"Escapei! Graças
a Deus escapei!"
Foi o que passou pela
minha cabeça quando cheguei à margem.
Cansado, meio zonzo
ainda devido à queda e ao choque da pancada que o carro sofreu, fui
me agarrando à pedras e arbustos para subir o barranco do rio e
voltar à rodovia para pedir ajuda.
Quando finalmente
cheguei lá em cima respirei fundo, buscando acalmar o vai-vém do
peito para conseguir falar.
Voltei-me e vi o carro,
que estava com metade da carroceria submersa no rio e que agora me
parecia longe, lá embaixo.
Foi só um susto,
pensei. Quem poderia imaginar que o estouro de um pneu me faria voar
da ponte daquele jeito?
Novamente olhei para
baixo e vi que muitas pessoas desciam o barranco, aproximando-se do
carro. Na ponte, vários automóveis haviam parado para ver o que
acontecia.
- Estou aqui! - gritei
- Não há mais ninguém no carro!
Ignorando-me, os homens
abriram a porta do carro e puxaram para fora outra pessoa. mas como,
se eu estava sozinho? Quem era aquele cara?
- Morreu! - gritaram lá
de baixo - Bateu a cabeça a cabeça e afogou-se.
Gelei. Aquele cara que
retiraram do carro era eu.
Mas como, se estava são
e salvo?
- Não estou morto,
estou aqui! - berrava sem parar, quase em desespero. Sou jovem, não
posso estar morto!
Mas, lá no fundo, eu
senti que algo havia mudado. Sentia-me leve, estômago embrulhado.
Podia ver e ouvir de forma estranhamente penetrante, como a ler os
pensamentos ou mesmo antecipar as palavras daquelas pessoas.
Levaram meu corpo dali.
Provavelmente iam enterrá-lo e não quis ir junto.
Senti medo. Estava
confuso e não conseguia conter as lágrimas.
Pensava em minha mãe,
meu pai, meus irmãos. Como dizer a eles que não foi minha culpa,
que desta vez não estava correndo e que não havia abusado do
álcool?
Por que nunca me
disseram que morrer era assim? Quem poderia me ajudar?
Lembrei dos
ensinamentos cristãos que recebera e finalmente pensei em Deus,
pedindo auxílio.
- Reinaldo! - escutei
uma voz de mulher me chamando.
Virei-me e vi,
aproximando-se surgida não sei de onde, uma grande amiga falecida
alguns anos.
Levantei-me e fiquei
"duro", aguardando que se aproximasse, enquanto pensava:
"ai meus Deus, morri mesmo!"
Márcia parou em minha
frente e pude ver que estava ainda mais bela. Fitou-me com ternura e
abraçou-me.
Senti uma imensa Paz e
acabei adormecendo. Acordei numa enfermaria, onde fui tratado com
muito carinho.
Recuperei-me do susto e
compreendi o porque do regresso tão cedo.
Com a Graça de Deus,
pude comunicar-me com meus familiares e tenho deles o apoio
espiritual que necessito.
Trabalho hoje ao lado
de Márcia, compondo uma equipe de socorro aos que desencarnam jovens
como eu, na região oeste do Estado de São Paulo.
Trago esta mensagem aos
jovens, para que todos saibam que a vida continua, embora mudanças
nos sejam impostas em nome do nosso próprio crescimento e graças à
vontade de Deus.
Boa noite a todos.
Reinaldo L. A.
(Psicografado por:
Cleber P. Campos)
* * *
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