18 julho 2010
Meu templo...
“Minha casa é o meu corpo e onde ando me carrego perto, como a uma mochila arrumada por dentro.
E se a casa faltar, há a alma, há o pensamento, que é o templo anterior à casa, o andar subterrâneo, o lar antigo e primeiro.
Porque quando regresso,a casa sempre outra e eu estrangeira em mim, ainda que confortável com meus pés pequenos e meus cabelos revoltos.
A leveza que persegui, como o inquisidor à feiticeira medieval, vem chegando em vento morno, espalhando-se em meu rosto,no momento em que deixei de procura-la.
E esse rosto é o resultado de eras, de luas, de rituais, de véus, de massa de modelar e de giz de cera em papel branco.
Eu me escrevi. Me colori de azuis, amarelos e lilazes, e já não me consome o desajuste.
O cru e o lapidado me habitam e soam como musica aos meus ouvidos e chiado aos ouvidos alheios. Jamais estive tão amparada quando hoje.
Aceitei a doçura da vertigem e aprendi a caminhar quando o equilíbrio se vai. O equilíbrio não é o que parece.
Desvesti a loucura e a solidão como roupas que deixam de servir no corpo que cresceu. Abandonei certezas profundas que me amarravam a um vazio.
Ando nua pelos corredores das minhas casas. E me encontro luz.”
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