Depois de tudo te
amarei
como se fosse sempre
antes
como se de tanto
esperar
sem que te visse nem
chegasses
estivesses eternamente
respirando perto de
mim.
Perto de mim com teus
hábitos,
teu colorido e tua
guitarra
como estão juntos os
países
nas lições escolares
e duas comarcas se
confundem
e há um rio perto de
um rio
e crescem juntos dois
vulcões.
Perto de ti é perto de
mim
e longe de tudo é tua
ausência
e é cor de argila a
lua
na noite do terremoto
quando no terror da
terra
juntam-se todas as
raízes
e ouve-se soar o
silêncio
com a música do
espanto.
O medo é também um
caminho.
E entre suas pedras
pavorosas
pode marchar com quatro
pés
e quatro lábios, a
ternura.
Porque sem sair do
presente
que é um anel delicado
tocamos a areia de
ontem
e no mar ensina o amor
um arrebatamento
repetido.
(Integrações - Pablo Neruda)
* * *
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