Caro amigo,
Sinto uma profunda necessidade de relatar aos
homens a minha triste história.
Irmãos, cansado de sofrer nas sucessivas jornadas em solo
terreno, resolvi modificar minha atitude perante a Lei Maior.
Contudo, o caminho que
escolhi foi errado.
Praticamente, eu quis arrombar as portas do céu.
Em recente caminhada pela Terra, fui humilde entregador de
água em região marcada pela aridez.
Ganhava sustento através desta simplória forma de trabalho e
não passava de um quase pária na sociedade.
Havia eu escolhido tal posição
social, antes de voltar ao mundo físico, pois assim esperava atingir a maturidade espiritual
através da humildade.
Porém, a rebeldia que sempre caracterizou meu ser, não
poderia admitir tal situação por longo tempo, uma vez encarnado.
Assim, acabei não cumprindo o plano traçado.
Havia eu falhado
em minha escolha?
Vários mentores abnegados haviam me assistido e eu tinha pedido algo
que me fizesse evoluir espiritualmente de fato, pois já estava cansado das
sucessivas decepções.
No entanto, não se evolui da noite para o dia.
Não nos tornamos príncipes da luz por simples querer na
Terra.
Paguei caro em almejar subir degraus pulando-os, ao invés de
galgá-los um a um.
O inexpressivo entregador de água abrigava um déspota dentro
do seu coração.
A arrogância sempre marcou meu espírito e a posse de bens
materiais foi comum em minhas vidas pretéritas.
A prova que solicitei parecia não ser tão difícil, porém,
para mim, tornou-se algo de grande vulto. Domar meus instintos e tendências mais fortes era
tarefa demasiadamente sofrível.
Havia insistido com os mentores por ter uma vida simplória,
e eles, com bondade e sabedoria, não indicaram tal tarefa como a melhor para mim.
Por eles, eu seria um comerciante ou um senhor de terras,
para que ainda desse vazão aos ímpetos de minha alma e esgotasse o ardor abundante. Mas,
não! Persisti firmemente em tal idéia, fascinado pelo brilho dos espíritos de Luz.
Eu também
queria ter luminosidade e força, porém sabedoria não se ganha, não se compra e não se rouba.
Ela deve ser conquistada com muito suor e lágrimas, justamente o que eu não queria
verter.
Hoje, estou aprendendo que a verdadeira prova da humildade
só pode ser realizada em muitas vidas.
Começa-se devagar até que se possa envergar
vestes simples e pregar a luz do Pai com o próprio exemplo.
Senhor, perdoa este pobre infeliz que deixou-se levar pela presunção.
Admito a minha vaidade quando persisti na idéia de ser
humilde, quando, na verdade, ainda não o queria.
Desperdicei uma vida que deveria ser bem aproveitada pelo
meu espírito e sei que esta perda
custará muito tempo para reparar.
Aníbal
(psicografia extraída de “Depoimentos do Além” – Pablo de
Salamanca )
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Olá
ResponderExcluirAs palavras
que semeiam o pensar
são preciosas.
Delas nascem sentimentos
que nos tiram do lugar comum
e nos fazem sentir
o perfume
precioso da vida.
Olha o céu de manhã.
Vês como brilha iluminado
por teus sonhos...
Olá!
ResponderExcluirAceita o universo
Como to deram os deuses.
Se os deuses te quisessem dar outro
Ter-to-iam dado.
Se há outras matérias e outros mundos —
Haja.
Alberto Caeiro,
(in “Poemas Inconjuntos”)
abços!!
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