19 junho 2011

Por que eu acredito?



Um dos grandes feitos que a internet me proporcionou foi entrar em contato, mesmo que apenas textualmente, com gente completamente diferente de mim e que sobretudo, pensa de forma completamente diferente de mim e das pessoas que fazem parte do meu mundinho. 

Já me deparei com gente de tudo quanto é ideologia nesses últimos anos e aprendi muito.

Porém, como já disse aqui n vezes, tenho aversão a rótulos. 

Contudo, se é pra escolher um, adotaria o rótulo de espiritualista, mais por oposição do que por identificação, pois a única certeza que tenho é que materialista (filosófico) é que eu não sou, muito menos religioso.

Entretanto entendo e aceito que a decisão e postura filosófica mais razoável que alguém pode adotar é, de fato, o ateísmo. Pois a razão até hoje não comprovou a existência concreta de Deus, especialmente o deus cristão.

Céticos e e ateus adotam a razão e a lógica como critérios para suas posturas e, de acordo justamente com esses critérios, estão certíssimos e nós, crentes e espiritualistas, errados.

Porém espiritualistas como eu, e também agnósticos (e mais ainda os religiosos, de maneira inconsciente), supomos que a razão não abarca toda a existência. 

A razão é especialmente útil para manipularmos o mundo, progredindo tecnologicamente e melhorando nossas condições de vida e até mesmo, por que não, de entendimento da vida.

Mas ela tem um limite. 

A razão não dá conta de lidar com toda essa miríade infindável de manifestações meta-físicas e extra-sensoriais relatadas diariamente. 

Gente muito séria já ficou sem ter o que dizer diante do inexplicável. Provas do insondável nós não temos (justamente porque é insondável, dãããã :) ), mas convenhamos, há muitas e muitas e evidências.

Uma observação a respeito dessa inconstância e até mesmo… insuficiência da razão como critério para entendimento da existência me ocorreu durante a leitura do incrível O Universo Elegante de Brian Greene.

Durante a leitura o autor nos demonstra que a razão e a lógica, que funcionam de um tal modo que conhecemos muito bem no nosso nível existencial, é completamente outra no nível macroscópico do espaço, permitindo inclusive, teoricamente, viagens no tempo. E ainda outra no nível ultramicroscópico, ou quântico, onde se encontram fenômenos impossíveis em nosso nível espacial, como não-localidade, incerteza, superposição e saltos quânticos [...]

A própria teoria das cordas abordada no livro é tão inimaginavelmente extraordinária, com seus literais universos de possibilidades, que ater-se a uma única visão de mundo materialista após tal leitura é como insistir no erro, é como comprazer-se na falta de imaginação, é como preferir trancar-se em casa com medo do mundo vicejante lá fora.

A grandeza do universo me soa como uma obviedade – a de que há muito mais por ser descoberto, ou então o universo é, de fato, de acordo com Carl Sagan, um grande desperdício de espaço. E (o) ser humano é, de fato, um grande desperdício de energia e empenho.

Estas constatações só podem me deixar num estado: O de abertura. Não sei exatamente no que acredito. Mas posso citar um ponto: Acredito que há muito mais possibilidades nesse universo do que nossos limitados sentidos – e quem sabe, raciocínios – podem perceber ou detectar.

(Ronaud Pereira)





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