18 setembro 2013

Agir ou não agir, eis a questão.


"E agora, o que devo fazer?" 

Praticamente todos nós já nos fizemos uma pergunta como essa, ao nos depararmos com uma situação difícil de superar.

A dúvida, o dilema e o medo de tomar a decisão errada, ou a aparente falta de opção, podem aparecer como principais entraves para qualquer iniciativa.

Quando a própria vida nos desafia, é muito comum ficarmos paralisados, perplexos, impotentes diante do que momentaneamente se impõe como obstáculo.

Como dividir com os amigos essa aflição, quando muitas vezes nossos entes queridos estão implicados na questão e tememos machucá-los ou decepcioná-los?

Como levar nossos problemas aos outros, se não queremos expor nossas vidas e nossas fraquezas?

Além disso, mesmo que as outras pessoas apontem soluções, não conseguimos enxergar em nenhuma delas a verdadeira saída.

Pensamos que "falar é fácil, fazer é que é difícil". Nosso desespero se agrava mais ainda quando, além de termos de tomar uma decisão, ainda nos preocupamos com as consequências de nossos atos - com os efeitos deletérios de uma escolha ruim ou de uma ação incorreta.

Sentimo-nos sozinhos e impotentes para agir e para reagir contra as vicissitudes que desafiam a vida.

Quem, então, pode nos socorrer? 

Os amigos, os parentes, o padre, o pastor, os guias espirituais, os orixás, os santos, o anjo da guarda, Deus...? 

Como fugir das próprias prisões psicológicas? Como sair da sinuca do jogo existencial?

Todas essas questões vêm à mente quando somos confrontados por grandes problemas de saúde, dificuldades financeiras, relacionamentos amorosos complicados, dramas familiares e profissionais conturbados.

Só então somos naturalmente obrigados a pensar em nossa vida - forçados, na verdade, a repensá-la.

Viver é ter de tomar decisões e agir sempre.

Decidir nada fazer já é uma ação que terá implicações, inevitavelmente.

Por isso, quando diante da nossa vida abrem-se novas possibilidades, quando as portas se fecham para nossos objetivos e quando a vida parece dizer "não" aos nossos sonhos, é preciso que não estejamos acelerados demais; é preciso pisar no freio e reduzir a marcha.

Eis aí uma estratégia que poderá promover a grande mudança de que precisamos, que nos colocará de volta à estrada e desencadeará nosso turning point.

Tal estratégia exigirá de nós desaceleração, introspecção e tempo para pensar e decidir. Porém, nem sempre sabemos como fazer isso ou pior, nem sempre há tempo para isso.


Parar para pensar

Vivemos em época de grande correria e estresse.

Há muito já não somos mais visitados por grandes mestres, em carne e osso ou em aparições, mesmo quando oramos ou meditamos.

Entretanto, ainda podemos recorrer aos ensinamentos legados por aqueles que já deixaram um rastro de sabedoria e de bênçãos visível do Oriente ao Ocidente.

A coragem que nos fará reagir contra os obstáculos, ou a sabedoria que nos ensinará a esperar pacientemente uma resposta ou solução do problema, poderá encontrar ali sua fonte de inspiração.

Grandes mestres como Krishna, Buda e Jesus são, sem dúvida, os mais procurados nas horas difíceis, mas não estão sozinhos no rol dos conselheiros dos homens em seus momentos de aflição.

O sábio chinês Lao Tsé, que viveu entre os séculos 7 e 6 a.C, deixou seus ensinamentos registrados em 81 aforismos, no livro intitulado Tao Te King (O Caminho do Sábio), no qual podemos encontrar: "Quem de boa vontade carrega o difícil supera também o menos difícil. Quem sempre conserva a quietude é senhor também da inquietude. Por isso o sábio carrega de boa mente o fardo da sua jornada."

O taoísmo, a doutrina baseada nos ensinamentos de Lao Tsé, assim como todo o sistema filosófico oriental, fundamenta-se não no raciocínio lógico da filosofia ocidental e sim em intuições ou percepções sutis que desafiam nossa racionalidade.

O wu-wei ("ação na inação", prática encontrada no zen-budismo) é um de seus princípios: "Agi pelo não agir! Sede ativos na inatividade! (...) Achai gosto no desgosto! O sábio prevê as dificuldades, por isso as supera", diz o aforismo 63 do Tao Te King.

Isso significa enfrentar o obstáculo na quietude estratégica de simplesmente "esperar passar".


(Por Jaya Hari Das)





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