Senhor, onde estavas?
Confiei na tua promessa
de socorrer-me, porque disseste que nunca me deixarias a sós,
todavia...
Provei a solidão na
longa marcha;
tombei inúmeras vezes,
sob a exaustão que me dominava;
chorei insuportável
pranto, sempre que o desespero se alojou em mim;
perdi o rumo na grande
noite sem qualquer estreia de esperança;
desisti de prosseguir
com freqüência, embora indo adiante;
experimentei receios
superlativos que me enlouqueceram em diversas ocasiões;
a carência de amor
fez-me dolorido e triste;
a perseguição ingrata
dos que se voltaram contra mim, estiolou-me os sentimentos,
assinalando-me com a amargura...
Chego, por fim, cansado
e sofrido...
Pergunto-te:
- Por que me
abandonaste. Senhor?
- Jamais te deixei,
filho querido.
Eu sou a força que
te conduziu até aqui, auxiliando-te a vencer as dificuldades que te
fortaleceram o ânimo e vivificaram-te o ser em todo o áspero
trajeto.
Não lutei as tuas
batalhas, que eram tuas, porém, sustentei-te quando desfaleceste;
apontando-te rumos, quando nas sombras da noite; falando-te sem
palavras na solidão; impulsionando-te, quando na queda, a
levantar-te e a continuar...
Meu filho, chegaste
até mim, porque eu estou em ti através dessa força que te impele
na direção do Pai.
Não me vês, mas
sentes-me;
não me ouves, no
entanto, percebes-me;
não dialogas
comigo, não obstante, sou quem te guiou até aqui -- estrela polar
no céu das almas, que indica sempre o norte ditoso da perene
felicidade.
( Espírito EROS -
médium Divaldo Franco, in "No longe do jardim")
* * *
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