Em conversa reservada
conosco, em sua casa, Chico certa vez nos disse, enquanto íamos
anotando resumidamente a sua palavra:
- "Eu já
sofri, meu filho, o assédio de muitos espíritos que, de todas as
maneiras, tentaram comprometer a tarefa do livro por nosso
intermédio; os Bons Espíritos, Emmanuel, sempre estiveram comigo,
mas nunca me isentaram das lutas que são minhas...
Houve época em que
o assédio deles, dos espíritos infelizes, durava semanas e até
meses; eles queriam que eu abandonasse tudo...
Ora, deixar tudo
para fazer o que?
Colocavam idéias
estranhas na minha cabeça - deitava-me e levantava-me com elas, mas
eu não podia parar...
Perguntava a
Emmanuel, ao Dr. Bezerra, se alguma coisa poderia ser feita, porque
eu não estava agüentando; eram perturbações no espírito e sinais
de doença no corpo, doenças-fantasmas evidentemente, dores por
todos os lados, um pavor inexplicável da morte...
Eles me diziam que
eu tivesse paciência, porque, com o tempo, tudo haveria de passar.
Mas não passava...
Às vezes, para mim,
um dia aprecia uma eternidade.
Então, não me
restava alternativa, há anos continuava trabalhando sob aquela
pressão psicológica tremenda. Escutava espíritos perturbadores
gargalhando aos meus ouvidos, me ironizando - e eu já estava na
mediunidade havia um bom tempo!...
Na hora do serviço
da psicografia, eles desapareciam, mas depois, voltavam. Eu não
podia viver em transe: tinha que cuidar da vida.
Apanhei muito dos
espíritos inimigos da Doutrina, não a socos ou pontapés, mas a
alguma coisa equivalente... Não foi fácil.
Somente a custa de
muita oração e trabalho na caridade é que fui me desligando
naturalmente daqueles pensamentos.
Não pensem que tudo
para mim, na mediunidade, tenha sido um mar de rosas; por vezes, eu
me sentia sitiado - de um lado, a incompreensão dos encarnados e, de
outro, o assedio espiritual que, em verdade, em maior ou menos grau,
todo médium experimenta."
E prosseguiu:
- "Já
conversei com muitos companheiros de valor na mediunidade que estavam
estreitamente vampirizados pelos espíritos, que a eles pareciam
colados, como se estivessem sugando a sua energia mental... Não é
brincadeira.
Os espíritos, em
maioria, quando deixam o corpo, ficam por aqui mesmo. Poucos são os
que acham o caminho para as Dimensões Mais Altas...
O médium que não
persevera na tarefa e que, doente como estiver, não procura cumprir
com os deveres acaba anulado pelos seus desafetos invisíveis de
outras vidas...
Emmanuel me
perguntava: - "Chico, o que e que você tem?" Eu respondia
a ele: - "Estou triste, deprimido..." então, vamos
trabalhar - me respondia -, porque, se não trabalhar, eu não posso
ficar pajeando você..."
Foi assim que eu me
habituei a trabalhar quase sem nenhum descanso.
Como é que eu ia
parar?! Certa vez, os espíritos que me assediavam me levaram a ficar
de cama: comecei a tremer, ter febre alta, e não era doença
nenhuma.
Ainda bem que, de
modo geral, a Humanidade vive alheia a influencia mais incisiva dos
espíritos obsessores, oferecendo obstáculos à sintonia com eles,
pois, caso contrário, a casa mental dos homens seria invadida...
Por este motivo,
explica Emmanuel, os médiuns necessitam de vigilância dobrada.
Hoje, eu já me
sinto um tanto mais calejado - as cicatrizes são tantas que os
espíritos não encontram mais lugar para bater..." (Risos)
E remata, bem humorado:
- “Hoje, eu já
estou praticamente morto: eles não vão se preocupar com um...
cadáver, não é?".
(in
“Chico Xavier o Apóstolo da Fé”, de Carlos A. Baccelli)
* * *
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