31 maio 2012

Ver e enxergar


Foi numa tarde cinzenta que me despedi deste mundo físico em minha última encarnação.

Eu caminhava no meio da rua entre escombros e lixo quando um morteiro estourou bem a meu lado. Meu corpo foi atirado em direção à calçada, batendo numa parece e caindo no chão, como um boneco.

Assustado, ofegante de pavor, levantei-me de pronto, sacudi a poeira das roupas e saí correndo dali, escondendo-me no primeiro porão que achei.

Meus ouvidos zumbiam ferozmente. Sentia um leve enjôo.

Pus-me a olhar a rua pela clarabóia e vi tropas marchando na rua, saindo da cidade.

Curiosamente, os soldados carregavam figuras esquisitas, algumas muito escuras, penduradas a eles. Fiquei aterrorizado ao notar que aquelas figuras me viam e acenavam para mim. Quem eram eles?

Quando a tropa se foi, saí à rua e pude vislumbrar cores e sombras diferentes, além de aromas que jamais percebera antes.

Caminhei muito até perceber uma intensa luz vinda de uma das casas. Aproximei-me e vi que a casa parecia ter uma conexão iluminada que seguia até o céu.

Muitos aglomeravam-se na porta, sem conseguir entrar. Não havia ninguém impedindo, mas eles simplesmente não conseguiam passar da porta.

Fui chegando perto, pedindo licença aqui e ali e parei diante da porta.

Lá dentro, um velho soldado num reluzente uniforme polonês, estendeu-me a mão.

Entrei. Encantei-me e nunca mais desejei sair.

Graças a Deus, pude imediatamente começar a trabalhar e a auxiliar.

Existem ainda muitos amigos pelo mundo afora que vêem a luz, mas nada enxergam quando colocados diante dela.

Um abraço a todos.

D.I.K.

* * *

Autor: D.I.K.
Psicografado por: Cleber P. Campos
REFERÊNCIA: 2ª Guerra




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