Hoje bateu uma saudade.
Uma saudade que veio lá do fundo do meu grande baú de lembranças...
Ano de 1976.
Ano que o Espiritismo entrou em minha vida oficialmente, pela dor e pela porta da frente.
Foi quando perdi meu pai...
E lá se vão tantos anos...
Nessa época, a novela do momento era "A Viagem", de Ivani Ribeiro.
Depois de muitos anos também assisti ao remake.
Mas para mim, mesmo o remake sendo ótimo, o impacto da primeira versão, desde a abertura, a novidade do texto, até a trilha sonora e músicas incidentais foi incomparável.
Segue um texto interessante, imagens dos atores das duas versões e um vídeo com a abertura antiga - que marcou minha infância para sempre - e a versão mais recente .
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Sobre a novela “A viagem” - de Ivani Ribeiro
A novela tratou da vida após a morte, baseando-se na filosofia de Allan Kardec.
A autora, Ivani Ribeiro, usou de sua história e de seus personagens para apresentar detalhes da doutrina kardecista.
Foram levantadas todas as dimensões da crença, desde o preconceito dos leigos até estudos científicos. Inclusive a comunicação entre vivos e mortos através da mediunidade, espíritos encarnados e desencarnados, possessões, crendices populares, etc.
As irmãs Diná e Estela (Eva Wilma e Irene Ravache), por exemplo, pressentiam quando estavam próximas uma da outra.
Tibério (Abrahão Farc) conversava com um espírito amigo que ficava todo o tempo a seu lado.
Dona Cidinha (Lúcia Lambertini) era uma mulher do povo, supersticiosa e cheia de crendices populares.
Dona Guiomar, Téo e Tato (Carminha Brandão, Tony Ramos e Carlos Alberto Riccelli) sofriam a possessão do espírito maligno de Alexandre (Ewerton de Castro).
O Dr. Alberto (Rolando Boldrin) era um sensitivo que fazia reuniões e rezava pela alma atormentada de Alexandre.
Ivani Ribeiro baseou-se nos livros "E a Vida Continua" e "Nosso Lar" ditados pelo espírito de André Luiz a Chico Xavier. Também teve a colaboração do professor Herculano Pires, considerado um dos maiores escritores e estudiosos da doutrina kardecista.
A princípio, a autora pensou em adaptar um livro de Chico Xavier. Mas foi o próprio Chico que sugeriu a Ivani que ela desenvolvesse uma trama que abordasse o tema. (*)
Naquele ano de 1975, a proibição da novela "Roque Santeiro" fez com que a Globo reprisasse "Selva de Pedra". A Tupi aproveitou o acontecido e, depressa, lançou "A Viagem".
Não mediu esforços, chegando a sacrificar a novela anterior no horário, "Ovelha Negra", que teve os capítulos encurtados.
A campanha promocional de "A Viagem" contava com slogan nos cartazes de rua que dizia: "Assista a uma novela inédita com capítulos inéditos".
Referia-se ao fato de Selva de Pedra, na emissora concorrente, ser uma reprise.
Ivani Ribeiro reescreveu "A Viagem" para a Globo em 1994.
Este remake tornou-se um grande sucesso da emissora.
Christiane Torloni, Antônio Fagundes, Maurício Mattar, Andréa Beltrão e Guilherme Fontes viveram os personagens que foram originalmente interpretados por Eva Wilma, Altair Lima, Tony Ramos, Elaine Cristina e Ewerton de Castro.
A Tupi teve dificuldades em encontrar uma igreja para realizar o casamento entre Téo e Lisa (Tony Ramos e Elaine Cristina).
Na época, a Cúria Metropolitana baixou uma ordem negando qualquer colaboração com a novela, alegando que a história se voltava contra os princípios católicos. (*)
Ivani Ribeiro em entrevista a Marcilene Caetano para a Revista Melodias nº 216: (*)
"Com A Viagem quis desvendar o mundo espiritual.
Acredito muito em Deus e procurei, antes de tudo, aproximar o homem dele.
Mostrando o outro lado da vida, procurei provar que as pessoas não precisam cultivar esse pavor imenso da morte.
Torno a dizer: "A Viagem" é uma novela para ser assistida por católicos, protestantes, espíritas e pessoas de qualquer outra religião, porque sua mensagem maior é caridade, amor a Deus, pureza."
Último trabalho da atriz Lúcia Lambertini, que morreria em 23/08/1976, após a finalização da novela.
A atriz Márcia Maria, que fazia uma participação especial, ficou doente sendo substituída por Kate Hansen. O diretor Carlos Zara apareceu em off no capítulo da substituição explicando a mudança de atriz.
O ator Kadu Moliterno, antes de ser contratado pela Globo (em 1978), assinava Carlos Eduardo nas novelas onde trabalhou na Tupi e Record.
A menina Andréa Morales, que fez Patrícia, a filhinha de Diná e Téo, era sobrinha-neta de Ivani Ribeiro.
Rogaciano de Freitas, então repórter da Revista Amiga, estreava como ator em "A Viagem". Na ocasião, recebeu o apelido de "gari celestial", pois numa das cenas, seu personagem, Germano, aparecia varrendo o Nosso Lar, local onde moravam os espíritos do bem. (*)
Não confundir "A Viagem" com outra novela de Ivani Ribeiro: "A Grande Viagem" (Excelsior, 1965).
"A Viagem" foi a última novela de Ivani Ribeiro como contratada da TV Tupi.
Em 1976, a autora assinou contrato com Silvio Santos e escreveu "O Espantalho".
Seu contrato com o "homem do Baú" terminou no final de 1979, quando Ivani foi para a Bandeirantes. Entre 1977 e 1979, Ivani foi "emprestada" à Tupi e escreveu duas novelas: "O Profeta" e "Aritana".
A novela teve uma versão romanceada lançada nas livrarias.
"A Viagem" foi reprisada às 20 horas (em substituição à "Como Salvar Meu Casamento" - que não teve seu final exibido), de 3 de março a meados de julho de 1980, quando a emissora fechou suas portas, deixando essa reprise inacabada.
Para a reprise, a Tupi criou nova abertura, inclusive com outro tema musical.
(*) Fonte: De Noite Tem... Um Show de Teledramaturgia na TV Pioneira, Mauro Gianfrancesco e Eurico Neiva, Giz Editorial, 2007.
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A Viagem - 1975 - Atores
A Viagem - 1994 - Atores
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Aberturas das duas versões:
Apenas destacando que na abertura antiga assistia-se o final do capítulo anterior.
Apenas destacando que na abertura antiga assistia-se o final do capítulo anterior.
1975
1994
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