19 maio 2013



É curioso como não sei dizer quem sou.
Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer.
Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o
que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo...
Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você
me vê passar.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem não sou.
Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente.
Não sei  amar pela metade.
Não sei  viver de mentira.
Não sei  voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.

(Clarice Lispector)


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