30 janeiro 2014

As dores de Jó



Não entendo porque temos de maneira geral uma natureza tão negativa, independentemente da nossa personalidade.

Se para alguns tudo é sempre bonito, tudo é bom e se o sol desaparece ele vai voltar o que quer que aconteça, para outros, os dias se seguem, uns depois dos outros, apenas com horas repetidas e cenas que se sucedem, numa monotonia muda e dolorida.

E para todo mundo, as infelicidades pesam cem vezes mais que os momentos de alegriam que arrebataram nosso coração.

A dor é pesada e a felicidade é leve.

As lágrimas de tristeza apagam mais rápido o que de bom aconteceu e raros são os que têm a força e coragem de dizer: "perdi, mas tive" "choro hoje mas ontem dei gargalhadas" ou "a vida vale a pena mesmo se sigo tropeçando."

Não creio! Não posso acreditar em 24 horas por dia e 365 dias por ano de dor infinita, sem que em algum momento uma alegria tenha tocado nosso coração, nem que seja de leve. 

Deve existir, como todo mundo de exceções, uma infelicidade assim grande e duradoura, mas prefiro acreditar que seja realmente uma exceção e não uma fatalidade.

Conheço alguém que colheu todas as mágoas e dores possíveis reunidas em um só ano, como não acreditamos que seja possível. 

Mas ainda assim não se pode dizer que a vida seja uma sucessão de coisas ruins sem dia, sem raio de sol, sem primavera e sem as estrelas que nos olham do alto.

Quem planta dores colhe dez vezes mais as mágoas espalhadas pela vida, que seja hoje, que seja amanhã. 

Isso é o reflexo natural das coisas que se faz aqui e ali. 

Mas duro mesmo é ver colher lágrimas, quem com lágrimas semeia o bem e o bom. 

Duro é ver a injustiça para os que partem cedo demais, sofrem cedo demais, que não escolheram, mas tiveram suas cabeças apontadas. 

Insuportável!...

Portanto, a vida não escolhe e nos curvamos. 

Nos apegamos desesperadamente a uma esperança futura que encontramos quando olhamos para a Cruz e compreendemos que Aquele que viveu a maior injustiça foi perseguido, cravado e coroado de espinhos.

Todos os dias do ano não são ruins ao todo. 

Jó teve, perdeu, chorou e foi recompensado pela paciência e perseverança.

Há um amanhã que nos aguarda e acolhe a todo aquele que não se desespera. 

Há e haverá um amanhã a todo aquele que crer. 

Este verá e viverá.



(Letícia Thompson)



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(A Fênix - símbolo da esperança e da continuidade da vida após a morte)


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