O amor romântico é como um traje,
que, como não é eterno, dura tanto quanto dura;
e, em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos.
O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão.
Só o não é quando a desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente,
tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes,
com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.
(in Livro do Desassossego, Bernardo Soares - heterônimo de Fernando Pessoa)
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