Abençoadas sejam as surpresas risonhas do caminho.
As belezas que se
mostram sem fazer suspense.
As afeições
compartilhadas sem esforço.
As vezes em que a vida
nos tira pra dançar sem nos dar tempo de recusar o convite.
As maravilhas todas da
natureza, sempre surpreendentes, à espera da nossa entrega
apreciativa.
A compreensão que
floresce, clara e mansa, quando os olhos que veem são da bondade.
Abençoados sejam os
presentes fáceis de serem abertos.
Os encantos que
desnudam o erotismo da alma.
Os momentos felizes que
passam longe das catracas da expectativa.
Os improvisos bons que
desmancham o penteado arrumadinho dos roteiros da gente.
Os diálogos que
acontecem no idioma pátrio do coração.
Abençoada seja a
leveza, meu Deus.
Abençoadas sejam as
dádivas generosas que vêm nos lembrar que viver pode ser mais
fácil.
Que amar e ser amado
pode ser mais fluido.
Que dá pra girar o
dial.
Que dá pra sair da
frequência da escassez e sintonizar a estação da disponibilidade,
onde alegrias já cantam, mas a gente não ouve.
Abençoadas sejam as
dádivas que vêm nos lembrar, com alívio, que há lugares de
descanso para os nossos cansaços.
Que há lugares de
afrouxamento para os nossos apertos.
Que dá pra mudar o
foco.
Que não é tão
complicado assim saborear a graça possível que mora em cada
instante.
Abençoadas sejam as
dádivas generosas que nos surpreendem. Elas não sabem o quanto às
vezes, tantas vezes, nos salvam de nós mesmos.
(Ana Jácomo)
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