27 janeiro 2012

Por que ocorrem mortes coletivas?


Sempre que leio ou escuto algo a respeito de “mortes” coletivas recordo o meu primeiro contato real com esse tipo de acontecimento.

Acho que eu tinha cerca de dez anos, quando fiquei impactada diante de fotos da erupção de um vulcão. [...]


Tratava-se do vulcão Nevado de Ruiz, localizado nos Andes colombianos, que entrou em erupção no dia 13 de novembro de 1985, matando mais de 25 mil pessoas.

No Natal de 2004, um Tsunami atingiu a região litorânea da Indonésia, deixando 229.866 mortos na Siri Lanka, Índia e Tailândia.

Em dezembro de 2004, um destrutivo incêndio na discoteca Cromagnon, em Buenos Aires, fez 194 vítimas, quase todos jovens.

No dia 1º de Janeiro de 2010, foi registrado um terremoto no Haití que matou mais ou menos 200 mil pessoas.

Em fevereiro de 2010, o Chile também sofreu um grande terremoto, matando cerca de 520 pessoas.

No dia 17 de julho de 2007, um avião que voava entre Porto Alegre e São Paulo, bateu num posto de gasolina, matou 187 pessoas que estavam a bordo e mais 12 que estavam em solo.

No ano de 2010, foram registrados cinco acidentes aéreos com grande quantidade de vítimas fatais, cujo número supera 1.370.

Sem falar do grande número de assassinatos em massa, que ocorrem em vários países, por ambição, por diferenças ideológicas, por intolerância ou por qualquer outro motivo que não serve como justificativa para que um Ser humano extinga a vida de outro.
 

O fato é que, diante de situações como essa, é comum as pessoas  questionarem sobre suas razões.
 

Por que ocorre algo tão terrível e mata tantas pessoas, sem escolher idade, sexo, raça ou religião?
 

Muitos creem que é má sorte; para outros é um castigo; alguns pensam que é obra do acaso.
 

Mas, e a Doutrina Espírita? Qual a sua explicação para a questão?


As leis

O Espiritismo explica com muita coerência, que cada um recebe segundo as suas obras, porque todos estamos submetidos à Lei de Ação e Reação (ou de causa e efeito) e à Lei de Evolução ou de Progresso.[...]

Reorganizando nosso raciocínio, podemos afirmar que somos os responsáveis pelo mal que nos atinge, já que o atraímos por nossos pensamentos, ações e omissões, em qualquer âmbito da nossa ação.
 

Que nossas atitudes no lar influem no conjunto familiar (uma individualidade coletiva), as realizadas como cidadão afetam a nossa comunidade (outra individualidade coletiva) e nossa atividade como habitante do mundo contribuirá no nível evolutivo do planeta em geral.

Que a Justiça Divina examina tudo isso minuciosamente, analisa as contribuições e danos que causamos como indivíduos e como individualidade coletiva, para dar a cada um segundo nossas obras, mediante a aplicação da Lei de Ação e Reação.

Para compreendermos melhor essa justiça, apresentamos hipóteses e fatos reais que explicam como tais responsabilidades coletivas são ajustadas nos processos de desencarnação.





Reajustes necessários

Gérson Simões Monteiro, presidente da “Fundação Espírita Cristã C. Paulo de Tarso”, em um artigo sobre as mortes coletivas, escreve que as vítimas de um terremoto poderiam ser antigos guerreiros que, numa encarnação anterior, destruíram cidades, lares, mataram mulheres e crianças sob os escombros de suas casas e vitimaram a milhares de pessoas. 


Numa nova encarnação, são “atraidos por uma força magnética pelos crimes praticados coletivamente, reunem-se em determinadas circunstâncias, e sofrem “na pele” por meio de um terremoto ou outra catástrofe semelhante, o mesmo mal que fizeram às suas vítimas indefesas de ontem.” São faltas individuais que influem no coletivo.

Acrescentamos que os sobreviventes também são chamados a uma transformação moral, a uma mudança em suas vidas, mas há pessoas que se aproveitam da situação de caos, em uma região que sofreu citado terremoto, para saquear, roubar, violentar e que se beneficiam com egoísmo das doações recebidas. 


Para essas, a lição não é suficiente e se comprometem mais seriamente ante a coletividade.

Gérson conta ainda, um caso de uma família que incendiou a casa de um vizinho por vingança e matou todos que estavam ali. 


Em outra encarnação, os membros da família criminosa se reuniram e expiaram seus crimes em um acidente. Enquanto viajavam, o carro em que estavam pegou fogo e todos morreram queimados, sem conseguirem sair do veículo.

O estudioso explica que cada membro da família reparou seus crimes de forma individual, mas num resgate coletivo.





Temos também outro exemplo real, explicado nas páginas da literatura espírita. No dia 17 de dezembro de 1961, um circo pegou fogo na cidade de Niterói (Rio de Janeiro) e cerca de 300 pessoas faleceram.

No livro “Cartas e Crônicas”, psicografado por Francisco Cândido Xavier, o Espírito Humberto de Campos relata a causa do acidente.

No ano 177 da Era Cristã, Marco Aurélio reinava no império romano. Mulheres, homens, crianças, anciões e enfermos cristãos eram detidos, torturados e exterminados. “Mais de 20 mil pessoas já haviam sido mortas”.

Chegou a notícia da visita do famoso guerreiro Lúcio Galo naquelas terras e os donos do poder queriam homenageá-lo de maneira grandiosa e original. Decidiram queimar milhares de cristãos num espetáculo “à altura” do visitante.

“Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam residências humildes e, no dia subsequente, ao Sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte, queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em correria.”

“Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento... Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou todos os responsáveis, que, em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo.” [...]




No capítulo 18 do livro “Ação e Reação”, cuja temática central é a exposição de exemplos reais que demonstram como se manifesta a Lei de Ação e Reação ou de Causa e Efeito, temos um caso muito interessante e o resumimos aqui:

Os trabalhadores do Plano Espiritual receberam um pedido de auxílio às vítimas de um acidente aéreo e o Instrutor Druso conta a história de Ascânio e Lucas.
 

Apesar de terem quase cinco séculos consecutivos de aprendizagem e trabalho digno, ambos não conseguiam atingir esferas mais elevadas porque tinham uma dívida pendente do século quinze, período em que assassinaram dois companheiros precipitando-os do alto de uma fortaleza.

Eles decidiram reencarnar, dedicar-se à aeronáutica e agora faziam parte das vítimas do citado acidente aéreo. Acontece que aqueles que possuem grandes créditos morais podem escolher o gênero de prova com que saldarão suas dívidas.

O benfeitor explica ainda que o socorro é oferecido a todas as vítimas, no entanto, não se pode esquecer que, mesmo que o desastre seja igual para todos, a morte é diferente para cada um. 


A libertação depende da “vida anterior” de cada indivíduo. Alguns seriam retidos por algumas horas, outros talvez por longos dias. A morte física é diferente da emancipação espiritual.




Druso diz que se a origem de cada provação fosse analisada, entre os acidentados seriam encontrados “delinquentes que, em outras épocas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas; companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar, ou suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes.”

Tais provações servem também como lutas expiatórias para a família. Pais que fracassaram com seus filhos, em outras épocas, aprendem através da saudade.

A dor coletiva é o remédio que corrige as faltas mútuas.

Pelos ensinamentos do instrutor Druso, entendemos que a desencarnação coletiva não ignora as condições individuais e que nem sempre aqueles que se reunem para resgates coletivos estão envolvidos na mesma ação do passado.[...]


Parece estar mais que demostrado que, na realidade, não há vítimas inocentes nas tragédias coletivas, mas sim Espíritos que possuem culpas na sua bagagem espiritual.
 

Muitos querem se retificar e, quando estão no Plano Espiritual, pedem a Deus a oportunidade de fazê-lo; escolhem o gênero de resgate, fazem o seu plano e o executam durante a reencarnação.
 

Outros são intimidados a fazê-lo porque teimam em ser rebeldes e maus e precisam sentir na própria pele a dor que causaram nos seus semelhantes, para compreendê-la e transformar-se.
 

Além disso, há os familiares, os amigos e os sobreviventes que também sofrem a tragédia, mas não injustamente.
 

A Justiça Divina sempre utiliza todos os recursos disponíveis e necessários para aplicar valiosos ensinamentos aos envolvidos, os quais também são devedores perante as Leis ou necessitam passar por esse gênero de prova para se aperfeiçoarem. [...]

 


Mas como a Justiça Divina utiliza os fenômenos naturais e os equívocos de certos indivíduos como ferramenta de depuração de outros?

Américo Domingos Nunes Filho, num artigo publicado na Revista “O Consolador”, explica que se considerarmos que os Espíritos influenciam nos nossos pensamentos, [...] é provável que os Espíritos nos inspirem em quase todos os atos de nossa vida e, por que não, da nossa morte?
 

O artigo apresenta exemplos:
 

Se chega o momento de uma pessoa desencarnar por ocasião de um acidente, segundo a sua programação reencarnatória, a Espiritualidade pode inspirá-la a subir em uma escada deteriorada que não suporte o seu peso. Os Espíritos não quebram a escada, mas utilizam a sua fragilidade.

Um homem, cuja programação é a de morrer eletrocutado por um raio, será inspirado a abrigar-se debaixo de uma árvore que será atingida durante uma tempestade.

Da mesma forma, se alguém não deve morrer num acidente ou desastre natural, a inspiração será para que o evite. 


Por isso muitas pessoas escapam do que seria uma morte certa. Como aquelas que desistem de viajar em cima da hora e, mais tarde, descobrem que o meio de transporte que usariam sofre um acidente.




Enfim, é importante compreender que aqueles que perecem nas tragédias coletivas (ou não) já o tinham programado antes do seu nascimento.

A Espiritualidade somente os inspira a reunir-se para cumprir a programação. É um compromisso que assumiram perante a Lei.

É importante destacar também, que o mal não é planejado, que ninguém nasce programado para servir de ferramenta ao cumprimento de uma prova ou expiação. 


As ações homicidas, genocidas, o terrorismo, as irresponsabilidades que terminam por eliminar vidas, ou as omissões que matam, são escolhas individuais de cada Espírito e, mais cedo ou mais tarde, a Justiça também os alcançará, nessa ou em outra existência.

Queremos esclarecer que tampouco podemos condenar as pessoas que pereceram em tragédias coletivas como antigos criminosos. É mais justo considerá-los como filhos pródigos que conseguiram vencer uma grande etapa no seu caminho evolutivo, que voltam para casa mais leves e serenos, porque se liberaram de culpas que os machucavam.

Queremos dizer aos seus familiares que não se revoltem, nem se sintam abandonados por Deus. 


Temos uma visão muito limitada da Sua Bondade, do Seu amor e da Sua justiça, já que só podemos lembrar a atual existência e, na maioria das vezes, ela é incapaz de explicar-nos as causas de tais fatos.
 

Confie, ame, ore e ajude os seus semelhantes que ainda caminham com você. 

Tente vislumbrar a imagem descrita pelo Espírito Cyro Costa, quando homenageou os mortos no incêndio do edifício Joelma:

Na Terra o sofrimento, a angústia, a cinza, a escória...
Mas ouvem-se no Além os hinos de vitória
Das Milícias do Céu saudando os redimidos.


(Marina Silva)


Fonte: http://sociedadeespiritaallankardec.jimdo.com/encontre-aqui/por-que-ocorrem-mortes-coletivas/

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