Duas verdades muito
simples devem estar presentes na imaginação dos pais: de um saco
vazio nada podemos tirar; de um terreno inculto, abandonado, nenhum
bom grão podemos colher.
Estas duas asserções,
banais em aparência, naturalmente servirão para lhes trazer à
mente um fato de suma importância: a educação dos filhos.
Sim, se eles descurarem
o cumprimento deste dever, chegará o dia em que debalde procurarão
obter alguma coisa dos filhos. Estes lhe darão o que se pode tirar
de um saco vazio ou aquilo que se pode colher de um terreno
abandonado.
A autoridade paterna,
elemento indispensável na orientação e direção da mocidade, não
surge do vácuo nas ocasiões prementes das grandes necessidades, dos
lances aflitivos em que ela é reclamada.
Se essa autoridade
existe...apresenta-se, impõe-se, age, luta e consegue.
Se não existe, é
escusado apelar-se para ela, no paroxismo de qualquer aflição.
A autoridade paterna se
desenvolve paulatinamente, como fruto da educação que os pais dão
aos filhos, quando essa educação se funda na base sólida de
exemplos dignos e elevados.
Ela se desenvolve e
frutifica como as plantas de valor. Pretendê-las num dado momento,
como façanha de prestidigitador, é ilusão que nenhum pai sensato
deve alimentar.
Há exemplos, não
contestados, de filhos bons e dignos, à revolta da influência
doméstica, e outros que são maus, a despeito dos desvelos paternos;
porém tais casos são exceções que não anulam a regra e, menos
ainda, os deveres dos pais, no que concerne à formação do caráter
de seus filhos.
Sabemos que nossos
filhos são espíritos reencarnados, os quais semelhante ao vento,
segundo disse Jesus ninguém sabe donde vêm. É possível que sejam
espíritos de sentimento e moral elevados; assim sendo, não nos
darão maior trabalho: é a exceção.
Caso contrário, como é
de regra, trarão consigo defeitos, vícios e paixões, para cujo
extermínio cumpre providenciarmos, empenhando, todos os meios ao
nosso alcance. E isto se obtém, ministrando a educação cristã,
firmada sobre os alicerces de exemplificações acordes com aquela
doutrina.
Educar é salvar.
O Espiritismo é a
religião da educação. Não há lugar para superstições, na trama
urdida pelos postulados cristãos que o Espiritismo veio restaurar em
toda a sua verdade.
Eduquemo-nos, pois, e
eduquemos nossos filhos.
Um mau chefe de família
nunca pode ser um bom espírita.
(De “Na Escola do
Mestre”, de Vinícius/Pedro de Camargo)
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