"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

30 outubro 2011

Dica de livro: "O Andarilho das Estrelas" - Jack London


Inspirado pelo relato verídico de um ex-detento da penitenciária de San Quentin, nos Estados Unidos, Jack London escreveu este livro que é um dos seus mais intrigantes e envolventes romances.

No começo do século XX, saíram contrabandeados da penitenciária de San Quentin, nos Estados Unidos, manuscritos de um ex-detento que permaneceu na solitária por oito anos até ser enforcado.

Este seria um fato comum, não fosse o incrível conteúdo dos relatos, que foram produzidos de maneira inusitada - após o prisioneiro submeter-se à auto-hipnose e entrar em estado alterado de consciência, por meio do qual era capaz de vivenciar experiências de vidas passadas.

Darrell Standing, um professor de Agronomia que matou um colega de faculdade, aprendeu essa técnica dentro da prisão, em princípio para escapar das terríveis dores que lhe causavam a tortura da camisa-de-força, onde ele era obrigado a ficar até cem horas ininterruptas.

Depois, para recuperar mais detalhes das longínquas existências que lhe eram proporcionadas a cada novo "desdobramento astral".

Em suas memórias, ele deixou registrado um relato que nos chama atenção porque as provas dessa sua existência encontram-se expostas hoje no Museu da Filadélfia.

Embora fosse um cético, Jack London, mestre norte-americano da ficção, absorveu a rica experiência de Darrell Standing e se propôs a narrar um dos mais instigantes e envolventes romances de todos os tempos, O Andarilho das Estrelas, que retoma a visão de mundo de grandes sábios e filósofos que a humanidade produziu.


* * *


(Abaixo um trecho do livro)


"Já é hora de eu me apresentar. Não sou um louco nem um lunático. Quero que você saiba disso para que acredite nas coisas que vou contar.

Meu nome é Darrel Standing. Algum leitor talvez me identifique de imediato. Mas para a maioria que me desconhece, deixe me contar um pouco sobre mim mesmo.

Há oito anos eu era professor de agronomia na Escola de Agricultura da Universidade da Califórnia. Há oito anos a pacata cidadezinha universitária de Berkeley foi abalada pelo assassinato do Professor Haskell num dos laboratórios da Mineração. Darrel Standing foi o assassino.

Eu sou Darrel Standing. Fui apanhado em flagrante. Não vou discutir aqui os detalhes desse caso com o Professor Haskell. Não passou, em absoluto, de um assunto particular.

O fato é que, numa onda de raiva, obcecado pela fatídica fúria sangüinária que me amaldiçoa ao longo dos tempos, matei meu colega. Os registros do tribunal mostram que eu o matei; e eu concordo com os registros do tribunal.

Não, não serei enforcado por este assassinato; recebi como punição a sentença de prisão perpétua. Eu tinha trinta e seis anos na época, tenho, agora, quarenta e quatro.

Passei esses oito anos na Prisão Estadual da Califórnia, San Quentin. Cinco desses anos, eu os passei na escuridão, confinamento solitário, é como eles chamam. Os homens que o sofreram chamam-no de morte em vida.

Mas, nesses cinco anos de morte em vida, eu consegui alcançar uma liberdade que poucos homens já conheceram. Mesmo sendo o mais confinado dos prisioneiros, eu não apenas percorri o mundo, eu também percorri o tempo.

Os homens que me emparedaram por tantos anos me deram, contra sua vontade, a largueza dos séculos." 








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