22 junho 2011

Frente ao Sombrio que há em você


Ninguém se torna iluminado imaginando figuras de luz,
mas tornando a escuridão consciente.
(Carl Gustav Jung)


* * *


A disputa entre luz e sombra é tão antiga quanto a existência do ser humano.

Desde as batalhas religiosas entre as forças trevosas e luminosas até as batalhas internas, o ser humano vem travando incontáveis disputas internas entre o bem e o mal em suas diversas manifestações humanas.

Nesse ínterim, o que é a sombra? O que torna a sombra algo tão temida e misteriosa?

Em 1945, o psiquiatra suíço C. G. Jung deu a definição mais direta e clara sobre a sombra: "a coisa que uma pessoa não tem desejo de ser". Sim, simples assim. E é justamente a sombra que nos faz humano.

Muitas correntes religiosas e místicas negam o poderio da sombra, contudo, a sombra enquanto força psíquica e viva, torna-se mais forte quanto mais é negada.

Assumir a sombra não é assumir superstições, mitos e fantasias, muito menos tornar-se agressivo e irredutivelmente feroz frente ao dia-a-dia.

Todos carregamos uma sombra em nosso interior, e quanto menos ela está incorporada em nossa vida consciente, mais negra e densa ela é. Se um sentimento de inferioridade é consciente, sempre se tem uma oportunidade de corrigi-lo.

Há algum tempo, conheci uma pessoa que sempre era vítima de magia negra.

O interesse é que o vitimismo da magia (realidade modificada, transmutação da realidade) negra (sombria), acontecia justamente quando temas referentes à sua própria personalidade inferior emergiam trazidas por terceiros, ou seja, sentimentos negados, rejeições mal trabalhadas, questões ligadas a poder mal assimiladas.

Isso é uma mostra clássica do que a falta de conhecimento e compaixão por si mesmo e por suas próprias fraquezas pode fazer conosco.

Quando negamos nosso lado sombrio nos tornamos vítimas de nós mesmos, onde somos "magos negros" de nossa própria realidade.

Um antigo místico certa vez afirmou: "é da ignorância e só da ignorância que o homem deve se libertar."

As superstições alimentaram no homem os medos que já existiam dentro dele mesmo.

Porque algumas pessoas são sempre vítimas? Porque as histórias se repetem?

É simples: porque há um aprendizado em relação a si mesmo que não foi assimilado.

As pessoas são como peças num jogo de xadrez, elas só cumprem funções, não é pessoal, é cósmico, as leis tem que se cumprir. Não importa o que elas pensam, como agem ou que façam. Porque é como elas mexem com você que determinará o aprendizado que você tem com elas.

A vida, como expressão simbólica e subjetiva, oferece-nos oportunidade de crescimento e transformação constante. Ficar na época das cavernas é uma pessoa que diz respeito somente a você, mas não precisamente a quem está ao seu lado.

O universo é mutante assim como nós.

E não precisamos ficar presos a idéias e conceitos, frustrações e rejeições do passado. Mas, o primeiro passo é aceitá-los como fazendo parte de nós.

O Amor fará o trabalho final.

Jung ainda afirma que o Amor faz a ponte entre a Luz e as Trevas.

Só o Amor integrará o ser humano ao ser divino. Permita-se entender a sua vida.

Com amor,
Nelson Matheus.








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