02 novembro 2013

O grande amor



O grande amor nada tem a ver com grandes momentos ou coisas extraordinárias vividas juntas. 

Nada tem a ver com loucas paixões que queimam e viram cinza algum tempo depois.


O "não sei viver sem você" não conhece nada do grande amor, porque as pessoas sempre sobrevivem às decepções amorosas e serão capazes de se entregar ainda e ainda ao fogo do amor, se ele chega.


Quem fica esperando o grande amor e acha que o encontrou cada vez que consegue dizer "te amo" a outra pessoa e que pensa que aquilo vai durar para o resto da vida, acaba se decepcionando.


Porque amores vêm e vão.


Amores chegam, enfeitam a vida por algum tempo, dão a idéia de infinito, de irreal, de coisa única e depois desaparecem lentamente, como miragem quando se chega muito perto. Percebemos assim que as juras de amor eterno não conhecem nada de eternidade.


O grande amor não é aquele por quem se quer morrer por ele.


Romeu e Julieta eram jovens demais e eternizaram a idéia de que para se ter um grande amor é necessário saber morrer por ele.


O grande amor, só se sabe que era ele depois. Depois de todos os amores que invadiram e fugiram, dos que enlouqueceram e dos que trouxeram a razão.


O grande amor, só se reconhece olhando pra trás, nunca pra frente.


É aquele quando, olhando-se pra trás e somando-se todos os amores vividos, sabe-se reconhecer qual deles era a verdadeira essência, o que não ficou destruído mesmo depois que todos os sonhos se foram.


O grande amor é aquele que fica quando, anos depois, mesmo conhecendo-se o outro de cor, sabendo adivinhar os pensamentos e mínimos gestos, mesmo não havendo mais mistérios, ainda se é capaz de olhar nos olhos do outro e dizer com serenidade: - Eu te amo.



(Letícia Thompson)





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