Minha alma instruiu-me
e ensinou-me a nunca me ufanar por um elogio, nem me deprimir por uma
censura.
Antes de minha alma
falar, eu vivia na incerteza acerca do valor das minhas ações e
precisava de alguém para me orientar.
Mas agora, aprendi que
as árvores florescem na primavera e dão frutos no verão, sem
almejar louvor algum, e desfolham-se no outono e desnudam-se no
inverno sem temer os censores.
Minha alma instruiu-me
e ensinou-me que não sou superior aos pigmeus nem inferior aos
gigantes.
Antes de minha alma
falar, eu costumava classificar os homens em duas categorias: os
fracos que desprezava e de quem me apiedava - e os fortes que seguia
ou contra os quais me rebelava.
Mas agora, sei que fui
amassado com a mesma argila com que todos os homens foram amassados.
Minha essência é
igual à sua essência.
Meus elementos são
iguais aos seus.
Minhas aspirações e
as suas aspirações convergem.
E nossos alvos
convergem.
Quando pecam, eu também
sou responsável. E quando agem meritoriamente, compartilho o seu
mérito.
Quando andam, ando com
eles, e quando param, eu também paro.
Minha alma instruiu-me
e ensinou-me.
E tua alma te instruiu,
meu irmão, e te ensinou.
Tu e eu somos iguais.
* * *
Iguais na essência...
Iguais nos meios e condições recebidos para progredir...
Não há ser que não
esteja aqui na Terra para aprender.
Misturada na água da
argila ainda úmida, o escultor derramou gotas de perfectibilidade,
fazendo com que sua obra, embora já guardando beleza sem igual,
pudesse ainda se aformosear infinitamente através das eras.
Não há ser que não
esteja aqui para conviver.
Em nossos elementos
fundamentais, o grande alquimista combinou a individualidade com a
coletividade.
Misturou o eu com o
nós, fazendo-nos dependentes uns dos outros para que nos
amparássemos mutuamente, contudo, entregou-nos o controle pleno
apenas de uma das partes: do eu.
Não há ser que não
esteja aqui para amar.
Nas mãos cuidadosas do
artesão estava o amor, em sua expressão mais alva e luminescente,
transformando o barro elementar em peça sem forma e dimensões
materiais.
Fez-se o imponderável, o abstrato.
E nada foi como
antes...
* * *
Por mais que tenhamos
aberto vales entre nós, através dos tempos; por mais que tenhamos nos
apartado uns dos outros sob a égide de brasões, bandeiras, crenças
e cores múltiplas, essencialmente, somos iguais.
Por mais tenhamos nos
afastado uns dos outros, corroídos pelos preconceitos, pela
dificuldade em conviver com o diferente, faz-se urgente entender que
o diferente está apenas na casca.
Triste época! -
Afirmou Einstein. - Mais fácil desintegrar um átomo do que um
preconceito.
É chegado o tempo de
aplicar as potências humanas que desvendaram as estruturas atômicas,
no descobrir a alma em toda sua complexidade e beleza, e de encontrar
em seu núcleo luzente as partículas comuns a todos nós: a
perfectibilidade e o amor.
(Redação do Momento
Espírita - com base em trecho da obra “Curiosidades e belezas”,
de Gibran Khalil Gibran, ed. Acigi; e no cap. “Tu e eu somos
iguais”, do livro “O que as águas não refletem”,
de Andrey Cechelero, edição do próprio autor.)
* * *
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