"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

31 março 2014

Nossos dias melhores nunca virão? - Arnaldo Jabor


 


Ando em crise, numa boa, nada de grave.

Mas, ando em crise com o tempo.

Que estranho "presente" é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida, como se nossos músculos, ossos e sangue estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido.

As utopias liberais do século 20 diziam que teríamos mais ócio, mais paz com a tecnologia.

Acontece que a tecnologia não está aí para distribuir sossego, mas para incrementar competição e produtividade, não só das empresas, mas a produtividade dos humanos, dos corpos.

Tudo sugere velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas para tudo.

Temos de funcionar, não de viver.

Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde? A este mundo ridículo que nos oferecem, para morrermos na busca da ilusão narcisista de que vivemos para gozar sem parar? Mas gozar como? Nossa vida é uma ejaculação precoce. Estamos todos gozando sem fruição, um gozo sem prazer, quantitativo.

Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um "enorme presente", na expressão de Norman Mailer. 

E este "enorme presente" é reproduzido com perfeição técnica cada vez maior, nos fazendo boiar num tempo parado, mas incessante, num futuro que "não pára de não chegar".

Antes, tínhamos os velhos filmes em preto-e-branco, fora de foco, as fotos amareladas, que nos davam a sensação de que o passado era precário e o futuro seria luminoso. 

Nada. Nunca estaremos no futuro. E, sem o sentido da passagem dos dias, da sucessibilidade de momentos, de começo e fim, ficamos também sem presente, vamos perdendo a noção de nosso desejo, que fica sem sossego, sem noite e sem dia.

Estamos cada vez mais em trânsito, como carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa, e cada vez mais nossa identidade vai sendo programada.

O tempo é uma invenção da produção. Não há tempo para os bichos. Se quisermos manhã, dia e noite, temos de ir morar no mato.

Há alguns anos, eu vi um documentário chamado Tigrero, do cineasta finlandês Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch, sobre um filme que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951.

Ele veio, na época, e filmou uma aldeia de índios no interior do Mato Grosso.

A produção não rolou e, em 92, Samuel Fuller, já com 83 anos, voltou à aldeia e exibiu para os índios o material colorido de 50 anos atrás. 

E também registrou, hoje, os índios vendo seu passado na tela. Eles nunca tinham visto um filme e o resultado é das coisas mais lindas e assustadoras que já vi.

Eu vi os índios descobrindo o tempo.

Eles se viam crianças, viam seus mortos, ainda vivos e dançando.

Seus rostos viam um milagre. A partir desse momento, eles passaram a ter passado e futuro. Foram incluídos num decorrer, num "devir" que não havia.

Hoje, esses índios estão em trânsito entre algo que foram e algo que nunca serão. O tempo foi uma doença que passamos para eles, como a gripe. 

E pior: as imagens de 50 anos é que pareciam mostrar o "presente" verdadeiro deles. Eram mais naturais, mais selvagens, mais puros naquela época. Agora, de calção e sandália, pareciam estar numa espécie de "passado" daquele presente. Algo decaiu, piorou, algo involuiu neles.

Lembrando disso, outro dia, fui atrás de velhos filmes de 8mm que meu pai rodou há 50 anos também.

Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave que explicasse meu presente hoje, que prenunciasse minha identidade ou denunciasse algo que perdi, ou que o Brasil perdeu... 

Em meio às imagens trêmulas, riscadas, fora de foco, vi a precariedade de minha pobre família de classe média, tentando exibir uma felicidade familiar que até existia, mas precária, constrangida; e eu ali, menino comprido feito um bambu no vento, já denotando a insegurança que até hoje me alarma. 

Minha crise de identidade já estava traçada.

E não eram imagens de um passado bom que decaiu, como entre os índios.

Era um presente atrasado, aquém de si mesmo. 

A mesma impressão tive ao ver o filme famoso de Orson Welles, It's All True, em que ele mostra o carnaval carioca de 1942 - únicas imagens em cores do País nessa década.

Pois bem, dava para ver, nos corpinhos dançantes do carnaval sem som, uma medíocre animação carioca, com pobres baianinhas em tímidos meneios, galãs fraquinhos imitando Clark Gable, uma falta de saúde no ar, uma fragilidade indefesa e ignorante daquele povo iludido pelos burocratas da capital.

Dava para ver ali que, como no filme de minha família, estavam aquém do presente deles, que já faltava muito naquele passado.

Vendo filmes americanos dos anos 40, não sentimos falta de nada. 

Com suas geladeiras brancas e telefones pretos, tudo já funcionava como hoje. O "hoje" deles é apenas uma decorrência contínua daqueles anos. 

Mudaram as formas, o corte das roupas, mas eles, no passado, estavam à altura de sua época. A Depressão econômica tinha passado, como um grande trauma, e não aparecia como o nosso subdesenvolvimento endêmico.

Para os americanos, o passado estava de acordo com sua época.

Em 42, éramos carentes de alguma coisa que não percebíamos. 

Olhando nosso passado é que vemos como somos atrasados no presente. Nos filmes brasileiros antigos, parece que todos morreram sem conhecer seus melhores dias.

E nós, hoje, nesta infernal transição entre o atraso e uma modernização que não chega nunca?

Quando o Brasil vai crescer?

Quando cairão afinal os "juros" da vida?

Chego a ter inveja das multidões pobres do Islã: aboliram o tempo e vivem na eternidade de seu atraso.

Aqui, sem futuro, vivemos nessa ansiedade individualista medíocre, nesse narcisismo brega que nos assola na moda, no amor, no sexo, nessa fome de aparecer para existir.

Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo.

Mas, ser subdesenvolvido não é "não ter futuro"; é nunca estar no presente.


(Arnaldo Jabor)




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No início de cada dia...


Que não haja dúvida na hora de confiar, vestir o sorriso e fazer a vida andar.
Que as angústias de ontem não ocupem espaço na hora de abraçar novos sonhos e fazê-los reais.
Que haja tolerância e paciência com aqueles que correm ao nosso lado.
Que tenhamos humildade ao respeitar o tempo e reconhecer os erros que a pressa nos fez cometer.
Que nos sobre fé e coragem. E muita perseverança para escrever novos dias em tons vibrantes de amor.




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Entre o coração e a razão


A leitura também é alimento da alma...


Pois é...


28 março 2014

A Hora do Planeta 2014


A Hora do Planeta é um ato simbólico, promovido no mundo todo pela Rede WWF, no qual governos, empresas e a população demonstram a sua preocupação com o meio ambiente, apagando as suas luzes durante sessenta minutos.

Dia 29/03/2014, das 20:30 às 21:30 horas, apague as luzes, desligue aparelhos eletrônicos.

Nosso planeta merece.

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Saiba tudo sobre o movimento em http://www.wwf.org.br/participe/horadoplaneta/


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27 março 2014

Carl Gustav Jung e Deus



Tudo o que aprendi levou-me, passo a passo, a uma inabalável convicção sobre a existência de Deus. 
Eu só acredito naquilo que sei. E isso elimina a crença. 
Portanto, não baseio a Sua existência na crença … eu sei (grifo original) que Ele existe…. 

Não acredito em Deus, eu O conheço.

Faço meus pacientes entenderem que tudo o que lhes acontece contra a vontade deles é fruto de uma vontade superior. (…) Deus nada mais é do que essa força superior em nossa vida.

Eu não acredito, eu sei.

A diferença entre a maioria dos homens e eu, reside no fato de que em mim as ‘paredes divisórias’ são transparentes.
É uma particularidade minha.
Nos outros, elas são muitas vezes tão espessas, que lhes impedem a visão; eles pensam, por isso, que não há nada do outro lado. [....] Quem nada vê não tem segurança, não pode tirar conclusão alguma, ou não confia em suas conclusões.
Acho que meus pensamentos giram em torno de Deus como os planetas em torno do Sol, e são da mesma forma irresistivelmente atraídos por ele. Eu me sentiria como o maior pecador querer opor uma resistência a esta força. (…) compreendi que Deus – pelo menos para mim – era uma das experiências mais imediatas.

(Carl Gustav Jung)







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A força superior que há dentro de nós


A compreensão de que existe no Universo uma inteligência superior, uma força ou energia criativa que é a fonte e a substância de toda a existência é o alicerce para a vida do novo mundo.

As palavras e conceitos usados para descrever essa força são incontáveis; alguns, usados atualmente em nossa cultura, são:

Deus
Espírito
Força Superior
Luz
Eu Superior
Inteligência Cósmica
Eu Sou
Orientação Interior
A Força
Consciência Crística
O Universo
Fonte

São termos que tentam expressar uma experiência ou um conhecimento, difícil de exprimir em palavras e conceitos racionais.

Para cada um de nós que tenha esta experiência interior, as palavras usadas para descrevê-la são apenas os rótulos que melhor se adaptam à nossa compreensão.

Raramente uso a palavra Deus, pois ela tem muitas conotações confusas. Em geral, as pessoas a associam à instrução religiosa que receberam no início da vida e já não tem mais significado para elas.

Algumas talvez pensem em Deus como alguém ou como alguma coisa exterior a si: "O velho que está no céu com uma comprida barba branca."

Prefiro expressões como "a força superior", "o universo", "o espírito", "o Eu superior", ou "a luz".

Neste livro usarei alternadamente essas expressões para referir-me à inteligência e força criativa mais elevada que existe em nós. Se alguma destas expressões não têm significado especial para você, por favor, sinta-se à vontade para substituí-la por qualquer palavra que preferir.

Nos primeiros vinte anos de minha vida eu não tinha uma experiência consciente ou uma crença em qualquer espécie de força superior.

Tive de passar por muitos níveis de dúvidas, ceticismo, descrença e temor até chegar na grande confiança que tenho agora na força superior do universo que está dentro de mim, dentro de cada
pessoa e de tudo o mais que existe.

Não aceitei nada com uma fé cega, de maneira que, em certo sentido, eu tive de "demonstrar" tudo para mim, através das minhas experiências de vida.

Já que aprendi a colocar uma confiança absoluta no poder superior do universo e a viver em conformidade com os princípios universais, as mudanças que senti e que vi em minha vida são verdadeiramente miraculosas.

Os que sentiram uma profunda consciência espiritual no decorrer de suas vidas já têm uma base sólida sobre a qual construir.

Para os que se sentiram espiritualmente "desligados", como eu, espero que minhas palavras proporcionem apoio e coragem para que descubram essa ligação interior em si mesmos.

O universo tem ao mesmo tempo aspectos pessoais e impessoais: quanto mais confio e me entrego, vejo que meu relacionamento com essa força superior torna-se mais pessoal.

Literalmente, sinto uma presença dentro de mim, me orientando, me amando, me ensinando e me estimulando.

Neste aspecto pessoal, o universo pode ser um mestre, um guia, um amigo, a mãe, o pai, o amante, o gênio criativo, a fada-madrinha e até Papai Noel. Em outras palavras, qualquer coisa que eu necessite ou deseje poderá ser realizada através dessa ligação interior.

Raramente me sinto sozinha.

Na verdade, é quando estou fisicamente só que muitas vezes encontro a mais poderosa comunhão com o universo.

Em momentos como esses, os lugares anteriormente vazios dentro de mim são preenchidos com a luz.

Aqui sempre encontro uma presença orientadora, que me diz o próximo movimento a fazer e que me ajuda a aprender a lição que está em cada passo dado pelo meu caminho.


(Texto extraído do livro “Vivendo na Luz – um guia para a transformação pessoal e planetária”, de Shakh Gawain e Laurel King. Ed. Pensamento)


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Correnteza - Boca Livre



Saudades do tempo em que a música também era poesia...

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Dica do Blog: Peça teatral "Meu Deus!!!" - E se Deus precisasse de terapia?


E se Deus precisasse de terapia?

Em "Meu Deus!", Irene Ravache interpreta uma psicóloga com uma missão complicada: em apenas uma sessão, ela deve convencer seu paciente Deus (Dan Stulbach) de que ainda vale a pena apostar na humanidade.

A peça estreia dia 28 de março no Teatro FAAP, em São Paulo.


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Sinopse

A história se passa num dia na vida da psicóloga Ana, personagem interpretada por Irene Ravache, que recebe um telefonema misterioso de um homem desesperado, interpretado por Dan Stulbach, que insiste em marcar uma consulta com ela no mesmo dia. 
Quando ele chega, apresenta-se como sendo Deus. Deus profundamente deprimido com a situação do Paraíso que um dia criou. 
Por isso quer acabar com sua vida e, consequentemente, com a vida de toda a humanidade. 
Ana tem apenas uma sessão de terapia para convencê-lo do contrário e salvar o mundo.

Montagem do texto da israelense Ana Gov, com adaptação de Jorge Schussheim e versão brasileira assinada por Célia Regina Forte.

Leia mais em

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26 março 2014

A comprida sacola que arrastamos atrás de nós



Diz uma antiga tradição gnóstica que não inventamos as coisas, apenas as relembramos.

Dentre os europeus que conheço, aqueles que melhor relembram o lado escuro são Robert Louis Stevenson, Joseph Conrad e Carl Jung.

Vou retomar algumas de suas idéias e acrescentar uns poucos pensamentos meus.

Falemos primeiro sobre a sombra pessoal. Com um ou dois anos de idade, temos uma "personalidade de 360 graus". A energia se irradia de todas as partes do nosso corpo e de todas as partes da nossa psique.

Uma criança correndo é um globo vivo de energia.

Quando crianças, somos uma bola de energia; mas um dia percebemos que nossos pais não apreciam certas partes dessa bola. 

Eles dizem; "Você não consegue ficar quieto?" ou "Não é bonito tentar matar seu irmãozinho". 

Atrás de nós temos uma sacola invisível e, para conservar o amor de nossos pais, nela colocamos a parte de nós que nossos pais não apreciam.

Quando começamos a ir à escola, nossa sacola já é bastante grande, E aí nossos professores nos dizem: "O bom menino não fica bravo com coisinhas à-toa", e nós guardamos nossa raiva na sacola.

Quando eu e meu irmão tínhamos doze anos cm Madison, Minnesota, éramos conhecidos como "os bons meninos Bly".

Nossas sacolas já tinham um quilômetro de comprimento!

Depois fazemos o colegial e passamos por outro bom processo de guardar coisas na sacola.

Agora quem nos pressiona não são os malvados adultos e, sim, o nosso próprio grupo etário. A paranóia dos jovens em relação aos adultos talvez esteja deslocada.

Eu mentia automaticamente, durante todo o colegial, para me tornar mais parecido com os jogadores de basquete. Qualquer parte de mim que fosse mais "lenta" ia para a sacola.

Meus filhos passam agora por esse processo, que eu já tinha observado nas minhas filhas, mais velhas que eles.

Minha mulher e eu olhávamos, consternados, quantas coisas elas colocavam na sacola, mas não havia nada que pudéssemos fazer. Minhas filhas pareciam tomar suas decisões com base na moda e nos ideais coletivos de beleza, e sofriam tanta pressão das amiguinhas quanto dos rapazes.

Por isso sustento que o jovem de 20 anos conserva uma simples fatia daquele globo de energia.

Imagine um homem que ficou com uma fina fatia — o restante do globo está na sacola — e que ele conhece uma mulher; digamos que ambos têm 24 anos de idade. Ela conservou uma fina e elegante fatia. 

Eles se unem numa cerimônia e essa união de duas fatias chama-se
casamento. Mesmo unidos, os dois não formam uma pessoa! É exatamente por isso que o casamento, quando as sacolas são grandes, acarreta solidão durante a lua-de-mel. Claro que
todos nós mentimos a esse respeito. "Como foi sua lua-de-mel?" "Fantástica, e a sua?"

Cada cultura enche a sacola com conteúdos diferentes.

Na cultura cristã, a sexualidade geralmente vai para a sacola. E, com ela, muito da espontaneidade.

Por outro lado, Marie-Louise von Franz nos alerta para não sentimentalizarmos as culturas primitivas assumindo que elas não tinham nenhuma sacola. Ela diz que, na verdade, essas culturas tinham sacolas diferentes das nossas e, às vezes, até maiores.

Talvez colocassem nelas a individualidade ou a inventividade. 

Aquilo que os antropólogos conhecem como "participação mística" ou "a misteriosa mente comunal" pode parecer muito bonito, mas talvez signifique apenas que todos os membros da tribo conhecem exatamente a mesma coisa e nenhum deles conhece nada além disso.

E possível que as sacolas de todos os seres humanos sejam mais ou menos do mesmo tamanho.

Passamos nossa vida até os 20 anos decidindo quais as partes de nós mesmos que poremos na sacola e passamos o resto da vida tentando retirá-las de lá.

Algumas vezes parece impossível recuperá-las como se a sacola estivesse lacrada. Vamos supor que a sacola está lacrada — o que acontece?... Uma grande novela do século XIX ofereceu uma idéia a respeito.

Certa noite, Robert Louis Stevenson acordou e contou para a mulher um trecho do sonho que acabara de ter. Ela o convenceu a escrevê-lo, ele o fez e o sonho tornou-se o "Dr, Jekyll e Mr. Hyde".

O lado agradável da personalidade torna-se, na nossa cultura idealista, cada vez mais agradável, o homem ocidental talvez seja, por exemplo, um médico liberal que só pensa em fazer o bem. Em
termos morais e éticos, ele é maravilhoso. Mas a substância na sua sacola assume personalidade própria; ela não pode ser ignorada.

A história conta que a substância trancada na sacola aparece, certo dia, em uma outra parte da cidade. Ela está cheia de raiva e, quando finalmente é vista, tem a forma e os movimentos de um gorila.

O que essa história conta é que quando colocamos uma parte de nós na sacola, essa parte regride. Retrocede ao barbarismo.

Imagine um rapaz que lacra a sacola aos 20 e espera uns quinze ou vinte anos para reabri-la. O que ele irá encontrar? É triste, mas toda a sexualidade, selvageria, impulsividade, raiva e liberdade que ele colocou na sacola regrediram; não apenas seu temperamento se tornou primitivo como elas agora são hostis à pessoa que abre a sacola.

O homem ou a mulher que abrem a sacola aos 45 anos sentem medo. Eles dão uma olhada e vêem a sombra de um gorila se esgueirando contra a parede; ora, qualquer pessoa que veja uma coisa dessas fica aterrorizada!

Pode-se dizer que, na nossa cultura, a maioria dos homens coloca o seu lado feminino (a mulher interior) na sacola. Quando ele quer, lá pelos 35 ou 40 anos, entrar novamente em contato com o seu lado feminino, a mulher interior talvez lhe seja bastante hostil.

Nesse meio tempo, ele está enfrentando a hostilidade das mulheres no mundo exterior.

A regra parece ser: o lado de fora é um espelho do lado de dentro.

É assim que as coisas são neste nosso mundo.

E a mulher que queria ser aceita pela sua feminilidade e para isso guardou seu lado masculino (o homem interior) na sacola, talvez descubra, vinte anos mais tarde, que ele lhe é hostil.

Talvez ele também seja insensível e brutal em suas críticas. Essa mulher estará em apuros. Viver com um homem hostil dará a ela alguém a quem censurar e aliviará a pressão, mas não resolverá o
problema da sacola fechada.

Nesse meio tempo, ela está propensa a uma dupla rejeição: a do homem interior e a do homem exterior.

Existe muita dor nisso tudo.

Cada parte da nossa personalidade que não amamos tornar-se-á hostil a nós.

Ela também pode distanciar-se de nós e iniciar uma revolta. [...]



Robert Bly



(Extraído do livro “Ao Encontro da Sombra - O potencial oculto do lado escuro da natureza humana”, de Connie Zweig e Jeremiah Abrams (Orgs.). Ed. Cultrix)



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Simples assim...



A vida exige leveza.
Assim como a viagem, a estrada fica mais bonita
quando podemos olhá-la sem o peso de malas nas mãos.

(P.Fábio)



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Não existe nada tão comovente como a descoberta de que não estamos sós.


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23 março 2014

Os Espíritos e as Pessoas Desaparecidas


Os espíritos não poderiam ajudar a localizar as pessoas
desaparecidas, ou eles são tão limitados quantos os vivos?

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Caro amigo/a,


A sua questão é bastante pertinente.

Os Espíritos evoluídos sabem com toda a facilidade quem cometeu um crime, ou onde está alguém desaparecido. Os Espíritos ainda pouco evoluídos, sabem tanto ou menos que nós.

Os Espíritos pouco evoluídos respondem a tudo, tal como aquelas pessoas que nunca deixam de dar uma informação a um viajante, mesmo que não saibam o caminho. Ou aquelas outras que não sabem nada, mas têm opinião sobre tudo.

É este último gênero de Espíritos que se aproxima dos médiuns comerciantes.

Todos conhecemos aqueles anúncios de médiuns que prometem contactar os Espíritos de quem se queira, obter as informações que se queira, e interceder junto desses Espíritos para se obter o que se deseja.

É um comércio que nos parece altamente imoral, por vários motivos:


- Porque parte do princípio de que só quem tem dinheiro pode ser "ajudado";

- Porque parte do princípio de que pagando, se pode obter vantagens muitas vezes imorais e ilícitas sobre os outros;

- Porque quem vende esse tipo de comunicações está a enganar os clientes, dado que não é missão dos Espíritos servirem para essas finalidades; o serviço é fraudulento, porque não logra atingir os resultados anunciados.


No entanto, e como, repetimos, as capacidades dos Espíritos que se prestam a esse tipo de atividades é muito reduzida, os sucessos são episódicos e insignificantes.

Quem tem algum familiar desaparecido, esgotados outros meios, costuma recorrer aos médiuns comerciantes. Sem resultados, pois se os obtivessem, não haveria desaparecido que não se encontrasse!

Então - perguntar-se-á - porque não ajudam os Espíritos evoluídos a encontrar as pessoas desaparecidas? Já que os Bons Espíritos são seres empenhados no Bem, seria justo que ajudassem, dessa forma, a mitigar o sofrimento dos desparecidos e dos seus familiares.

E ajudam, mas não na base da consulta, da evocação.

Não é missão de nenhum Espírito fazer o trabalho que nos cabe a nós, encarnados ("vivos").

Se os Espíritos Superiores viessem ao nosso chamado indicar onde está Fulano ou Cicrano, seria justo que viessem oferecer-nos a cura para a AIDS e para a Gripe A; que viessem indicar a saída para a crise economica mundial; que viessem opinar sobre doutrinas sociais, políticas e financeiras; que nos informassem sempre que nos achássemos em perigo de ter uma acidente de viação; e que providenciassem as nossas necessidades básicas.

Seria subvertida a ordem natural das coisas, pois nós, humanos, a ser assim, andaríamos na dependência dos Espíritos. Foi esse princípio e a exploração que os médiuns comerciantes exercem, que levou Moisés a proibir o contacto com os Espíritos.

Os Espíritos Superiores ajudam, intuindo os investigadores, os que têm por missão procurar as pessoas desaparecidas.

Os Espíritos Superiores ajudam-nos a todos, nas nossas atividades profissionais e na nossa vida em geral, inspirando-nos resignação, paciência, labor, bons sentimentos, zelo.

A nós, cabe ouvi-los ou não.

Temos liberdade de optar.

E é em nome da liberdade de ação que os Espíritos têm a sua intervenção nas nossas vidas limitada pelas Leis de Deus.







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No Reino Encantado de Alina um curioso enigma se apresenta:

– Qual é o cavalo mais veloz?
– O trovão mais poderoso?
– O elixir mais precioso?

Resposta:

– O pensamento, pois em suas asas é possível viajar aos lugares mais remotos em um piscar de olhos.
– Mais uma vez o pensamento, pois carregado de ódio torna-se o mais lacerante dos raios.
– E mais uma vez o pensamento, pois quem é capaz de controlá-lo pode se servir do elixir dos deuses.


(“Los vivificadores de historias” de Jesús Zatón)



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21 março 2014

Luíza - com Luciana Mello - Especial Bossa Nova





Lindo...
Para sempre Tom Jobim.



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Pra ler todo dia...


O Sofrimento


Sofrer é como experimentar as inadequações da vida: elas estão por toda parte.

São geradas pelas nossas escolhas.

Mas também pelos condicionamentos dos quais somos vítimas.

Sofrimento é destino inevitável, porque é fruto do processo que nos torna humanos. O grande desafio é saber identificar o sofrimento que vale a pena ser sofrido.

Perdemos boa parte da vida com sofrimentos desnecessários:

Precariedades, falta de sabedoria, e resultados de nossos desajustes.

São os sofrimentos que nascem de nossa acomodação, quando, por força do hábito, nos acostumamos com o que temos de pior em nós mesmos.

Perdemos a oportunidade de saborear a vida só porque não aprendemos a ciência de administrar os problemas que nos afetam.

Invertemos a ordem e a importância das coisas.

Sofremos demais por aquilo que é de menos.

E sofremos de menos por aquilo que seria realmente importante sofrer um pouco mais.

Sofrer é o mesmo que purificar.

Só conhecemos verdadeiramente a essência das coisas à medida que as purificamos. O mesmo acontece na nossa vida. Nossos valores mais essenciais só serão conhecidos por nós mesmos se os submetermos ao processo da purificação.

Talvez, assim, descubramos um jeito de reconhecer as realidades que são essenciais em nossa vida.

É só desvendarmos e entendermos os maiores sofrimentos que já enfrentamos e quais foram os frutos que deles nasceram. Nossos maiores sofrimentos, os mais agudos. Por isso se transformam em valores.

O sofrimento parece conferir um selo de qualidade à vida, porque tem o dom de revesti-la de sacralidade, de retirá-la do comum e elevá-la à condição de sacrifício.

Sacrifício e sofrimento são faces de uma mesma realidade.

O sofrimento pode ser também reconhecido como sacrifício, e sacrificar é ato de retirar do lugar comum, tornar sagrado, fazer santo. Essa é a mística cristã a respeito do sofrimento humano.

Não há nada nesta vida, por mais trágico que possa nos parecer, que não esteja prenhe de motivos e ensinamentos que nos tornarão melhores. Tudo depende da lente que usamos para enxergar o que nos acontece.

Tudo depende do que deixaremos demorar em nós.


(Padre Fábio de Melo)






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A força de dentro é maior...


Eu sei que vou.
Insisto na caminhada.
O que não dá é pra ficar parado.
Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola.
E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior.
Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários.
É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. 
O destino da felicidade, me foi traçado no berço.

(Caio Fernando Abreu)



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Sabedoria


O Homem sábio é aquele que mesmo quando tudo parece perdido encontra o lado bom de tudo que acontece, com isso cria ao redor ondas energéticas positivas gerando força e coragem para continuar.

Procurar sempre ver o lado bom dos acontecimentos é exercício de todos, desta forma cria-se o hábito do positivismo sabendo que tudo tem uma razão de ser que nada está fora do tempo de acontecer.

Lembremos que sentimentos nobres geram ações nobres e aí está mais uma oportunidade de reconciliação consigo mesmo.

Infinitas são as formas de sabedoria, mas pouco se usa no dia a dia porque o hábito por pensar e falar negativamente leva sempre a uma ação negativa.

Vigiar os sentimentos é tarefa fundamental para aquele que busca agir com sabedoria, não será sábio aquele que não sentir verdadeiramente o bem em seu coração.






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20 março 2014

Dica de livro infantil: “A Família Mobília”, de Tatiana Blass


Um livro para crianças e adultos, que nos leva a refletir sobre a difícil convivência em família.

Nele, a artista Tatiana Blass dá vida aos móveis de uma casa e brinca com os papéis que são desempenhados na vida familiar.

"Na casa da Família Mobília, todos são móveis. No entanto, ninguém consegue se mover direito".
"O estofado do sofá se prolonga e se transforma no paletó de um personagem, o tapete vira o vestido de um outro".
"O livro tem um jogo de palavras; queria criar algo que fosse divertido mas que também trouxesse um vocabulário novo, de como é viver nessa casa onde todo mundo se esbarra”, nos conta a autora.

Editora Cosac Naify.

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Abaixo algumas ilustrações do livro:






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A lição é de fé, mas com humor...




Certa vez, o Diabo fez um desafio a Jesus:
"- Aposto como digito muito mais rápido do que você..."

O desafio foi aceito.

Aquele que digitasse mais texto em 30 minutos seria o vencedor.

No dia marcado, Jesus com um XT 4.77Mhz com Windows 98 e o Diabo com um PC de última geração, com Windows 8 e com 10 Mb de memória.

Todos a postos, o Diabo estala os dedos enquanto Jesus olha calmamente para o seu adversário.

Inicia-se a competição.

O Diabo digita de maneira feroz, usando todos os dedos a uma base de 900 toques por minuto.

Do outro lado da sala, Jesus serenamente digita usando apenas os dois dedos indicadores, no melhor estilo "cata-milho" de Jerusalém.

A platéia fica obviamente nervosa com a performance do Messias, e rói as unhas...

Quinze minutos se passam.

O diabo já digitou cerca de 10 Mb de texto, sem erros, enquanto Jesus ainda está na casa dos 5 Kb.

Os olhares se tornam mais nervosos.

Vinte e Cinco minutos são passados.

O diabo já anda pela casa dos 20 Mb de texto. Jesus anda pelos 18 Kb...

Vinte e nove minutos são passados.

De repente, PLUFT... Cai a luz...

Desespero geral na platéia. Pânico e gritaria.

Os juízes então decidem terminar a competição, valendo o tamanho do arquivo.

Tamanho final do arquivo de Jesus: 20 Kb
Tamanho final do arquivo do Diabo: 0 Kb

"- Mas não pode ser..." - grita o "Demo" - "Isso é roubo. Roubo!"

Então os juízes respondem:

"- Você se esqueceu de algo muito importante: SÓ JESUS SALVA!


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