Meu Deus e meu Senhor.
Eu gostaria tanto de poder colaborar contigo. Eu gostaria de ser um
jardim de flores, de todas as cores, para embelezar a terra.
Mas, na pobreza que
minha alma encerra, se não puder ser um jardim, deixa-me ser uma
rosa solitária, em uma fenda da rocha, colocando beleza no painel
nobre da natureza.
Eu gostaria de ser um
canteiro perfumado, aonde as abelhas viessem colher o néctar, para
produzir o mel que alimentaria bocas infantis.
Eu gostaria de ser um
trigal maduro, para colocar pão na mesa da humanidade. Mas, é
demais para mim.
Como não poderei ser
uma seara, ajuda-me a ser o grão, que caindo no chão, se
multiplique num milhão. E me transforme em pão para os meus irmãos.
Eu gostaria de ser um
pomar de frutos maduros para acabar com a fome. Mas na pobreza que me
consome, te venho pedir para ser uma árvore desgalhada, projetando
sombra na estrada. Talvez alguém, em passando de mansinho, por esse
caminho possa me dizer “olá”. E respondendo, eu estenda a mão e
me ofereça: ”sou teu irmão, sou teu amigo.”
Eu gostaria de ser como
uma chuva generosa, que caísse na terra porosa e reverdecesse o
chão. Mas, como não conseguirei, então, te pedirei para ser um
copo de água fria que mate a sede de quem anda na desesperação.
Eu gostaria de ser um
riacho que descesse a encosta da montanha cantando, por entre as
pedras, ofertando linfa refrescante às árvores que protegem o solo.
Meu Deus! Eu gostaria
de ser como a Via-Láctea de estrelas para que as noites da Terra
fossem mais belas e a dor debandasse, na busca de um novo dia.
Mas, na minha pequenez,
sem conseguir, te quero pedir para ser um pirilampo na noite escura,
iluminando a amargura de quem anda na solidão.
Eu gostaria de ser um
poeta, um artista, um trovador. Quem sabe um cantor, um esteta,
orador para falar da magia e da beleza da tua glória.
Mas, como eu quase nada
sou, como me falta o verbo, a mestria, então, eu te peço, Senhor,
para ser o companheiro da criatura deserdada.
Deixa-me caminhar pela
estrada e estender a mão a quem anda solitário e triste.
Deixa-me
ser-lhe a mão de sustento e lhe dizer: “Sou teu irmão, estou
contigo. Vem comigo.”
(extraído do livro
"Vida Feliz", do Espírito Joanna de Ângelis, psicografado
por Divaldo Franco)
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