Maria tanto amou que acabou.
Esgotou-se o amor.
Amor que juraria que fosse eterno.
Pra
sempre.
E hoje Maria anda falando sozinha pelos corredores, falando
com as paredes e perguntando o por quê do fim desse amor.
O fim do amor aconteceu porque Maria amava muito, amava mais
que era amada, sobrava amor.
Sobrava muito amor.
Maria era amada, mas não na mesma proporção que amava.
Não deu certo.
Amor pra dar certo tem que ser em doses
iguais.
Maria vivia embriagada de amor. Mas seu amado não, seu amado
era do tipo que só se embriagava uma ou duas vezes por semana.
Maria diminuiu a dose certo dia, diminuiu um pouco mais
outro dia, e quando viu estava sóbria, e pode ver o erro de ter se embriagado
sozinha. Amado sozinha.
Maria procura alguém pra dividir suas doses, se embriagar
junto a ela.
Maria procura um amor pra embriagar-se, e que dessa vez,
seja uma embriaguez mútua.
Porque o erro não é a embriaguez, é embriagar-se só.
(Maria Júlia Giovanini)
* * *
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