Naquele dia Antônio, um homem comum de 30 e poucos anos,
saiu de casa muito cedo, pois tinha um compromisso de trabalho importante.
Como de costume, deu um beijo em sua esposa, despedindo-se
rapidamente de Helena e foi embora, sem sequer imaginar que não a veria mais.
Antônio tinha convicção de que sua história com Helena se
tratava de um caso raro de amor a primeira vista.
Ele costumava comentar com seus amigos da rapidez com que o
relacionamento evoluiu. Entre namoro, noivado e casamento foram só dois anos.
Estar com ela era muito familiar. Parecia que o casal já se conhecia desde
sempre.
Ateu por convicção, Antônio só passou a cogitar a
possibilidade de que a reencarnação pudesse existir após conhecer sua esposa,
tamanha era a sintonia entre o casal.
Entre eles, tudo era meio mágico. Difícil
de explicar. Intimamente ele sabia que aquele olhar lhe era familiar desde há
muito!
Ocorre que por uma dessas peças pregadas pelo destino,
Antônio nem sequer desconfiou que aquele dia seria o último dia de vida de
Helena e a última oportunidade que este homem teria de beijá-la ternamente.
Se alguém o tivesse avisado, se ao menos ele tivesse
suspeitado, certamente teria desmarcado todos os seus compromissos só para
ficar com ela.
Antônio teria dedicado mais do seu tempo para lhe dar um longo
abraço e lhe dizer o quanto a amava.
Infelizmente a vida é assim. Ela nem sempre nos avisa quando
alguém que amamos está para nos deixar.
Temos um único e mágico momento de
sermos amorosos e na maioria das vezes não o aproveitamos.
Há quem diga que na atualidade Antônio esteja mais resignado
com a passagem de sua amada.
Não que ele não sinta sua falta, apenas uma enorme saudade.
Agora espiritualizado, este homem acredita que em breve a
verá novamente. Que eles enfim terão uma nova chance de serem felizes.
(Felipe Boni - jornalista, escritor, roteirista e autor de
peças teatrais)
Fonte: http://felipeboni.com/?p=100
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