Três homens morreram e
chegaram ao Mundo dos Espíritos exibindo qualidades diferentes.
O primeiro era
mentiroso e causara muita desgraça aos que acreditaram em suas
palavras.
O segundo era enganador
e iludira muitas pessoas, fazendo-as perder tempo considerável por
dar ouvidos às suas promessas.
O terceiro era um
solitário, que vivera só para si, desprezando todas as
oportunidades de fazer algo em favor de alguém.
Despertaram numa região
trevosa, onde foram perseguidos por vampiros. Na tentativa de
escapar, correram, desesperadamente, até que chegaram às margens de
um grande rio.
Do ponto onde pararam
podiam ver que, do outro lado do rio, estava o Reino Celestial.
Temendo a chegada dos vampiros, que os perseguiam, clamaram pelo nome
de Deus, até que um Anjo do
Senhor a eles se
apresentou.
- Anjo, salva-nos! -
disseram a um só tempo.
- Usem os barcos da
vida! - disse o Mensageiro Celestial.
Eles viram, na beira do
rio, três barquinhos, marcados com seus nomes. Rápidos, pegaram os
barcos e se lançaram na água, para fugir dos vampiros, que já
vinham próximo.
Seguiu-se uma cena de
muito desespero e aflição: o mentiroso não saiu do lugar, porque
seu barco foi invadido pelas águas, afundando; o enganador ficou
girando, no mesmo lugar, porque seu barco não obedecia a seus
comandos; o solitário não tinha força suficiente para vencer a
correnteza e tirar o barco do lugar.
Enquanto isso, os
vampiros perseguidores aproximavam-se. Já era possível ouvir suas
ameaças e gritos de revolta.
Vendo que o Anjo ali
permaneceu quieto, disse-lhe o mentiroso, no auge do desespero: -
Anjo, que barco me deste?
"Dei-te um Barco Furado, meu amigo.
Foi o que produziste em vida. Cada mentira que criavas era
um furo que fazias em teu
barco."
E eu Anjo, que barco me
deste? - perguntou o enganador.
"Dei-te um Barco
Sem Rumo, meu amigo. Foi o que produziste em vida. Cada promessa que
fazias e não cumprias, deixando as pessoas desnorteadas, era uma
avaria que causavas no leme de teu
barco."
E eu Anjo, que não
menti nem iludi, que barco me deste? - disse o solitário.
"Dei-te o Barco do
Retorno, meu amigo. Foi o que mereceste em vida. Por viveres de forma
egoísta, tomaste nula tua existência e terás que retomar para
começar tudo de novo."
Nesse instante os
vampiros chegaram e, determinados, armaram-se para aplicar o bote
fatal.
Aflito, o homem
solitário, olhando para os outros dois padecentes, gritou alucinado:
Venham!
Rápidos, os dois
convidados pularam para dentro do Barco do Retorno e este, agora
movido pela força dos três homens, saiu do lugar para cumprir seu
destino, livrando-os dos inimigos.
Quarenta anos depois,
era possível ver um lar neste mundo, onde um pai extremamente
afetuoso dedicava-se a dois filhos, buscando, com sua doação de
amor, livrá-los dos maus hábitos que possuíam: é que um
gostava muito de mentir e o outro era especialista em prometer e não
cumprir.
*
•As leis de Deus são
perfeitas. Em todo momento estamos acionando essas leis, de
conformidade com nossas atitudes e procedimentos.
•Uma de suas leis é
a de Ação e Reação. Cada ato praticado na vida desencadeia uma
reação, que é a resposta de Deus, aplicada através das leis que
Ele criou.
•Ao longo da jornada
terrena acumulamos merecimentos e dívidas. Méritos pelos bons atos;
endividamento pelos prejuízos causados aos outros.
•Os bons atos
decorrem das nossas ações que guardam harmonia com a Lei de Amor ao
Próximo. Os erros resultam do distanciamento dessa Lei.
•No mundo material
colhemos a resultante dessas nossas ações. Mas, no Plano Espiritual
também, e até mais intensamente, daí poder se dizer,
apropriadamente, que aqui é a semeadura e lá a colheita.
•Após a morte do
corpo, todos se depararão, no Plano Espiritual, com sua própria
consciência. É nela onde está o registro de tudo que fomos e
fizemos. Mergulhada no Halo Divino, a consciência
de cada um aponta o
grau de acerto e de desacertos cometidos na vida, gerando
individualmente, no Plano Maior, as conseqüências felizes ou
desgraçadas.
•A história dos
barcos tem o propósito de levá-lo a refletir sobre essas
conseqüências. A narrativa aponta, figurativamente, a vida de três
homens endividados, que se deparam, após a morte, com
os resultados dos erros
praticados no curso da caminhada terrena.
•Os barcos
representam o merecimento de cada um; o Anjo é a figura dos Mentores
Espirituais, mensageiros de Deus imbuídos da missão de nos instruir
e proteger; os vampiros são os tormentos
mentais que perseguem
os pecadores, através do remorso e do arrependimento; o Barco do
Retomo simboliza a Lei da Reencarnação, da qual ninguém escapa,
quer já tenha maturidade espiritual para compreendê-la, ou
não.
•A vida é uma
caminhada rumo a Deus. Saídos das mãos do Pai, como espíritos
simples e ignorantes, a Ele retornaremos na condição de Espíritos
Puros.
•Todos nós,
Espíritos caminhando para Deus, voltamos à Terra sucessivas vezes,
para ressarcimento de dívidas e para a conquista de novas virtudes,
rumo à perfeição.
• "Na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não
poderá ver o Reino de Deus" (João 3:3).
(extraído do livro
“Novas histórias que ninguém contou, novos conselhos que ninguém
deu” , de Meleíades José de Brito)
* * *
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