20 novembro 2014

O Pacto


Duas mãos, unidas sob divino álamo
Teceram um pacto:
Honrariam o ouro de seus corações em cada ato,
Decantando lírico balsamo,
Tesouro de sutis emoções.

Apartaram-se as duas palmas.
Mas para sempre uma promessa
Escrita em suas almas,
Fosse o quão fosse a sorte adversa.

Despediram-se os dois destinos.
Entre eles abismos, lonjura amarga.
As distâncias, feras perversas.
Não mais gêmeos traços íntimos,
Desenhando a mesma saga.
Entre suas façanhas, pontes falsas...

Fugiu da lembrança o velho pacto.
Tanto solo percorrido,
Tão aparte os dois idílios;
Cada coração, agora, um desconhecido.
Duas estradas e nenhum atalho.

Mas todo laço sob estrelas tecido,
Pela lira de sutil canção,
Não se dissolve.
Se é frágil a mera lembrança
Em fuga ao passar de hora,
Que no tempo voa e revolve.

É eterna a Memória
Não é fruto do tempo e tampouco o teme,
É Mestra da Vida.
Perene, constante aurora.
E em seu nobre enredo uma herança:

O reencontro em hora mágica.
Quando, em qualquer caminho,
Sagas apartes se vêem sob a mesma lógica
E apartes sonhos se vêem sobre o mesmo ninho.

Agora, longe, em noite profunda,
As duas mãos se procuram.
No peito um fulgor,
Pois a lembrança se inunda
Com o que se figuram
Alquimias de um velho atanor.

As duas mãos, de linhas tão simples
Em ocaso, sob estrelas mil;
Tateando estradas tão ímpares,
Forjam um abraço
Nas fibras do manto anil.

Agora, com a lonjura desfeita
Nas palmas calejadas, a vitória e louros.
O velho pacto sorriu.
Ainda guardavam suas almas os intactos tesouros.
Pois não há distância aceita
Por um juramento que jamais se partiu.


(Mariana Lopes - Nova Acrópole Goiânia - Setor Universitário)








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