Nenhum espírito da comunidade terrestre possui
tanta luz que não admita em si certa nesga de sombra,
nem existe criatura com tanta sombra
que não guarde consigo certa faixa de luz.
Aprende a fixar o próximo com a claridade que há em ti.
Não creias, porém, que semelhante trabalho
se filie ao menor esforço porque, pelo peso das trevas
que ainda imperam no mundo, a sombra
que ainda nos envolve, na Terra, a cada instante,
insinuar-se-nos-á no próprio entendimento,
perturbando-nos as interpretações.
Se te demoras na obscuridade, não enxergarás
senão os defeitos e as cicatrizes, as feridas e as nódoas
que caracterizam a fisionomia do irmão infortunado,
constrangendo-te ao medo e à usura,
à incompreensão e à aspereza.
E sabemos que quantos se detêm no cipoal ou
no charco não encontram outros elementos,
além da lama ou do espinho, para oferecer.
Alça a lâmpada acesa do conhecimento superior
e avança para a frente e, então, a ignorância
e a delinqüência surgir-nos-ão aos olhos
por enfermidades da alma, que é preciso extirpar,
a benefício da felicidade comum.
"Não saiba a vossa mão esquerda o que deu a direita”
– ensina-nos o Evangelho – e ousamos acrescentar:
”não saiba a nossa sombra o que fez a nossa luz”,
porque, dessa forma, avançando, acima das
tentações da vaidade e do desânimo,
a chispa humilde de nossa fé no Bem Infinito
poderá transformar-se em chama viva e redentora
para o caminho de todos os que nos cercam.
(Emmanuel)
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