"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

21 novembro 2013

Chico e os Espíritos Obsessores



Em conversa reservada conosco, em sua casa, Chico certa vez nos disse, enquanto íamos anotando resumidamente a sua palavra:

- "Eu já sofri, meu filho, o assédio de muitos espíritos que, de todas as maneiras, tentaram comprometer a tarefa do livro por nosso intermédio; os Bons Espíritos, Emmanuel, sempre estiveram comigo, mas nunca me isentaram das lutas que são minhas...

Houve época em que o assédio deles, dos espíritos infelizes, durava semanas e até meses; eles queriam que eu abandonasse tudo...

Ora, deixar tudo para fazer o que?

Colocavam idéias estranhas na minha cabeça - deitava-me e levantava-me com elas, mas eu não podia parar...

Perguntava a Emmanuel, ao Dr. Bezerra, se alguma coisa poderia ser feita, porque eu não estava agüentando; eram perturbações no espírito e sinais de doença no corpo, doenças-fantasmas evidentemente, dores por todos os lados, um pavor inexplicável da morte...

Eles me diziam que eu tivesse paciência, porque, com o tempo, tudo haveria de passar. Mas não passava...

Às vezes, para mim, um dia aprecia uma eternidade.

Então, não me restava alternativa, há anos continuava trabalhando sob aquela pressão psicológica tremenda. Escutava espíritos perturbadores gargalhando aos meus ouvidos, me ironizando - e eu já estava na mediunidade havia um bom tempo!...

Na hora do serviço da psicografia, eles desapareciam, mas depois, voltavam. Eu não podia viver em transe: tinha que cuidar da vida.

Apanhei muito dos espíritos inimigos da Doutrina, não a socos ou pontapés, mas a alguma coisa equivalente... Não foi fácil.

Somente a custa de muita oração e trabalho na caridade é que fui me desligando naturalmente daqueles pensamentos.

Não pensem que tudo para mim, na mediunidade, tenha sido um mar de rosas; por vezes, eu me sentia sitiado - de um lado, a incompreensão dos encarnados e, de outro, o assedio espiritual que, em verdade, em maior ou menos grau, todo médium experimenta."

E prosseguiu:

- "Já conversei com muitos companheiros de valor na mediunidade que estavam estreitamente vampirizados pelos espíritos, que a eles pareciam colados, como se estivessem sugando a sua energia mental... Não é brincadeira.

Os espíritos, em maioria, quando deixam o corpo, ficam por aqui mesmo. Poucos são os que acham o caminho para as Dimensões Mais Altas...

O médium que não persevera na tarefa e que, doente como estiver, não procura cumprir com os deveres acaba anulado pelos seus desafetos invisíveis de outras vidas...

Emmanuel me perguntava: - "Chico, o que e que você tem?" Eu respondia a ele: - "Estou triste, deprimido..." então, vamos trabalhar - me respondia -, porque, se não trabalhar, eu não posso ficar pajeando você..."

Foi assim que eu me habituei a trabalhar quase sem nenhum descanso.

Como é que eu ia parar?! Certa vez, os espíritos que me assediavam me levaram a ficar de cama: comecei a tremer, ter febre alta, e não era doença nenhuma.

Ainda bem que, de modo geral, a Humanidade vive alheia a influencia mais incisiva dos espíritos obsessores, oferecendo obstáculos à sintonia com eles, pois, caso contrário, a casa mental dos homens seria invadida...

Por este motivo, explica Emmanuel, os médiuns necessitam de vigilância dobrada.

Hoje, eu já me sinto um tanto mais calejado - as cicatrizes são tantas que os espíritos não encontram mais lugar para bater..." (Risos)

E remata, bem humorado:

- “Hoje, eu já estou praticamente morto: eles não vão se preocupar com um... cadáver, não é?".


(in “Chico Xavier o Apóstolo da Fé”, de Carlos A. Baccelli)





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