Durante uma batalha, há Espíritos assistindo aos combates, amparando cada um dos exércitos e lhes estimulando a coragem.
Os antigos figuravam os deuses tomando o partido deste ou daquele povo. Esses deuses eram simplesmente Espíritos representados por alegorias.
Estando, numa guerra, a justiça sempre de um dos lados, os Espíritos que tomam o partido dos que lutam por uma causa injusta são aqueles que só se comprazem na discórdia e na destruição. Para esses, a guerra é a guerra. A justiça da causa pouco os preocupa.
Alguns Espíritos podem influenciar o general tanto na concepção de seus planos de campanha, como com relação a todas as concepções.
Os maus Espíritos poderiam suscitar ao general planos errôneos com o fim de levá-lo à derrota, mas o general tem o livre-arbítrio. Se ele não tiver critério bastante para distinguir uma idéia falsa, sofrerá as conseqüências e melhor faria se obedecesse, em vez de comandar.
O general pode ser guiado por uma espécie de dupla vista, por uma visão intuitiva, que lhe mostre de antemão o resultado de seus planos. [...] É o que ele chama inspiração e o que faz que obre com uma espécie de certeza. Essa inspiração lhe vem dos Espíritos que o dirigem, os quais se aproveitam das faculdades de que o vêem dotado.
No tumulto dos combates, alguns dos Espíritos que sucumbem continuam a se interessar pela batalha, outros se afastam.
Dá-se, nos combates, o que ocorre em todos os casos de morte violenta: no primeiro momento, o Espírito fica surpreendido e como que atordoado. Julga não estar morto. Parece-lhe que ainda toma parte na ação. Só pouco a pouco a realidade lhe surge.
Pode acontecer que, nos primeiros instantes depois da morte, o Espírito ainda odeie o seu inimigo e mesmo o persiga.
Quando, porém, se lhe restabelece a serenidade nas idéias, vê que nenhum fundamento há mais para sua animosidade. Contudo, não é impossível que dela guarde vestígios mais ou menos fortes, conforme o seu caráter.
O Espírito que desencarna durante um combate continua a ouvir perfeitamente o rumor da batalha.
Raras são as mortes verdadeiramente instantâneas. Na maioria dos casos, o Espírito, cujo corpo acaba de ser mortalmente ferido em uma batalha, não tem consciência imediata desse fato.
Somente quando ele começa a reconhecer a nova condição em que se acha, é que os assistentes podem distingui-lo, a mover-se ao lado do cadáver.
Parece isso tão natural, que nenhum efeito desagradável lhe causa a vista do corpo morto. Tendo-se a vida toda concentrado no Espírito, só ele prende a atenção dos outros. É com ele que estes conversam, ou a ele é que fazem determinações.
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