Allan Kardec trata
deste assunto com muita propriedade no capítulo 14 de "O
evangelho segundo o espiritismo" bem como nas questões 203 a
217 de "O livro dos espíritos".[...]
Podemos, de um modo
geral, afirmar que os deveres dos pais para com os filhos são os de
orientar, educar e auxiliar no crescimento e compreensão do mundo -
dando cuidados, alimentação, carinho e corrigindo quando
necessário.
Muitos pais,
entretanto, esquecem alguns destes deveres e daí surgem situações
onde vemos negligência dos pais ou superproteção; dois extremos
que não são benéficos para o relacionamento pais e filhos.
Por outro lado os
deveres dos filhos, ao meu entender, são os de amar, respeitar e
cuidar dos seus pais, aproveitar as orientações recebidas, assumir
posturas dignas e de respeito, buscar crescer e desenvolver-se como
uma pessoa responsável dentro da sociedade e gerar uma família
equilibrada que possa servir de apoio para os pais no futuro.
Da mesma forma, na
nossa sociedade, muitas vezes desprezamos os pais (os mais velhos de
um modo geral) e relegamos ao esquecimento ou a visitas formais em
datas festivas... esquecendo que eles poderiam grandemente contribuir
para o nosso esclarecimento com sua experiencia de vida e,
principalmente, o débito moral e físico que temos com aqueles que
tanto se dedicaram para que chegássemos onde estamos hoje.
Feitas estas colocações
é necessário também esclarecer que muitos dos relacionamentos
entre pais e filhos não são harmônicos e equilibrados, havendo
inclusive alguns que chegam a violência e ao assassínio entre eles.
Estas desavenças são
frutos de experiencias vividas no passado e que hoje, em outra
encarnação, faz com que as energias fluídicas dos envolvidos
muitas vezes não tenham afinidade e assim exista antipatia e até
ódio entre eles.
Neste ponto chegamos a
outra parte do seu questionamento: "os pais escolhem os filhos
ou os filhos escolhem os pais"?
Posso afirmar que
acontece uma coisa e outra e também nenhuma das duas, dependendo do
caso.
A nossa família
terrena é formada por espíritos que, entre sí, tem alguma sintonia
- seja ela positiva ou negativa - e que tem a necessidade de
reencarnarem unidos em um mesmo grupo para que possam ir resgatando
os erros do passado.
Neste caso muitas vezes
viremos como pais, filhos, irmãos, primos, etc... de acordo com a
necessidade e a orientação dos mentores que nos guiam.
Em alguns casos podemos
nos dispor a receber como filhos um espírito a quem tenhamos
prejudicado anteriormente, para termos a oportunidade de dar amor e
carinho a quem tinhamos dado apenas sentimentos negativos antes.
Em outros casos
escolhemos vir como filhos porque nos dará a oportunidade de
resgatarmos nossos erros cuidando - no futuro - de uma pessoa que
prejudicamos no passado; alguns casos ainda existem onde encarnamos
como pais ou filhos para proteger e orientar outros espíritos.
Outros ainda em que
existe a necessidade de terminarmos alguma missão que falimos em
nosso passado e recebemos outra chance da mesma maneira que era
antes...
Ou seja: são diversas
as situações e inúmeros os motivos para que um espírito venha
como pai ou filho, vai depender de sua necessidade e de seu
merecimento.
O importante, porém, é
que não deixemos passar a oportunidade que a vida nos dá agora e
que façamos o melhor que pudermos, na posição que estivermos, e
nos dediquemos com amor e carinho aos que necessitam e que estão
conosco em caminho - pois a nossa família representa os próximos
mais próximos de nós e, frequentemente, aqueles com quem temos os
débitos mais difíceis de serem resgatados.
Por este motivo
necessitamos sempre dedicar e honrar o compromisso familiar, mesmo
que não sejamos correspondidos pela outra parte;
devemos nos dedicar ao máximo pelo que nos compete vencer os nossos
próprios obstáculos e servir, assim, de exemplo para todos os que
nos cercam.
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