24 outubro 2012

Corrupção - Richard Simonetti



01 – É assustador constatar como a corrupção está entranhada em todos os setores da vida brasileira. É uma característica nacional?

É uma vocação universal. 
As transgressões estão presentes em todos os países, em todas as culturas, envolvendo particularmente dinheiro, política e sexo, desde Adão e Eva deixando-se corromper pelas sugestões da ardilosa serpente.
Trata-se de sugestiva alegoria que exprime bem essa tendência humana.

02 – Parece, entretanto, que no Brasil a corrupção é bem maior. Diariamente topamos com escândalos divulgados pela mídia.

É apenas menos reprimida, como acontece em todos os países subdesenvolvidos.
Não temos os mecanismos de controle que caracterizam nações como a Inglaterra, a França, os Estados Unidos, onde há uma legislação mais severa e uma fiscalização mais eficiente.

03 – Não seria também um problema cultural, determinado pela deficiência educacional que caracteriza os países mais pobres?

Nas próprias universidades, mesmo nas sociedades mais desenvolvidas, a corrupção está presente, o que demonstra que não é esse o problema.

04 - Qual seria então a origem da corrupção?

Há uma causa comum para todos os males humanos, inclusive a corrupção – o egoísmo.
É por pensar muito em si mesmo, em seu bem-estar, no atendimento de suas necessidades, que o indivíduo acaba se envolvendo com um comportamento inadequado e imoral.

05 – Mas há pessoas que, não obstante corruptas, são generosas e desprendidas, preocupadas inclusive com o bem-estar alheio.

São gentis com o chapéu alheio, generosas com recursos que não lhes pertencem. enquadram-se nessa situação políticos que agem na base do “rouba mas faz”, o que é lamentável, já que se espera do homem público exatamente o contrário – Que faça sem roubar, porquanto está lidando com patrimônios que não lhe pertencem.

06 – Todas as religiões combatem a corrupção. Por que, não obstante, enfatizarem que há sanções divinas aplicadas contra os infratores, não raro ela se instala nos próprios círculos religiosos?

As religiões são especulativas, envolvendo-se com fantasias que não convencem.
Nenhum corrupto está preocupado com supostas sanções divinas, envolvendo seres diabólicos e caldeiras infernais.
Por isso, como na alegoria de Goethe, há muitos Faustos dispostos a vender a própria alma para conseguir fama e fortuna.
Não os impressionam as conseqüências de suas ações em suposto futuro espiritual. Nem mesmo acreditam que exista esse futuro.

07 – O Espiritismo seria mais eficiente nesse particular?

O Espiritismo é sempre mais eficiente em todos os assuntos que envolvem o destino humano, porquanto não é especulativo.
Temos, no contato com os espíritos sofredores, a visão do que nos espera no mundo espiritual se desencarnarmos comprometidos com o vício, o crime, a desonestidade…
Eles fazem estágios depuradores em regiões umbralinas de grande sofrimento.
Depois retornam à carne para enfrentar existências difíceis e problemáticas, com enfermidades e limitações físicas resultantes de seus erros.
Essa realidade é apresentada de uma forma tão clara e objetiva, que passamos atestado de insanidade ou absurda imaturidade quando não mudamos os rumos de nossa vida ao tomarmos conhecimento dela.

08 – Qual seria a medida exata para conservarmos a nossa integridade?

Toda corrupção está associada à mentira.
Fundamental portanto que, se a queremos combater, que sejamos sempre verdadeiros, guardando fidelidade à nossa crença, convictos de que podemos enganar a todos, mas jamais enganaremos nossa própria consciência.
Ela premiará com a paz ou punirá com a intranqüilidade e o desajuste nossos acertos e desacertos existenciais. 
Isso é inexorável.





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