Série de relatos que ajudam a compreender as necessidades emocionais e espirituais daqueles que enfrentam a morte.
Um dos principais fundamentos do budismo tibetano reza que é de extrema importância o começarmos e finalizarmos bem tudo o que fazemos.
Isso vale para todas as ações de nossas vidas.
Viver é o ato constante em nossa passagem pela terra. Portanto, morrer com a mente clara e em paz é a melhor maneira para podermos concluir a nossa vida.
Este é o fio condutor do livro “Morrer não se improvisa”, publicado pela Editora Gaia, escrito pela psicóloga Bel Cesar, que há mais de 10 anos atende pacientes que enfrentam o processo da morte.
Sua prática psicoterápica é realizada, sempre, sob a perspectiva dos ensinamentos do budismo tibetano.
Em julho de 1999, em uma conversa informal com o seu mestre e amigo Lama Gangchen Rimpoche, Bel Cesar foi questionada sobre a possibilidade de escrever um livro que apresentasse sua experiência com pacientes que estão prestes a morrer.
Pensou por alguns instantes e manteve-se reticente.
Em seguida, Lama Gangchen foi mais incisivo: Eu vou morrer e sei que meu trabalho vai continuar. E você, depois de morrer, quem vai dar continuidade ao seu trabalho?
A partir deste diálogo, Bel Cesar compreendeu que o compartilhar sua experiência profissional era muito mais relevante do que resistir em expor o seu trabalho ou a história de seus pacientes.
Com coragem e determinação, Bel Cesar colocou no papel 12 casos atendidos desde 1991. Alterou o nome dos pacientes e pediu permissão aos familiares para publicá-los. Fez várias cópias e as distribuiu entre amigos e profissionais da área de saúde. Muitos se interessaram.
Ela consegue integrar a convicção religiosa de cada paciente com sua prática budista e alcança resultados surpreendentes.
Segundo ela, isso só é possível porque o budismo está baseado num sistema de sabedoria universal, respondendo às necessidades inerentes de cada indivíduo, que é encontrar um sentido tanto para a vida como para a morte e cultivar uma visão de paz que transcenda o materialismo imediatista.
Mais adiante, Bel Cesar percebeu que este material que estava se delineando no livro poderia dar a oportunidade para que outros profissionais comentassem suas experiências com pacientes terminais.
Ela convidou 16 representantes das áreas médica, religiosa e psicoterápica do Brasil e exterior para que compartilhassem suas experiências nos 12 casos relatados.
Além disso, percebeu também que poderia enriquecer, ainda mais, o conteúdo do livro, discorrendo sobre o atendimento hospice, uma prática criada na Inglaterra em 1967 e pouco difundida no Brasil, que consiste em oferecer uma abordagem multidisciplinar no atendimento às necessidades emocionais, físicas, espirituais e sociais do paciente e de seus familiares.
Resultado: “Morrer não se improvisa” é um livro vivencial, afinal fala da morte de maneira clara e direta.
Assunto que a nossa cultura faz questão de banir de toda e qualquer discussão.
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