O mundo sempre parece ameaçador e perigoso para os covardes.
Estes procuram a segurança mentirosa de uma vida sem grandes
desafios.
Os covardes são vítimas do próprio egoísmo e terminam por
construir as grades da própria prisão.
Mas os homens e mulheres valentes projetam o seu pensamento
muito além das paredes do quarto.
Sabem que, se não fizerem nada pelo mundo, ninguém mais o
fará.
Então tomam parte do Bom Combate da vida, mesmo sem entender
bem porquê.
No começo, um sentimento de que alguma coisa não vai bem. A
vida pode estar até muito boa, mas parece sem sentido.
Nesses momentos angustiantes, sentimo-nos num beco sem saída.
Clamamos por algum alívio e paz, não mais com base no que nos oferece o mundo
material, mas a partir de algo mais profundo.
Assim, inicia-se uma jornada que pode levar anos até a
chegada a um porto seguro.
Essa viagem interna tem alguns estágios.
Vamos saber quais,
os cuidados e as grandes alegrias que podemos encontrar nesse caminho.
1. Dúvida e Inquietação
Pode surgir ainda na juventude, quando um leque de caminhos
se apresenta à nossa frente. Ou mais tarde, quando surgem as perguntas
existenciais: qual o sentido da vida? Quem sou eu? Para onde devo ir?
As crises também podem puxar-nos para esta reflexão, que nos
impulsiona a compreender a nossa necessidade de partir para trilhos
espirituais, para uma via capaz de atender às necessidades do espírito.
Outro momento de inquietação ocorre na meia-idade, quando em
muitos de nós se pode iniciar a busca de um sentido mais profundo para a vida. Até
os 35, 40 anos, a existência é totalmente voltada para fora: trabalhar,
procriar, produzir.
Na segunda metade da vida, começa a jornada para o mundo
interno e para a busca de uma espiritualidade mais intensa. É outra fase de
grande inquietação, que vai apressar e favorecer a fase seguinte.
2. O chamado
De repente, no meio de essa inquietação e confusão interna,
recebemos um chamado: algum ensinamento espiritual nos toca particularmente.
Algum ensinamento nos desperta curiosidade e interesse. Nesse momento, é-nos
dada a resposta para aquela pergunta que persistia em nós.
Podemos continuar a vida inteira em contato com o primeiro caminho
por onde começamos, mas o mais provável é que este deixe de ser satisfatório.
Um praticante deve olhar para uma via espiritual apenas como um percurso para
chegar a um destino.
3. O Início
Antes de se entregar totalmente a uma linha espiritual, é necessário
um tempo para averiguar a escolha. É necessário nos permitirmos de
experimentar!
A busca pode vir acompanhada de ansiedade e/ou de devoção
cega, pois algumas pessoas entregam-se
com facilidade, de forma muito emocional, sem avaliarem de maneira objetiva os
benefícios que podem experimentar e os riscos que podem correr.
Para avaliar melhor a escolha, leia à cerca do assunto,
experimente mini-workshops, conheça os seus mestres e siga a sua intuição. Ela
avisa-nos quando algo está errado!
4. Sacrifício
Chega um momento em que todos temos de escolher: um caminho
reto e sem buracos, ou um caminho longo e difícil. Uma vez um amigo disse-me
que este último é o caminho do profeta, do discípulo.
E perguntou-me: “tens a certeza que queres ser profeta?
Porque para o seres, vais encontrar dor, solidão e sacrifício. Mas no final, o
benefício fará com que esqueças toda a pesar.”
Sacrifício segundo o dicionário é renúncia ou privação
voluntária, em favor de algo ou alguém.
O conceito de sacrifício envolve várias possibilidades,
algumas delas positivas, talvez, quando o sacrifício não é um fim em si mesmo.
Quando enveredamos na nossa busca espiritual, é como se já
não houvesse volta atrás: tomamos consciência de que a vida sem o percurso que
iniciamos já não faz sentido e a nossa aprendizagem começa a ser parte
integrante de nós, da nossa vida, começa a ser uma das coisas que lhe dá
sentido.
Tudo se abre diante dos nossos olhos, tudo se ilumina.
Muitas vezes, antes de compreendermos a mensagem, de
apreendermos uma lição, tudo fica sem sentido, tudo é difícil.
Muitas vezes, até o corpo fica doente. Mas no fim, os frutos
colhidos conseguem fazer-nos esquecer qualquer mal-estar, qualquer sacrifício.
5. A entrega
Um praticante deve olhar para uma via espiritual apenas como
um percurso para chegar a um destino.
Por isso, é preciso que ele saiba, antes de mais, do que está
à procura. Este é o primeiro passo depois do: “E agora?”.
Quando sentimos que temos de fazer algo, que chegou a hora de
saber mais, de encontrar o Divino, de despertar e o assumimos internamente, é
quando assumimos e iniciamos a nossa jornada espiritual.
Este é o primeiro passo, embora muitos não o saibam.
6. Acreditar
Este é o princípio mais simples, mas também um dos mais
difíceis.
São muitas as dúvidas que temos à cerca de nós mesmos como
pessoas, e sobretudo de nós como seres espirituais capazes de seguir, fazer,
conseguir.
Contudo, todos nascemos capazes de desenvolver e seguir a
nossa espiritualidade, de usar a nossa intuição, de criar e concretizar
pequenos milagres ou magias.
Dito assim parece simples e insignificante e vocês, leitores,
perguntar-se-ão "como"?
Contudo, o ser humano sempre teve dificuldade em compreender
as regras mais simples.
Esta é uma delas!
Todos somos capazes, todos temos o que é
necessário, basta confiar e seguir.
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