A eternidade é lagoa
por onde o tempo navega...
O tempo, que abençoa
gerações e gerações.
Silêncio de voz afiada
rimando passos marcados
pelos rumos dessa estrada
que a eternidade criou.
Eternidade é bagagem
nesta viagem tempo adentro...
Neste somar de momentos
que flutuam no inconsciente,
mas insistem em negar
suas histórias e imagens
a quem quiser encontrar.
Alma antiga, sangue moço,
com inocência no rosto
e universos no olhar,
trazendo o sol e o luar
a quem souber entender.
O pampa é um manto de estrelas
para teus olhos serenos
na face, que se remoça
em cada novo nascer.
Profundezas de infinitos
em teus olhos estampados...
De um tempo em que a humanidade
era um esboço de tudo
o que a fé e o conteúdo
criaram neste lugar.
Teus olhos que viram guerras...
O sangue banhando a terra,
cenas de medo e terror;
Mas teus olhos são de entrega,
olhar de luz, que carrega
noites de sonho e de amor.
Alma antiga, que desdobra
o tempo e seus pedestais...
O vento venta lamentos,
uivando timbres sedentos
de mansidão e de paz.
Alma antiga, teus silêncios são meus rumos,
meu sinuelo, que define o caminhar...
Rosto moço, pele suave, lábios doces,
olhos fundos, com paixões de céu e mar.
As rodas rodaram tanto
as mãos cerziram, talvez...
Talvez a flor mais perfeita
de toda uma geração...
Ou talvez mãos de trabalho
de campo, de semeadura,
gerando as safras mais ricas
que o chão podia ofertar.
É lindo teu navegar
pelas correntes da história...
Alma antiga, alma pura,
plena de sonho e de luz.
Um beijo no teu sorriso
que se espalhou pelos campos
e fez do mundo teu céu...
Inocência de criança
com olhar de eternidade...
Na verdade, então, quem és?
A verdade poucos sabem...
Só descobre quem tem fé
que o tempo é aprendizado;
Que o presente é só um elo
entre as luzes do futuro
e as fogueiras do passado.
No teu olhar, naveguei
por tantas e tantas eras...
Não vi sombras ou taperas
nas paisagens que encontrei.
Tua luz eu já provei
quando inundaste meus olhos
pela primeira vez...
Espírito remoçado,
hoje Deus te põe à prova...
No teu ser de claridade
alma antiga, vida nova!!
(Carlos Omar Villela Gomes)
* * *
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