitavelmente fazemos um paralelo com a nossa própria trajetória.

Como estamos tratando nossa mãe, nosso pai, nossos irmãos?

Emoção da primeira à última página.  

E nós precisamos disso.

Pensar nisso é o que faz desse livro tão especial.

Recomendadíssimo.


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Abaixo um pequeno trecho inicial.


Faz uma semana que Mamãe sumiu.

Reunida na casa do seu irmão mais velho, Hyong-chol, a família troca idéias.

Você decide preparar panfletos e distribuí-los onde Mamãe foi vista pela última vez.

primeira coisa a fazer, todos concordam, é rascunhar o panfleto.

Obviamente, um panfleto é um recurso antiquado para a situação, mas não há muito que a família da pessoa desaparecida possa fazer, e a pessoa desaparecida é ninguém menos que
sua mãe. 

Tudo o que você pode fazer é registrar o desaparecimento, vasculhar a área e perguntar ao maior número possível de pessoas se uma senhora parecida com ela foi vista.

Seu irmão mais novo, dono de uma loja on-line de roupas, diz que postou na internet que a mãe sumiu, descreveu o local onde ela foi vista pela última vez, adicionou sua foto e pediu para que as pessoas entrassem em contato com a família, caso a vissem.

Você quer procurá-la onde acredita que ela possa estar, mas sabe que ela não conseguiria chegar sozinha a nenhum lugar nessa cidade.

Hyong-chol diz que é você quem deve redigir o panfleto, já que seu trabalho é escrever.

Você  fica vermelha, como se tivesse sido pega fazendo algo que não devia.

Não tem certeza se suas palavras ajudariam a encontrar Mamãe.

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