O grande amor nada tem
a ver com grandes momentos ou coisas extraordinárias vividas juntas.
Nada tem a ver com loucas paixões que queimam e viram cinza algum
tempo depois.
O "não sei viver
sem você" não conhece nada do grande amor, porque as pessoas
sempre sobrevivem às decepções amorosas e serão capazes de se
entregar ainda e ainda ao fogo do amor, se ele chega.
Quem fica esperando o
grande amor e acha que o encontrou cada vez que consegue dizer "te
amo" a outra pessoa e que pensa que aquilo vai durar para o
resto da vida, acaba se decepcionando.
Porque amores vêm e
vão.
Amores chegam, enfeitam
a vida por algum tempo, dão a idéia de infinito, de irreal, de
coisa única e depois desaparecem lentamente, como miragem quando se
chega muito perto. Percebemos assim que as juras de amor eterno não
conhecem nada de eternidade.
O grande amor não é
aquele por quem se quer morrer por ele.
Romeu e Julieta eram
jovens demais e eternizaram a idéia de que para se ter um grande
amor é necessário saber morrer por ele.
O grande amor, só se
sabe que era ele depois. Depois de todos os amores que invadiram e
fugiram, dos que enlouqueceram e dos que trouxeram a razão.
O grande amor, só se
reconhece olhando pra trás, nunca pra frente.
É aquele quando,
olhando-se pra trás e somando-se todos os amores vividos, sabe-se
reconhecer qual deles era a verdadeira essência, o que não ficou
destruído mesmo depois que todos os sonhos se foram.
O grande amor é aquele
que fica quando, anos depois, mesmo conhecendo-se o outro de cor,
sabendo adivinhar os pensamentos e mínimos gestos, mesmo não
havendo mais mistérios, ainda se é capaz de olhar nos olhos do
outro e dizer com serenidade: - Eu te amo.
(Letícia Thompson)
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