Meu avô não foi
ninguém.
No entanto, que grande homem ele foi pra mim.
Meu pai era severo e
triste, mal o via, chegava de aviões de guerra e nem me olhava. Meu
avô, não. Me pegava pela mão e me levava para o Jockey, para ver
os cavalinhos.
Foi uma figura
masculina carinhosa em minha vida. [...]
Meu avô adorava a vida
e sempre usava o adjetivo "esplêndido", tão lindo e
estrelado.
A laranja chupada na feira estava "esplêndida",
a jabuticaba, a manga-carlotinha, tudo era "esplêndido"
para ele, pobrezinho, que nunca viu nada; sua única viagem foi de
trem a Curitiba, de onde trouxe mudas de pinheiros. "Esplêndidas"
[...]
Meu avô não era
ninguém. Mas nunca houve ninguém como ele.
(Arnaldo Jabor)
* * *
Texto na íntegra em http://www.factivel.com.br/blog/arnaldo-jabor-este-texto-e-sobre-ninguem/
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