15 abril 2012

Perda de Amores


"Perdi meu filho!", "Perdi minha filha!"

Estas são expressões lacrimosas de pais vestidos de dor, pela morte dos seus filhos.

A lógica humana pondera que os pais devam morrer antes dos filhos. 

Seria a ordem natural das coisas - comenta-se.

No entanto, a vida tem suas próprias diretrizes e não segue a lógica que se lhe tenta determinar.

Cada ser tem seu tempo certo de vida. Seu momento de partir.

Cada criatura traz, ao nascer, a programação que estabelece o quantum de anos deva transitar sobre a Terra.

Por isso, inúmeras vezes, partem antes os filhos do que seus pais.

Isso sem se falar das mortes que ocorrem por conta e risco da imprudência, dos desatinos, das inconsequências mundanas. De toda forma, o processo de separação pela morte é extremamente doloroso, na Terra.

Acostumados à vestimenta carnal, grosseira, impedidos de ver o mundo invisível, que nos cerca, choramos a ausência dos que nos disseram o grande adeus, na aduana da morte.

Chorando e lamentando, falamos de perda. Mas, como escreveu José Saramago: Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.

Eis o ponto. Ninguém perde ninguém. Os filhos nos são confiados à guarda pela Divindade. Os pais nos são oferecidos como portos de segurança.

Cada pessoa que nos conquista a afeição pode permanecer conosco um tempo mas, bem poderá ser convidada ao retorno, antes de nós.

Compete-nos, portanto, estarmos preparados a fim de que não detenhamos as lutas porque alguém se foi. 

Não nos vistamos de crepe porque a morte arrebatou o ser amado do nosso lado.

Sobretudo não utilizemos palavras como perda, pois que o que se verifica é a ausência da presença física.

Os que partem prosseguem nutrindo por nós os mesmos sentimentos.

Se nos amam, envolvem-nos com seus abraços espirituais de forma constante. De onde se encontrem, trabalhando no bem, crescendo no progresso, nos enviam suas mensagens de luz.

Aguardam-nos, a cada noite, o desprendimento do corpo para dialogarem conosco mais intensamente. E nos abençoam as lembranças, fazendo-nos tudo recordar como um delicado sonho, ao despertar.

Alegram-se com nossas conquistas. Fazem-se presentes em nossas festividades e nos enxugam as lágrimas, nos dias de desolação.

Alimentam a nossa saudade com suas sutis presenças e, vez ou outra, espalham o perfume do seu amor, causando-nos doces emoções.

Incentivam-nos nas lutas de cada dia e aguardam, paciente e amorosamente, que os anos transcorram a fim de que se processe o reencontro.

Eles nos disseram "Até logo mais", não "Adeus".

Afetos ausentes. Não perdidos, nem desaparecidos.

Pensemos nisso e reformulemos nossos pensamentos e palavras.


(Redação do Momento Espírita)




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