Para haver paz não
basta aumentar o policiamento das ruas, melhorar a segurança dos
prédios e casas, ou leis mais severas.
Paz não se cria por
Decreto, ou Lei, nem com construção de mais presídios.
Paz é construção
coletiva de um povo. Envolve uma prática constante de atitudes
éticas e amorosas.
Seja em que domínio de
ação for: em casa, no trabalho, na rua, nas escolas, nas
estradas...
Observo, com tristeza,
que, por vezes, aquele que reclama da insegurança na cidade costuma
ser partícipe, de alguma forma, daquilo que gera a violência.
Explico melhor... por
exemplo, o empresário que remunera inadequadamente seu funcionário,
quando poderia diminuir um pouco seus rendimentos e lucros em favor
daqueles que fazem sua empresa produzir, está criando dificuldades
na vida de seu funcionário, que tem suas oportunidades de
desenvolvimento, via de regra, diminuídas, bem como de todos os que
dependem dele para viver.
E como
"desenvolvimento" pense, por exemplo, em estudos, não só
profissionalizantes, mas também estudos que promovam expansão de
consciência. Pense também em lazer e cultura, que advém da compra
de livros, de idas ao teatro e cinema, a shows, possibilidades de
viagens... Ou até mesmo no desenvolvimento de hobbies como os
ligados a todos os tipos de artes e esportes.
Quando a alma se
alimenta, aquietam-se os instintos mais selvagens.
E a alma se alimenta do
belo, das sutilezas, da bondade, daquilo que toca a sensibilidade, do
amor.
Vejo pessoas que
reclamam da falta de cordialidade no trânsito e são os primeiros a
não serem gentis quando dirigem seus carros.
Reclama-se da violência
das ruas e estes mesmos, tantas vezes, educam suas crianças com
tapas, gritos, humilhações, desprezo, indiferença. Tratam aqueles
que lhe são subordinados com desprezo e impaciência também.
Por outro lado, vejo
trabalhadores, que mentem, que não se comprometem, que detestam o
que fazem, que não sentem nenhum tipo de vínculo bom e positivo com
seus colegas de trabalho ou com seus empregadores.
Infelizmente, criamos
uma sociedade imatura emocionalmente, individualista, que não quer
assumir responsabilidades, que empurra para baixo do tapete os
desafios sociais que precisam ser enfrentados de frente.
Sociedade que cria
indivíduos excluídos de todos os tipos e os empurra para longe. Que
quer a paz vinda dos cassetetes e dos cárceres, mas não constrói a
paz verdadeira, e possível, que só nasce na convivência generosa,
amável, gentil.
Quando se abrem portas,
criam-se laços de confiança e amorosidade.
Criminosos e psicopatas
precisam ser tratados longe da sociedade, sim, com certeza. E quanto
aos indiferentes, aos gananciosos, aos narcisistas e aos insensíveis
que ajudam a criar esse tipo de doença social? O que fazer?
Precisamos de uma nova
pedagogia para a convivência, para o viver pacífico.
"Seja a paz que
deseja ver no mundo", disse Gandhi!
Mas vá além da paz do
silêncio meditativo, pratique a paz na rotina de seu dia a dia,
sendo o elo forte desse cordão de vida que a todos nós conecta.
(Thais Accioly)
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