"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

02 julho 2014

Kahlil Gibran e a morte...


Vós conheceis o segredo da morte.

Mas como o encontrareis a menos que o procureis no âmago do coração?

O mocho cujos olhos noturnos são cegos para a claridade, não pode desvendar o mistério da luz.

Se quereis verdadeiramente conhecer o espírito da morte, abri o vosso coração até ao corpo da vida.

Pois vida e morte são uma só, tal como o são o rio e o mar.

Na profundeza dos vossos desejos e esperanças está a consciência silenciosa do além; e tal como as sementes que sonham sob a neve, também o vosso coração sonha com o desabrochar.

Confiai nos sonhos, pois neles está a porta para a eternidade.

O vosso medo da morte não é mais do que o temor do pastor quando se vê perante o rei que ergue a sua mão para o honrar.

E sob a sua tremura, não está feliz o pastor, por trazer em si a insígnia do rei?

E, no entanto, não está mais consciente do seu tremor?

Pois o que é morrer senão ficar nu ao vento e fundir-se com o sol?

E o que é deixar de respirar senão libertar a respiração das suas inquietações a fim de ela poder elevar-se e expandir-se até Deus?

Só quando beberdes do rio do silêncio sereis capazes de cantar.

E quando chegardes ao cimo da montanha, podereis então começar a subir.

E quando a terra reclamar o vosso corpo, então sereis verdadeiramente capazes de dançar.

 

(Kahlil Gibran, in  “O Profeta”  )



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