14 março 2013

Se fosse



Perante alguém a condenar alguém,

Destacando algum mal que aconteceu,

Se te inclinas ao fogo da censura,

Dize contigo assim: “Se fosse eu...”


Passa a criança entregue à noite e ao vento,

Amargura, nudez, olhar sem brilho...

Se vais recriminá-la, indaga simplesmente:

“E se fosse meu filho?...”


Desditoso detento em não longe...

Vozes clamam: “Prendei!...Apedrejai!...”

Ao ver-lhe a humilhação, interroga a ti mesmo: “E se fosse meu pai?...”


Diante do acusado escarnecido,

Atento ao cerco de infeliz reclamo,

Fita-lhe a dor e pensa: “E se este pobre

Estivesse entre aqueles que mais amo...?


Quanta lágrima nunca surgiria,

Quanta força da treva, agindo em vão,

Se em cada coração, à luz da vida,

Houvesse mais amor e compaixão!...


Nosso irmão delinquente!... Junto dele,

Reflete antes de erguer a própria voz:

“Como seria tudo diferente,

Se ele fosse um de nós!...”


(Manoel Monteiro in “Senda para Deus”, de Francisco Cândido Xavier – Autores diversos)


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