10 janeiro 2013

Viverei mil vidas



Faz meio século que escrevo em prosa e verso; história, filosofia, drama, legendas, sátira, ode, canção; de tudo tenho tratado, mas sinto que não disse mais que a milionésima parte do que sinto em mim.

Quando estiver no túmulo, direi: "terminei minha jornada" e não "terminei minha vida". Minha existência recomeçará no outro dia. O túmulo não é um beco sem saída mas uma avenida. Minha obra é apenas um princípio e a sede do infinito prova que existe o infinito.

Sou homem, mas sou uma partícula divina que, insignificante como sou, me sinto Deus porque eu também ponho ordem em meu caos interior.

Viverei mil vidas futuras, continuarei minha obra, de século em século escalarei todas as rochas, todos os perigos, todos os amores, todas as paixões, todas as angústias e depois de mil ascensões, livre, transformado, meu espírito voltará à sua fonte, unindo-se com a realidade absoluta, como o raio de luz retorna ao Sol.

(Victor Hugo)

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